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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Por que o conto-do-vigário tem esse nome

“Por que o conto do vigário se chama assim? Será que algum religioso bandido deixou a classe inteira com má reputação?” (Aristides Ferreira) Não, Aristides. A expressão brasileira conto-do-vigário (lá embaixo eu explico por que a estou grafando assim) não tem em sua origem um golpista de batina. O vigário entrava na história apenas como […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 04h32 - Publicado em 3 fev 2014, 16h09

“Por que o conto do vigário se chama assim? Será que algum religioso bandido deixou a classe inteira com má reputação?” (Aristides Ferreira)

Não, Aristides. A expressão brasileira conto-do-vigário (lá embaixo eu explico por que a estou grafando assim) não tem em sua origem um golpista de batina. O vigário entrava na história apenas como personagem, ajudando a dar ares respeitáveis à lorota do trapaceiro.

Eis como o filólogo Antenor Nascentes descreve o golpe do conto-do-vigário em seu “Tesouro da fraseologia brasileira”:

Modalidade de furto na qual o ladrão conta à futura vítima (o otário) uma história complicada de grande quantidade de dinheiro (originalmente entregue pelo vigário de sua freguesia), ali presente dentro de um embrulho (o paco), dinheiro este que ele deseja confiar provisoriamente, por comodidade ou necessidade, a uma pessoa honesta em troca de algum dinheiro miúdo de que precisa no momento.

Vale notar que a palavra composta passou a nomear, além deste, diversos outros tipos de logro em que o criminoso explora a ingenuidade ou a ganância das vítimas para lhes arrancar dinheiro. E mesmo, por extensão, qualquer manobra – inclusive aquelas feitas por pessoas e empresas supostamente respeitáveis – destinada a enganar incautos.

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O sucesso linguístico do conto-do-vigário levou a palavra a dar filhotes que têm circulação ainda maior do que ela: vigarista e vigarice.

Vamos enfim à ortografia: conto-do-vigário era seguramente uma palavra composta, com hífen, até o Acordo Ortográfico entrar em vigor e abolir os tracinhos em expressões desse tipo – “salvo algumas exceções já consagradas pelo uso”. Bonito, não? Será que conto-do-vigário é uma exceção? Consagrada pelo uso a palavra é. Eis por que, embora ela não apareça no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), decidi manter a grafia tradicional. O Acordo Ortográfico é lei e eu tento cumpri-la. Pena que ele não ajude.

*

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