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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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O jargão e a geringonça

Entre as muitas curiosidades que a etimologia nos reserva, esta é uma das que mais me surpreenderam quando a descobri: o parentesco entre as palavras jargão e geringonça. O que o jargão, palavra séria que quer dizer “código linguístico próprio de um grupo sociocultural ou profissional com vocabulário especial, difícil de compreender ou incompreensível para […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 04h28 - Publicado em 11 fev 2014, 13h49

máquina vitoriana de malhaçãoEntre as muitas curiosidades que a etimologia nos reserva, esta é uma das que mais me surpreenderam quando a descobri: o parentesco entre as palavras jargão e geringonça.

O que o jargão, palavra séria que quer dizer “código linguístico próprio de um grupo sociocultural ou profissional com vocabulário especial, difícil de compreender ou incompreensível para os não-iniciados” (Houaiss), poderia ter a ver com a geringonça, palavra cômica que significa “o que é malfeito, com estrutura frágil e funcionamento precário” (idem)?

Em primeiro lugar, ajuda saber que, em acepções menos usuais, os dois vocábulos têm sentidos correlatos: jargão, o de linguagem disparatada, errada, muitas vezes com a mistura de dois ou mais idiomas (como a dos italianos das novela da Globo); geringonça, o de linguagem grosseira, calão, gíria de marginais.

Em última análise,os dois termos são membros da grande família do radical latino garg- (ligado à ideia de gargarejo, som produzido na garganta), que nos deu ainda a garganta e a gargalhada. Mas houve tabelinhas pelo caminho, como costuma ocorrer: jargão se liga ao francês antigo jargon, inicialmente “canto de pássaro” e mais tarde “língua incompreensível, língua de ladrões”; e geringonça é um decalque direto do espanhol jeringonza, que um dia foi grafado como girgonz e que significa “gíria”.

O que resta explicar, portanto, é como a geringonça transbordou do campo semântico da linguística para se estabelecer tão solidamente como palavra perfeita para designar artefatos canhestros, feios e desengonçados. Um mistério? Talvez sim, talvez não: uma “língua grosseira e de difícil compreensão” não parece, aos não-iniciados, cheia de palavras canhestras, feias e desengonçadas?

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