Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Sobre Palavras Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
Continua após publicidade

Performance: se é proparoxítona, cadê o acento?

“Por que a palavra performance é pronunciada como proparoxítona, se não tem acento?” (Julio Holtz) Simples, Julio: porque performance não é uma palavra da língua portuguesa, mas um empréstimo que fomos buscar no inglês. Nossos dicionários, reconhecendo seu uso na língua do dia a dia, a registram, mas sem abrir mão do itálico que, pelo […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 05h58 - Publicado em 20 jun 2013, 12h15

“Por que a palavra performance é pronunciada como proparoxítona, se não tem acento?” (Julio Holtz)

Simples, Julio: porque performance não é uma palavra da língua portuguesa, mas um empréstimo que fomos buscar no inglês. Nossos dicionários, reconhecendo seu uso na língua do dia a dia, a registram, mas sem abrir mão do itálico que, pelo rigor das convenções, deveria discriminar os vocábulos estrangeiros.

Sim, esse itálico é ignorado pelos falantes, inclusive pela imprensa. Sensatamente, aliás: se fôssemos grifar cada marketing, cada show, cada internet que cruzam nosso caminho, a poluição gráfica de nossos textos seria cômica. De uso comum, mas resistentes ao aportuguesamento por razões diversas, essas palavras terminam por habitar uma zona cinzenta de fronteira.

(Acho que podemos deixar de lado a discussão sobre ter sido necessária ou supérflua a importação da palavra performance, quando tínhamos à nossa disposição desde o início do século XVIII o substantivo desempenho, que dá conta da maior parte de seus significados. Necessária ou não, a importação se consumou, e hoje performance tem acepções – um tipo específico de manifestação artística, por exemplo – que a palavra desempenho nem sonha em cobrir.)

Continua após a publicidade

Como vocábulo estrangeiro não aportuguesado, performance tem permissão para soar – mais ou menos – como em sua língua de origem, sem que a grafia precise traduzir tal perfil acústico segundo as regras do português. Como Julio bem observou, a palavra teria que virar “perfórmance” para se manter proparoxítona, caso fosse aportuguesada. Às vezes essa grafia aparece por aí, mas ainda parece ser de uso marginal.

A solução oposta, tentar mudar a pronúncia para adequá-la à grafia, teria o defeito grave de ignorar que a fala é sempre anterior à escrita na edificação de toda língua. Isso não impediu os sábios de aportuguesarem outro termo que importamos do inglês, o substantivo recorde (de record), sem acento, insistindo na pronúncia como paroxítona (recórde).

Não é uma experiência que se possa considerar um êxito. Neste caso o resultado, pelo menos no Brasil, é um amplo movimento de desobediência civil a favor da prosódia récorde.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.