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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O presidente Quinta Série

A piada de Bolsonaro em conversa com investidores estrangeiros releva um governo que desconhece responsabilidades

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
26 jan 2021, 15h48

Hoje pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro e os ministros Paulo Guedes e Ernesto Araújo participavam de uma live do banco suíço Credit Suisse para investidores internacionais quando o ministro da Economia pela enésima vez passou a explicar que os brasileiros vivem no Paraíso e reclamam demais: “Nosso presidente do Banco Central foi o melhor presidente do Banco Central do mundo. Deram uma flauta para ele e ele tocou a flauta direitinho”, disse Guedes, se referindo a um prêmio concedido ao presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Ato contínuo, Bolsonaro levantou o dedo, riu para Araújo e gargalhou. Guedes entendeu na hora que o presidente fazia uma comparação entre flauta e pênis e tentou explicar: “Olha, flauta no sentido poético”. Os três riem como se fosse uma turma do fundão da quinta série. É improvável que o assistir a piada, alguém tenha se convencido a investir mais dinheiro no Brasil.

Não é a primeira nem a última vez que Bolsonaro mostra o seu humor tosco, mas a sessão de hoje com os investidores é um retrato como ele não leva a sério as suas funções. O humor do mercado com o Brasil piorou em janeiro. A live acontece logo depois da renúncia do presidente da Eletrobras, num movimento que convenceu que a privatização da estatal não ocorrerá neste governo. Nas últimas o mercado se agitou seguidas demonstrações de intervencionismo de Bolsonaro, da ameaça de demissão do presidente do Banco do Brasil, ao fim da taxa importação de pneus de caminhões e o reajuste do piso do frete dos caminhoneiros.

Além disso, os primeiros indicadores da economia de 2021 são ruins. Com o fim do Auxílio Emergencial, as vendas no varejo caíram e os bancos projetam um PIB negativo para o primeiro trimestre. O Banco Central projeta um aumento na taxa de juros, que deve coincidir com uma economia já em queda.

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O boicote de Bolsonaro à vacinação terá efeito direto na recuperação econômica e hoje o cenário mais provável é que até o final do ano menos de 80 milhões de brasileiros sejam imunizados. Isso significa que o grosso da população economicamente ativa seguirá sem vacinação até 2021, ampliando a possibilidade de novas interdições no funcionamento das empresas com a segunda onda da Covid19.

A gestão de Bolsonaro na saúde é a mais catastrófica do mundo. Um exemplo simples: cientistas japoneses descobriram que turistas que estiveram em Manaus retornaram ao Japão contaminados com uma nova variante da Covid19, batizada de P1. É normal que durante uma pandemia o vírus sofra mutações conforme é transmitido de pessoa para pessoa. O que chama a atenção no caso da cepa encontrada em Manaus é que as mudanças ocorreram nos genes que codificam a estrutura que fica na superfície do vírus. Há indicações de que essa mutação pode deixar o vírus mais infeccioso, o que explicaria o crescimento nos casos fatais em Manaus neste ano.

A descoberta da variante de Manaus espantou as autoridades. O governo do Reino Unido proibiu a entrada de brasileiros e o novo governo americano está pressionando os laboratórios para descobrir se o novo vírus pode ser controlado com as vacinas já existentes. Cientistas já haviam descoberto variantes do vírus no Reino Unido e na África do Sul, e concluíram que as vacinas disponíveis atuam nesses casos. Sobre a variante brasileira ainda não há respostas definitivas. O que fez a respeito o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello? Nada. O que faz Jair Bolsonaro? Deram uma flauta para ele e ele não sabe tocar.

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