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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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O blecaute morreu, viva o apagão!

O grande escritor espanhol Javier Marías, autor de “Coração tão branco”, disse outro dia numa entrevista que “hoje tudo se incorpora, tudo se torna velho, antigo” com velocidade inédita. A observação se aplica à rapidez com que a Palavra da Semana, apagão, que em termos de tempo histórico é uma recém-chegada em nossa língua, tomou […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 12h56 - Publicado em 5 fev 2011, 08h00

O grande escritor espanhol Javier Marías, autor de “Coração tão branco”, disse outro dia numa entrevista que “hoje tudo se incorpora, tudo se torna velho, antigo” com velocidade inédita. A observação se aplica à rapidez com que a Palavra da Semana, apagão, que em termos de tempo histórico é uma recém-chegada em nossa língua, tomou assento no vocabulário dos brasileiros e borrifou um indisfarçável halo de naftalina no termo que, até o início dos anos 1990, era o único usado pelo país para nomear um grande colapso de energia elétrica: blecaute.

Ao contrário da coisa em si – a falha técnica que deixou às escuras oito estados do Nordeste na madrugada da última sexta-feira, por exemplo – o apagão-palavra é uma boa notícia. Isso não quer dizer que blecaute (forma aportuguesada do inglês black-out), um termo da primeira metade do século 20, não fosse um estrangeirismo simpático. Blecaute tinha até um pé na cultura popular como nome artístico de Otávio Henrique de Oliveira (1919-1983), o cantor – negro, será preciso dizer? – de marchinhas de carnaval como “Maria Candelária” e “General da banda”.

A superioridade que vejo em apagão, e que ofereço como explicação para sua vitória esmagadora sobre a palavra que a antecedeu no posto, nada tem a ver com nacionalismo linguístico. Mesmo porque sua matriz mais provável é o espanhol apagón, o que nos deixa diante de mais um estrangeirismo. Seu grande trunfo é a terminação em ão, esse som que os estrangeiros não conseguem pronunciar direito e pelo qual, seja por gozação, seja por exaltação, temos inegável predileção. Com ele, tomamos posse do apagão.

Já não foi dito que nomear uma coisa é o primeiro passo para dominá-la? Amém.

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