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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Governo irmão caminhoneiro

Com Bolsonaro, caminhoneiros fazem o Brasil de refém

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jan 2021, 12h05 - Publicado em 27 jan 2021, 17h43

Todo político chega ao poder devedor. Ele deve aos partidos que o apoiaram, aos financiadores de campanha, aos amigos das horas ruins e, por instinto, forma seu governo pagando dívidas. Por ter sido um candidato que operava à margem do establishment, Jair Bolsonaro vendeu a imagem de ser presidente mais independente que Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma e Temer. Errado. Bolsonaro apenas tem credores diferentes.

Os credores mais conhecidos são os militares, a quem Bolsonaro entregou dez ministérios e mais de 6 mil cargos com gratificação. Aos evangélicos, Bolsonaro entregou dois ministérios (um deles, o da Educação, dividido com os olavistas, que já dominam as Relações Exteriores, a Cultura e a Secretaria de Comunicação Social). Ao mercado financeiro, Bolsonaro entregou a chave do cofre do Ministério da Economia e do Banco Central.

Mas há credores menos vistosos. Hoje, Bolsonaro anunciou que pode zerar o PIS/COFINS do óleo diesel na enésima tentativa para evitar uma paralisação nacional dos caminhoneiros, marcada para o dia 1º. Na semana passada, ele já havia anunciado o fim da taxa de importação de pneus de caminhões, o reajuste do piso do frete e a inclusão dos caminhoneiros entre os primeiros a serem vacinados. Outros credores de Bolsonaro também foram incluídos na lista de vacinação prioritárias: Forças Armadas, Polícias Civil e Militar, Bombeiros e carcereiros.

Bolsonaro se sente devedor da greve que os caminhoneiros fizeram para quebrar o país em maio de 2018. Graças à política de preços irrealista da Petrobras de reajustar os preços do diesel automaticamente com os reajustes internacionais, os caminhoneiros conseguiram apoio popular a um movimento que por dez dias. Os supermercados não tinham comida, algumas cidades pararam por falta de gasolina e as aulas foram suspensas em quase todo país. A produção industrial caiu 10,9% no período e, de acordo com o Ministério da Fazenda, o PIB daquele ano poderia ter alcançado 3% se não fosse a greve. Ao final, o país em 2018 cresceu apenas 1,8%, em valores revisados.

Bolsonaro apoiou a greve de 2018, mas sabe que ela deu aos caminhoneiros o poder de sequestrar o Brasil. Em 2019, ele rompeu um acordo com Paulo Guedes para não intervir na Petrobras para obrigar uma redução no preço do óleo diesel. Neste ano, Bolsonaro oferece o que pode e tenta, como sempre, jogar nas costas dos governadores a responsabilidade por reduzir o ICMS sobre o diesel. Com Bolsonaro, os caminhoneiros fazem o Brasil de refém.

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