O português tem uma palavra para quem nasce em Tóquio?
“Olá Sr. Sérgio Rodrigues. Sempre leio seus textos do site Veja.com. Após me deparar com a dúvida do gentílico para Emirados Árabes Unidos, repasso para você uma dúvida que circulou por um ilustrado grupo de amigos curiosos sobre os mais diversos temas. A dúvida é como se chamaria o natural de Tóquio, capital do estimado […]
“Olá Sr. Sérgio Rodrigues. Sempre leio seus textos do site Veja.com. Após me deparar com a dúvida do gentílico para Emirados Árabes Unidos, repasso para você uma dúvida que circulou por um ilustrado grupo de amigos curiosos sobre os mais diversos temas. A dúvida é como se chamaria o natural de Tóquio, capital do estimado Japão. Grande abraço, e sucesso.” (Leones Nunes)
“Prezado Sr., qual o gentílico para quem nasce em Tóquio? Evidentemente, não é japonês.Cordialmente.” (Luís de Carvalho)
A dúvida de Leones e Luís parece ser, curiosamente, compartilhada por muitos. A questão já havia cruzado meu caminho no início de abril, quando publiquei aqui um texto sobre o gentílico (nada pacífico) correspondente aos Emirados Árabes.
Tudo indica não haver em nenhum dicionário ou glossário de português de qualquer época uma palavra para designar quem nasce em Tóquio. Creio ser possível afirmar com segurança que tal termo simplesmente não existe em obras de referência.
Isso não quer dizer que sejamos impedidos por nosso idioma de expressar tal ideia. Se falta uma forma sintética de expressão, é só partir para a analítica: “natural de Tóquio”, “nativo de Tóquio”, “morador de Tóquio” etc.
A lacuna é natural. Muitas cidades e regiões do planeta, algumas delas importantes, estão na mesma situação. Como chamamos o nativo de Oslo, capital da Noruega? Mesmo glossários que registram gentílicos eruditos raros, como “holmiense” (natural de Estocolmo) e “hierosolimita” (natural de Jerusalém), não resolvem isso.
Alias, os caçadores de gentílicos estranhos têm aqui uma boa fonte (portuguesa) de consulta. Claro que não é infalível: para os Emirados Árabes aposta em “árabe”, o que me parece equivocado. Mas é o glossário mais extenso e confiável que encontrei.
Nacionalidades são bem representadas em qualquer rol de gentílicos, por razões óbvias – e se algum termo histórico não se impõe é preciso criar um, como vimos no caso de “emiradense”.
Quando se trata de cidades e regiões, porém, seria impossível abrigar no vocabulário de um idioma todos os gentílicos possíveis. Os que existem são aqueles que por algum motivo são – ou foram um dia – funcionais para um número significativo de falantes.
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