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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Vontade política e vergonha na cara

O que vem abaixo é uma lista de dúvidas sinceras que sempre me afligiram sobre uma expressão que entrou na moda há muitos anos e se recusa a sair. Já escrevi sobre elas, mas, como nunca encontrei as respostas, tento de novo. Quem sabe desta vez os leitores não me deixam falando com as paredes. […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 06h45 - Publicado em 3 mar 2013, 16h49

O que vem abaixo é uma lista de dúvidas sinceras que sempre me afligiram sobre uma expressão que entrou na moda há muitos anos e se recusa a sair. Já escrevi sobre elas, mas, como nunca encontrei as respostas, tento de novo. Quem sabe desta vez os leitores não me deixam falando com as paredes.

O que quer dizer “vontade política”, exatamente? Sim, eu sei que se refere à (boa) vontade dos políticos, à sua disposição para realizar algo politicamente custoso, mas às vezes parece haver nessa duplinha de palavras um sentido fugidio, mágico, fetichista.

Vejamos. Se a vontade dos políticos é “vontade política”, por que a dos advogados não é “vontade advocatícia”? Faria todo o sentido, não? “Não era difícil ganhar a causa, mas ele não mostrou muita vontade advocatícia.” Também nunca vi a vontade de padres e pastores ser chamada de “vontade religiosa”, a dos médicos de “vontade médica”. Etc.

De todas as minhas dúvidas, esta é a mais singela: quando, após horas de corpo-a-corpo com os eleitores, um parlamentar chega em casa no bagaço e alega dor de cabeça para se furtar ao corpo-a-corpo com a mulher, seria um abuso semântico muito grande dizer que houve falta de “vontade política”? Ou nesse caso, em nome da precisão vocabular, deveríamos falar na “vontade de potência” de Nietzsche?

Se significa mesmo a energia e a determinação que a classe política tem – ou, como é mais habitual, não tem – para realizar tarefas difíceis como o combate à corrupção e ao fisiologismo, à indigência da educação pública e à desigualdade social, não seria a tal “vontade política” apenas um sinônimo – e, pior, um eufemismo – da velha “vergonha na cara”?

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