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Por Fernanda Furquim
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
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50 Anos de ‘Doctor Who’

Hoje a série britânica Doctor Who completa 50 anos de vida. Esta é a primeira vez (e possivelmente a única) que uma série de TV celebra seu cinquentenário estando ainda em produção. O programa criado para atender ao público infanto-juvenil se transformou, com o passar dos anos, em um ícone da cultura popular. Tal como […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 1 dez 2016, 16h18 - Publicado em 23 nov 2013, 14h54
(E-D) Hartnell, Troughton, Pertwee, Tom Baker, Peter Davison, Colin Baker, McCoy, McGann, Hurt, Eccleston, Tennant e Smith,

(E-D) Hartnell, Troughton, Pertwee, Tom Baker, Davison, Colin Baker, McCoy, McGann, Hurt, Eccleston, Tennant e Smith, somam doze Doutores.

Hoje a série britânica Doctor Who completa 50 anos de vida. Esta é a primeira vez (e possivelmente a única) que uma série de TV celebra seu cinquentenário estando ainda em produção. O programa criado para atender ao público infanto-juvenil se transformou, com o passar dos anos, em um ícone da cultura popular. Tal como James Bond, o grande trunfo de Doctor Who é a capacidade de se renovar com a troca de atores. A cada regeneração do Doutor, o público ganha uma nova série que, no entanto, não perde as características originais ou sua mitologia. Ao contrário, acrescenta novos elementos permitindo que ela continue evoluindo.

Há muitos anos que a série deixou de ser apenas um programa infantil. Hoje ele é acompanhado por diversas gerações que cresceram assistindo Doctor Who. Ultrapassando os limites de uma simples série de aventura, Doctor Who trouxe, desde o início, características que atraíram o público adulto, com temas históricos e científicos, em narrativas que transitavam entre aventura, terror e suspense. Talvez o elemento que mais atraia o interesse da audiência seja a liberdade que os personagens têm de viajar pelo tempo e pelo espaço, sem compromisso ou grandes responsabilidades, apenas pelo prazer de conhecer algo novo.

Como já comentei aqui, tudo começou na década de 1950, quando surgiu o ITV, o primeiro canal comercial do Reino Unido. Ele chegou roubando a audiência da BBC, que desde 1932 reinava sozinha. O ITV apostava em uma programação mais popular, trazendo com ele (entre outros programas) séries de TV que retratavam diversos tipos de heróis vivendo diferentes aventuras, em ambientes policiais ou de espionagem, bem como de época. Além das produções originais, o ITV também seduzia o público com as séries importadas dos EUA. Tentando vencer a concorrência, a BBC começou a oferecer um número maior de séries que passaram a fazer parte de sua programação voltada para documentários, teleteatros e diversos programas culturais.

Hartnell

William Hartnell

A ficção científica foi um dos gêneros explorados pelos dois canais para atrair o interesse da audiência. Em 1963, a BBC contratou Sydney Newman, produtor canadense e ex-diretor da ABC – Associated British Corporation (canal inaugurado em 1956), para assumir o cargo de diretor do departamento de drama. Ele substituiu Michael Barry, que estava no cargo desde 1952. Barry pediu demissão por não concordar com os rumos artísticos que a BBC estava seguindo. A contratação de Newman tinha como principal objetivo resgatar o público que migrou para o ITV. Assim, a missão do novo diretor era a de oferecer programas de conteúdo (mantendo o perfil da BBC) com apelo popular (perfil do ITV).

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Foi Newman quem desenvolveu a série Doctor Who, que estreou no dia 23 de novembro de 1963, ocupando um espaço na grade de programação das tardes de sábado que representava o fim do horário infantil e o início dos programas para adultos. Com o objetivo de criar uma série educacional, fugindo da abordagem escapista, Newman e os roteiristas Cecil Edwin WebberDonald Wilson visualizaram um programa que pudesse educar os jovens com aulas de história, ciências, tecnologias, viagens espaciais e no tempo, enquanto se divertiam vivendo uma aventura.

Em sua concepção original, Doctor Who trazia episódios de meia-hora com histórias divididas entre dois e seis episódios. A primeira história levou o Doutor e seus companheiros de viagem ao mundo pré-histórico. A série não agradou o público e o canal chegou a temer seu cancelamento. Quatro semanas depois, entrou no ar a segunda história introduzindo os Daleks, seres cyborgs que desejam a extinção de outras raças. A audiência subiu, chegando a 9 milhões de telespectadores, garantindo assim a continuação da série. Ironicamente, os Daleks salvaram o Doutor.

Patrick Troughton

Patrick Troughton

Para estrelar a série, Verity Lambert, a primeira produtora mulher do departamento dramático da BBC, escolheu o ator William Hartnell, na época com 55 anos de idade. Conhecido por interpretar personagens durões no cinema, Hartnell deu ao Doutor uma personalidade mais rabugenta. Severo, ranzinza, distante, de pavio curto e por vezes senil, o Doutor de Hartnell valorizava mais a integridade histórica que a vida humana. Ele inicia a série viajando com sua neta Susan (Carole Ann Ford).

Logo no primeiro episódio, Barbara (Jacqueline Hill) e Ian (William Russell), os professores da menina, entram na Tardis e descobrem a verdade sobre avô e neta: eles são alienígenas que viajam pelo tempo e pelo espaço em uma nave que tem a aparência de uma cabine telefônica, mas é maior por dentro. Para evitar que eles contem ao mundo o que descobriram, o Doutor sequestra os dois, que passam a viajar com eles. Com o tempo, o Doutor de Hartnell foi amolecendo, se tornando uma figura mais paterna e preocupada com o futuro da humanidade.

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Quando a série entrou na terceira temporada, o produtor John Wiles substituiu Lambert, que deixou a equipe de produção para seguir com sua carreira. Wiles tentou transformar Doctor Who em uma série mais adulta, alterando sua fórmula original. Mas enfrentou a resistência do ator Hartnell, que preferia manter as características infantis da série. Com isso, Wiles pediu demissão, sendo substituído por Innes Lloyd. Foi nesta época que a saúde de Hartnell começou a se deteriorar, levando a série para uma encruzilhada.

O objetivo inicial da BBC era o de produzir Doctor Who por cinco temporadas, para que ela pudesse competir no mercado internacional com as produções americanas. Mas no final da década de 1960, a série já tinha se transformado em mania nacional. Por isso, cancelar a produção não era uma opção. Foi Lloyd quem apresentou a solução: por ser alienígena, o Doutor teria a capacidade de se regenerar.

Ao passar por este processo, o Doutor muda sua aparência física e sua personalidade. Com isso, cada ator que assume o papel tem a liberdade de enfatizar uma faceta da personalidade do Doutor. Esta mudança também permite aos produtores reformular a série, adaptando-a para os novos tempos e interesses do público. Patrick Troughton foi o ator escolhido para substituir Hartnell. A continuidade da série dependeria de sua capacidade de manter a audiência (esta é, por sinal, a missão de cada ator que assume o papel).

O Doutor de Troughton foi moldado no personagem Carlitos, de Charles Chaplin. Com a aparência desleixada, parecendo um vagabundo bobo, ele era constantemente subestimado, mas sua perspicácia o tornava capaz de enfrentar seus inimigos e mantê-lo a salvo de problemas. Confiando cegamente em seus companheiros de viagem, o Doutor de Troughton demonstrava verdadeiro afeto por eles.

Jon Pertwee

Jon Pertwee

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Durante a primeira temporada com Troughton, Lloyd deixou o comando da série, passando-a para Peter Bryant. Nesta fase, Bryant abandonou os episódios relacionados com temas históricos para enfatizar os monstros e criaturas que o Doutor encontrava pelo caminho. Visto que o interesse do público pelos Daleks tinha se desgastado, foram criados novos inimigos, que surgiam a cada episódio, transformando a era Troughton em ‘o monstro da semana’. Ao chegar na sexta temporada, a audiência da série já tinha caído, levando a BBC a cogitar (novamente) o cancelamento de Doctor Who.

Para não ficar marcado pelo personagem, Troughton decidiu não renovar seu contrato. A necessidade de reformular a série, introduzindo um novo ator, levou a produção a oferecer um dos episódios mais importantes desta fase, The War Games, no qual o Doutor é julgado pelos Senhores do Tempo por roubar a Tardis e interferir na vida de outras civilizações. Ele é condenado ao exílio na Terra e seu conhecimento sobre como operar a Tardis é apagado de sua memória. Para completar, ele é forçado a passar pelo processo de regeneração, que o transforma no ator Jon Pertwee.

Pertwee era a segunda opção dos produtores, que tinham tentando convencer Ron Moody, ganhador do Golden Globe por seu trabalho no musical Oliver!, a estrelar a série, na expectativa de elevar a audiência de Doctor Who. Pertwee entrou na sétima temporada, período em que ocorreu uma nova troca de produtores. Barry Letts e Terrance Dicks assumiram o comando e uma de suas primeiras funções foi a de acomodar a produção ao novo orçamento estipulado pela BBC.

Tom Baker

Tom Baker

Embora a audiência fosse baixa, o canal decidiu investir na produção em cores da série, na expectativa de que o público voltasse a assistir ao programa. Se a audiência não correspondesse, Doctor Who seria cancelada. Mas para poder produzi-la em cores, foi necessário cortar alguns gastos. Entre eles, os cenários que estabeleciam as visitas a outras civilizações. Visto que o Doutor não poderia ir a outros mundos, a Terra passou a receber a visita constante de outras raças. Para justificar a presença do Doutor na Terra, foi criada a UNIT, uma organização militar que investiga e combate atividades paranormais e extraterrestres. Embora seja um alienígena, o Doutor consegue estabelecer uma relação colaborativa com a organização.

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O Doutor de Pertwee era mais sério e por vezes arrogante e impaciente, especialmente com os humanos e suas mentes limitadas. Ao contrário de Troughton, o Doutor de Pertwee era mais preocupado com a aparência. Vestindo uma capa e camisas com babados, ele se comportava com um dândi, que tinha uma verdadeira paixão por seu carro, batizado de Bessie.

Foi na era Pertwee que a série introduziu o Mestre, um Senhor do Tempo renegado que enfrenta o Doutor em suas tentativas de conquistar o Universo. O personagem se tornou recorrente na série, levando o ator Roger Delgado a perder oportunidades de trabalho porque os produtores de outras séries e filmes achavam que ele fazia parte do elenco fixo de Doctor Who. Por esta razão, Delgado decidiu se afastar da série. Um episódio chegou a ser escrito para retirar o Mestre da história, mas Delgado não teve tempo de filmá-lo. O ator faleceu em um acidente de carro na Turquia, durante a produção do filme Bell of Tibet.

Peter Davidson

Peter Davison

A audiência da série se estabilizou durante a era Pertwee, mas a morte de seu amigo Delgado e a recusa da BBC de aumentar seu salário o levaram a tomar a decisão de deixar o elenco em 1974. Ele foi substituído por Tom Baker, ator que permaneceu no papel por mais tempo. Na equipe de produção, Letts e Dicks foram substituídos por Robert Holmes e Philip Hinchcliffe, que abandonaram as histórias em torno da UNIT para levar a série de volta às suas origens. Buscando conquistar uma audiência adulta, os novos produtores começaram a oferecer histórias voltadas para o gênero terror e suspense, adaptando ideias da literatura e filmes de ficção científica.

Usando um longo cachecol colorido, o Doutor de Baker era uma caixinha de surpresas. Por vezes bonachão, por vezes extremamente sério, insensível e até cruel, ele demonstrava não ter respeito por autoridades ou governos. Sem medo de enfrentar o perigo, o Doutor de Baker se tornou o mais querido e popular entre os fãs da série. Se na década de 1960 Doctor Who virou mania nacional por causa dos Daleks, na década de 1970, Baker transformou a série em mania nacional por causa do Doutor. Foi neste período que a produção atingiu sua melhor fase, tornando-se um ícone da cultura popular.

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Durante as sete temporadas estreladas por Baker, a série sofreu troca de produtor. Nas três primeiras temporadas, Holmes e Hinchcliffe produziram episódios que se apoiavam no gênero terror. Em função disso, a série foi criticada por Mary Whitehouse, uma dona de casa que liderava a National Viewers And Listeners Association – NVALA, organização que tentava controlar o nível de violência e temas polêmicos exibidos pela TV.

Colin Baker

Colin Baker

Para Whitehouse, a série era um programa infantil e, por isso, não poderia fazer uso de temas violentos ou explorar o gênero terror. Seus ataques públicos levaram a BBC a trocar os produtores. Holmes e Hinchcliffe foram substituídos por Graham Williams e Anthony Read, que tinham a missão de suavizar Doctor Who, tornando-o novamente um programa infantil. Assim, a série adotou um tom mais cômico. Foi neste período que introduziram K-9, um cão mecânico que ajudava o Doutor em suas aventuras. A estratégia deu certo e os ataques de Whitehouse e seu grupo cessaram.

Ao entrar na década de 1980, Williams e Read foram substituídos por  John Nathan-Turner, que decidiu afastar a série do reino da fantasia e levá-la a tratar de temas científicos. Turner precisou enfrentar a oposição de Baker que, em sua autobiografia, revela ter se tornado autoritário em relação à série e seu personagem.

Baker decidiu deixar o elenco em 1981, sendo substituído por Peter Davison, o ator mais jovem a interpretar o Doutor até então. Justamente por isso, sua escolha foi muito criticada, visto que os fãs achavam que ele não teria condições de oferecer a densidade que o personagem exigia. Com isso, muitos abandonaram a série, que sofreu uma queda na audiência.

O Doutor de Davison é o mais ingênuo entre todas as encarnações do personagem, sendo aquele que mais cometeu erros de julgamento da história da série. Talvez para compensar esta falha, ele tenha se cercado do maior número de companheiros de viagem que o Doutor já teve. Também foi nesta fase que alguns dos personagens da mitologia da série retornaram à ação, entre eles, o Mestre, o Brigadeiro, Mara, Omega e, é claro, os Daleks.

Durante a produção com o quinto Doutor, a BBC decidiu mudar o dia de exibição da série. Até então exibida aos sábados, ela passou a ir ao ar duas vezes por semana (terças e quartas), o que acarretou em uma queda ainda maior da audiência. Davison, que desde o início planejara ficar apenas três temporadas, deixou o elenco em 1984, sendo substituído por Colin Baker, que já tinha feito participação em um dos episódios da era Davison.

Sylvestre McCoy

Sylvester McCoy

O Doutor de Colin era o oposto ao Doutor de Davison. Pela primeira vez, os fãs viram a complexidade e a excentricidade do personagem ser de fato trabalhada. Impertinente, arrogante e desconfiado, o Doutor de Colin foi o primeiro que tentou matar sua companheira de viagem. Com o tempo, ele foi suavizando sua personalidade, adquirindo um senso de humor, mas sem perder sua densidade. Durante este período, a série voltou a ser exibida aos sábados, trazendo aventuras com antigos personagens, como os Cybermen, o Mestre, os Daleks e os Sontarans, resgatando de certa forma o gênero de suspense e terror.

A audiência caiu e a BBC decidiu suspender a produção da série para que ela pudesse ser reformulada. A nova diretoria do canal estava decidida a cancelar a série e a queda na audiência era uma boa justificativa. Tentando salvar Doctor Who, Turner entrou em um acordo com o canal: reformular o programa ou aceitar o cancelamento.

Nesta época, as séries de ficção científica britânicas passavam por um problema financeiro. Na década de 1980, começaram a surgir novas tecnologias que passaram a ser utilizadas pela indústria do entretenimento. Os EUA foi o país que melhor aproveitou essas mudanças tecnológicas, produzindo séries de ficção e fantasia com super-heróis ou viagens espaciais. O orçamento dessas novas tecnologias era proibitivo para os padrões dos canais britânicos, que não conseguiram competir com as produções importadas dos EUA. Assim, a TV britânica, alegando um desgaste do gênero, começou a abandonar este tipo de produção. Doctor Who foi a única que resistiu, mas pagou seu preço.

oitavo

Paul McGann e Daphne Ashbrook

Quando a série voltou com uma nova história dividida em quatorze partes, a audiência sofreu uma nova queda. Para piorar, a história dividiu a opinião dos fãs, muitos dos quais não aceitaram os rumos que a trama tinha tomado. Culpando o ator pela perda da audiência, a BBC o demitiu, substituindo-o por Sylvester McCoy.

Entrando com a missão de salvar a série na sua primeira temporada, McCoy deu ao seu Doutor uma personalidade manipuladora e contraditória que por vezes o fazia parecer um tolo e, por outras, dava a impressão de ser capaz de prever diversos eventos antes que eles acontecessem.

A partir desta fase, a série passou a adotar a produção de quatorze episódios por temporada, a qual permanece até hoje. Em 1988, após cinco anos de instabilidade, a audiência subiu pela primeira vez, o que deu aos produtores a segurança de que a série conseguiria entrar na década de 1990. Mas uma nova mudança de dia e horário levou Doctor Who a perder novamente a audiência, o que permitiu que a BBC cancelasse a produção em 1989.

No início da década de 1990, ocorreram várias tentativas de se produzir um especial, um filme ou mesmo uma nova temporada de Doctor Who. Foi em 1996 que esses esforços surtiram efeito.

Philip Segal, que desde 1989, quando a série saiu do ar, vinha tentando conseguir os direitos para adaptar Doctor Who, formou uma parceria com a BBC e a Universal Pictures para produzir um telefilme que seria exibido na Inglaterra pela BBC1 e nos EUA pela Fox. O telefilme serviria como piloto de uma nova série, coproduzida com os EUA. Algo que não chegou a acontecer tendo em vista a baixa audiência conquistada pelo telefilme nos EUA. Novas tentativas de trazer a série de volta foram feitas pela Universal  até 1997, quando o estúdio finalmente desistiu do personagem.

O telefilme de 1996 foi estrelado por Paul McGann, que deu vida à oitava encarnação do Doutor. Considerado o mais romântico, por ter sido o primeiro a beijar uma mulher, esta versão do Doutor voltaria em livros áudio e programas radiofônicos. Mais recentemente, ele protagonizou o websódio prelúdio do especial The Day of the Doctor.

Christopher Eccleston e Billie Piper

Christopher Eccleston e Billie Piper

Doctor Who foi resgatado por Russell T. Davies em 2003, quando o produtor, então no auge de sua fama com Queer as Folk, conseguiu convencer a BBC que uma nova série com o personagem  era possível. Trazendo o personagem para o Século XXI, Davies mudou novamente a abordagem da série. Em seu retorno, que ocorreu em 2005, Doctor Who deu abertura para que as personagens femininas pudessem existir de fato. Nunca na história da série elas tiveram tanta atenção como agora, chegando ao ponto de se tornarem tão importantes quanto o Doutor, sendo que, nas últimas temporadas, elas se transformaram no principal foco das histórias. Algo que gerou críticas por parte dos fãs mais antigos da série.

Christopher Eccleston foi contratado para interpretar o personagem em seu retorno. Como é de praxe no Reino Unido, seu contrato era apenas para uma temporada, com previsão de ser renovado ano a ano. Dando ao Doutor uma personalidade mais sóbria e solitária, Eccleston conseguiu restabelecer o personagem na cultura popular. Apesar de tudo, ele decidiu que não renovaria seu contrato. Ainda existem controvérsias sobre as razões que levaram o ator a deixar o elenco da série. Em entrevistas, Eccleston chegou a dizer que uma das razões seria sua decepção com o ambiente que cercava a produção da série, muito voltada para a conquista da audiência e do lucro com mercadorias.

Eccleston foi substituído por David Tennant, que popularizou o retorno de Doctor Who, dando à série seu período de ouro desta nova fase. Foi na era Tennant que a BBC começou a produzir episódios natalinos. Também foi neste período que os fãs testemunharam o retorno do Mestre, que não era visto desde 1996. Entre 2009 e 2010, enquanto a série preparava os novos roteiros que definiriam a troca de produtores e de atores, o canal exibiu apenas quatro especiais, que fazem parte da terceira temporada da era Tennant. Para a BBC, a decisão serviu para evitar que a série tivesse uma superexposição.

David Tennant e Billie Piper

David Tennant e Billie Piper

O Doutor de Tennant trouxe uma faceta mais jovial do personagem, sem deixar de lado sua maturidade. Quando o ator decidiu deixar o elenco da série em 2009, seu personagem mergulhou ainda mais em seus problemas existenciais e na conscientização de que estava perdendo o controle sobre seus atos, deixando-se levar pelo poder que tinha de determinar o futuro. Tudo indicava que seu substituto exploraria o personagem a partir desta situação, mas ele seguiu o caminho oposto, decepcionando muitos fãs.

Depois de fazer uma despedida de todos os personagens que passaram pela era Eccleston e Tennant, Davies passou o comando da produção da série para Steven Moffat, em 2010. Este estabeleceu uma nova estética, introduzindo uma nova abordagem e personagens. A exibição da série também sofreu mudanças. Cada temporada passou a ser dividida em duas partes para evitar que novos episódios fossem exibidos durante o verão, período em que a audiência televisiva cai em função das férias escolares. Para garantir o retorno do público, foi decidido que o último episódio da primeira leva terminaria sempre com um cliffhanger.

Moffat escolheu o ator Matt Smith para substituir Tennant. Tal como ocorreu com Davison nos anos de 1970, a escolha de Smith foi criticada pelos fãs que acreditavam que o ator era muito jovem e incapaz de dar ao personagem a densidade que ele exigia. As críticas permanecem até hoje. Ao mesmo tempo em que o ator conseguiu trazer uma nova geração de fãs para o universo Who, ele (e Moffat) criou um abismo entre novos e antigos fãs. O Doutor de Smith é a versão mais infantil do personagem até hoje. Fugindo de seu passado, ele mantém seu foco de atenção nos problemas de suas companheiras de viagem.

Matt Smith

Matt Smith

Em março de 2013, Smith anunciou sua decisão de deixar o elenco da série para investir em sua carreira. Em agosto, a produção anunciou o nome do novo Doutor, Peter Capaldi, um ator de 55 anos já consagrado no Reino Unido. Ele assumirá o papel em dezembro, no episódio natalino. A expectativa dos fãs é de que ele consiga levar o Doutor de volta às suas origens, permitindo que o personagem explore sua densidade e seu lado obscuro.

Antes de Capaldi assumir sua função, a série celebra cinquenta anos de produção. Mantendo a tradição, o cinquentenário de Doctor Who será comemorado com um especial que reúne alguns atores que já interpretaram o Doutor. Em The Day of The Doctor, Smith se encontra com a versão Tennant e apresenta ao público uma encarnação até então desconhecida dos fãs. A do Doutor que sucedeu McGann. Interpretado por John Hurt, ele é denominado o Doutor da Guerra, por ser aquele que renegou seu nome e se tornou um guerreiro para acabar com o conflito entre os Daleks e os Senhores do Tempo.

Sua introdução levanta dúvidas quanto à encarnação de Capaldi. Anunciado como o décimo segundo Doutor, ele seria, na prática, o décimo terceiro. Em entrevistas, Moffat alega que o fato do personagem de Hurt ter renunciado seu nome (Doutor) significa que ele não deveria ser contabilizado como uma das encarnações do Doutor. Mas o que é uma rosa com outro nome?

Pela mitologia da série, o Doutor pode se regenerar doze vezes. Considerando que a primeira (Hartnell) é a encarnação original, a de Capaldi seria a última. A expectativa é a de que os produtores criem uma situação que permita ampliar o número de regenerações do personagem para que a série possa chegar aos 100 anos de idade ainda exibindo novos episódios.

Cliquem nas fotos para ampliar.

Peter Capaldi (Foto: Bafta Scotland)

Peter Capaldi (Foto: Rich Hardcastle/Bafta Scotland)

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