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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Bolsonaro imita Trump e sugere fraude em 2022

Desacreditar a justiça eleitoral vira a primeira bandeira da campanha da reeleição

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 dez 2020, 14h48

Meses atrás, o presidente Jair Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook na qual ele assistia a um pronunciamento do presidente americano Donald Trump. Bolsonaro olhava para o americano magnetizado, sem dizer nada. Essa idolatria por Trump contaminou os apoiadores de Bolsonaro e agora alimenta a mais recente teoria da conspiração, a de que apenas fraudes podem impedir que eles permaneçam no poder. Sem provas, Trump berra que foi derrotado por Joe Biden em eleições fraudadas. Aqui, Bolsonaro limpa o caminho para colocar as eleições de 2022 sob suspeita.

Em férias em Santa Catarina, Bolsonaro disse na terça-feira (22/12) para seus apoiadores “esquecerem” a eleição presidencial de 2022 caso o Congresso Nacional não aprove um projeto de lei que institua o voto impresso. “Se a gente não tiver voto impresso, pode esquecer a eleição”, disse, em resposta a um militante que pergunto se “faltava muito” para votar pela reeleição. Insinuar que haverá fraude na eleição de 2022 se tornou a primeira bandeira do bolsonarismo.

Em março deste ano, o presidente disse que iria apresentar provas de que teria ocorrido fraudes nas eleições que ele venceu em 2018. Passados quase 300 dias, nada fez. Com a derrota de Trump, inesperada para os bolsonaristas, o tema voltou a ser um pilar nas teorias de conspiração espalhadas nas redes sociais. Para Bolsonaro, a disputa sempre foi um “nós contra eles”, uma luta do bem contra o mal, do brasileiro comum contra a aliança da elite com a esquerda. Por esta versão, Trump teria sido vítima do establishment, o mesmo que em 2022 poderia tentar evitar a reeleição do brasileiro.

Em setembro, por decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional um projeto do próprio Bolsonaro, incluído na reforma eleitoral de 2015, prevendo a impressão do voto eletrônico. Na avaliação do STF, a medida ao invés de impedir uma fraude, poderia permitir identificar em quem o eleitor votou, acabando com o sigilo do voto. O bolsonarismo não sossegou. Em novembro, depois de assistir quase todos os seus candidatos serem derrotados nas eleições municipais, Bolsonaro anunciou que iria propor uma emenda à Constituição pelo voto impresso. “Que nós possamos ter em 2022 um sistema seguro que possa dar garantias ao eleitor que em quem ele votou, o voto foi efetivamente para aquela pessoa. A questão do voto impresso é uma necessidade, está na boca do povo. Desde há muito eu luto no tocante a isso. E as reclamações são demais”, disse Bolsonaro. A proposta já existe.

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Um ano atrás, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara considerou legal a emenda constitucional da deputada bolsonarista Bia Kicis, pela qual cada urna eletrônica irá imprimir uma cópia do voto. O eleitor vai conferir se a cédula impressa corresponde ao seu voto digitado e depositar essa cópia em uma urna. Se houver alguma suspeita sobre os resultados, as cédulas físicas serão contadas. A emenda não detalha, mas dá a entender que se houver divergência, a contagem das cédulas físicas terá precedência sobre a urna eletrônica. Na gestão de Rodrigo Maia, a ideia não chegou ao plenário. Colocar o projeto em votação é uma das condições do apoio bolsonarista ao deputado Arthur Lira para a presidência da Câmara.

Desde 1996, o Brasil tem um dos melhores sistemas eleitorais do mundo. Nunca houve indício de fraude no sistema eletrônico e a única queixa, em 2014, veio pela torpeza do mau perdedor Aécio Neves. Ele mesmo confessou depois que levantou a suspeita de fraude “para encher o saco”. Não só encheu, como deu guarida aos lunáticos que hoje se organizam em torno de Bolsonaro.

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