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Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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De ‘Hamilton’ a ‘The Prom’, musicais da Broadway conquistam o streaming

Netflix, Disney+, entre outras plataformas, apostam em adaptações ou gravações diretas dos palcos, retomando a velha relação entre teatro e cinema

Por Amanda Capuano Atualizado em 14 dez 2020, 09h49 - Publicado em 14 dez 2020, 09h10

Em maio deste ano, com os cinemas e teatros fechados em boa parte do mundo, a Disney surpreendeu ao anunciar que a gravação de Hamilton, um dos musicais de maior sucesso da Broadway, estrearia em julho na plataforma de streaming Disney+, e não mais em outubro de 2021, nos cinemas, como estava previsto. A estratégia inusitada rendeu bons frutos: segundo uma pesquisa encomendada pela Variety, o musical foi a produção mais assistida nas plataformas de vídeo sob demanda em território americano no mês de julho, com uma audiência quase três vezes maior do que o segundo colocado, a série documental Mistérios Sem Solução, da rival Netflix. O sucesso manteve-se firme nos meses seguintes, consolidando Hamilton como o grande fenômeno do ano no streaming americano, segundo o ranking da ScreenEngine/ASI.

A boa recepção a um musical da Broadway, com sua montagem original, no streaming evidenciou uma tendência para as famigeradas plataformas, sempre em busca de novidades. É antiga, porém, a relação entre Broadway e Hollywood. Até os anos 70, era comum que musicais de sucesso no circuito ganhassem as telas — quando A Noviça Rebelde chegou aos cinemas em 1965, por exemplo, já fazia sucesso nos palcos há seis anos, quase o mesmo tempo transcorrido entre a primeira apresentação de My Fair Lady no teatro, em 1958, e a estreia do longa homônimo, também em 1965. Com a popularização do cinema em detrimento dos teatros, a lógica se inverteu, e sucessos de Hollywood passaram a ser adaptadas para os palcos. Segundo uma pesquisa feita por Ronald Zank, professor de teatro na Universidade do Nebraska, durante a década de 1960, apenas 5% dos musicais da Broadway eram baseados em filmes, número que saltou para 41% na década de 2010. Na lista de sucessos que fizeram a viagem da tela para os palcos, inclui-se espetáculos tradicionais saídos da Disney como O Rei Leão, A Pequena Sereia, Alladin e Frozen, o mais recente, além de obras que marcaram época, como Meninas Malvadas e Legalmente Loira.

Assim, Hamilton puxa uma fila que parece ser longa. Na sexta-feira, 11, chegou à Netflix o extravagante The Prom, que em português foi intitulado como A Festa de Formatura. Dirigido pelo badalado Ryan Murphy, e gravada no ginásio de uma escola em Los Angeles, o longa é uma adaptação cinematográfica do musical homônimo de Chad Beguelin e Bob Martin, em cartaz na Broadway entre 2018 e 2019. Ao contrário do musical de Lin-Manuel Miranda, que manteve o elenco e apresentação original dos palcos, The Prom escalou um exército de estrelas na versão repaginada, que ostenta nomes como Meryl Streep, Nicole Kidman, James Corden e Kerry Washington. O time de peso, porém, não garantiu um resultado lá dos melhores.

A líder do streaming ainda tem planos para outros musicais originais. A peça inspirada na vida da princesa Diana, que chegaria aos palcos esse ano, mas foi adiada pela pandemia, está prevista para estrear na Neftlix de maneira inédita no primeiro semestre de 2021: antes mesmo de pisar na Broadway oficialmente.

Cena do musical 'Hamilton', com Lin-Manuel Miranda
Cena do musical ‘Hamilton’, com Lin-Manuel Miranda (//Divulgação)

O Prime Video também não fugiu da tendência: em outubro, lançou na plataforma a gravação do musical What the Constitution Means to Me, de autoria de Heidi Schreck. Lançado em 2017 no circuito secundário de teatros de Nova York e promovido à Broadway em 2019, o musical traz Heidi no papel principal, alternando competições sobre a constituição americana, com uma versão adolescente da protagonista, até momentos atuais para discutir assuntos como o direito das mulheres e a imigração no país. Na mesma temática crítica aos Estados Unidos, a HBO trouxe para as telas o afiado American Utopia, do músico David Byrne que, entre outras coisas, coloca o dedo na ferida do racismo americano. Na direção, o canal veio com armamento pesado, colocando o premiado Spike Lee no comando do projeto. A produção, no entanto, está disponível apenas no HBO Max, sem previsão de chegada ao Brasil.

Cena de American Utopia, adaptação de Spike Lee
Cena de American Utopia, adaptação de Spike Lee (David Lee/HBO)

 

Retoma-se então a tradição do filme que bebe diretamente do teatro, relação relegada nos últimos anos pelo cinema. Algumas adaptações pontuais como Moulin Rouge (2001), Chicago (2002), Mamma Mia (2008) e Os Miseráveis (2012) fizeram sucesso traduzidas em linguagem cinematográfica, sem o clima teatral implícito às produções gravadas nos palcos. Entre as adaptações mais aguardadas para o futuro, destacam-se In The Heights, também com direção de Lin-Manuel Miranda, que chega em 2021 com estreia paralela nos cinemas e no HBO Max, e o aclamado Wicked, ainda sem previsão de estreia. Se vingar de vez, a tendência é um passo importante para a democratização do acesso aos musicais da Broadway, que durante anos ficaram restritos a quem pode bancar uma viagem à Nova York e seus ingressos salgados — sem falar da velha pirataria.

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