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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A lição americana para a oposição brasileira

Joe Biden mostra que um presidente populista e radical só pode ser enfrentado pela união dos diferentes

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 ago 2020, 12h34 - Publicado em 25 ago 2020, 14h31

Estudar a campanha do candidato democrata Joe Biden à presidência dos Estados Unidos deveria ser obrigatório para os líderes das oposições ao presidente Jair Bolsonaro. Político da velha guarda, 77 anos, conhecido mais pelas gafes do que pelas ideias, Biden lidera todas as pesquisas e pode ser o primeiro oposicionista a derrotar um presidente no cargo desde 1992. Que o eventual derrotado seja um presidente populista, intenso e radical como Donald Trump revela muitas lições para se enfrentar Jair Bolsonaro.

Biden foi escolhido candidato numa disputa interna na qual os seus adversários eram mais jovens, arrojados, energéticos e populares. Por que venceu? Porque Biden convenceu os democratas que esta não era uma disputa de carisma (Trump vence qualquer um neste quesito), mas na capacidade de ser eleito, de juntar no mesmo barco eleitores que até se desprezam, mas cujo principal objetivo é impedir uma nova vitória de Trump. Biden é o pragmatismo em forma de pessoa.

Nos meses de pandemia, onde até pela idade permaneceu isolado, Biden e seus assessores montaram a estratégia da Grande Tenda, uma aliança que vai de republicanos arrependidos com Trump até eco-socialistas. Numa comparação grosseira é como se no Brasil um candidato sem sal feito Geraldo Alckmin montasse uma coalizão que fosse de João Doria até Guilherme Boulos, passando por Rodrigo Maia, Luciano Huck e Luiz Inácio Lula da Silva. É uma tenda grande e larga.

Como os EUA são, na prática, bipartidários, esse tipo de aliança é mais simples. O democrata Bill Clinton conseguiu vencer em 1992 o presidente George Bush porque abandonou o discurso econômico próximo da social democracia dos anos 80 para abraçar as reformas pró-mercado, campo dos republicanos. Oito anos depois, Bush filho recuperou o terreno para os republicanos ao prometer um conservadorismo com o coração (ou seja, com preocupação social, ponto dos democratas).

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No Brasil, esses acordos são mais complexos, mas nem por isso impossíveis. Tancredo Neves foi eleito presidente e enterrou a ditadura numa coalizão que foi de Miguel Arras à Antonio Carlos Magalhães. No segundo turno de 2002, Lula conseguiu ter o apoio dos ex-presidentes José Sarney e Itamar Franco, dos ex-adversários Ciro Gomes e Leonel Brizola e de empresários como José de Alencar e Eugenio Staub.

Para 2022, as perspectivas das oposições são difíceis. Os partidos do Centrão aderiram com gosto a Bolsonaro, que tem ainda a seu lado quase a totalidade das igrejas evangélicas. Isolado na defesa de Lula, o PT rompeu com Ciro Gomes, que fala barbaridades de Sergio Moro, que não conversa com João Doria, que é rival de Luciano Huck. Todos olham Flavio Dino e Henrique Mandetta não como iguais, mas como eventuais candidatos a vice. É a receita da reeleição de Bolsonaro.

Mas há vozes inteligente nas oposições. Em entrevista ao jornal O Globo, o governador da Bahia, Rui Costa, comparou a situação brasileira com a americana. “No estilo da eleição americana, temos que demonstrar quanto está sendo ruim, quanto será desastroso para o Brasil se nós não mudarmos o rumo do país. Durante o ano de 2021, o conjunto de partidos de diferentes cores, do centro à esquerda, deve se reunir, e quando se aproximar da eleição a gente entra no debate de perfis, de nomes, de condições de vitória, de análise disso. E afunilar se não construir exatamente uma, podemos ter duas candidaturas ou três”, disse. Uma vitória de Biden nos EUA pode ser o início da versão brasileira da Grande Tenda.

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