Está errado chamar o jantar de janta?
“Prezado professor, sempre que ouço alguém dizer que vai ‘preparar a janta’, me corre um frio pela espinha. Está errado ou o uso popular tornou essa forma aceitável? Obrigado.” (Armando N. C. Filho) Janta é, como se sabe, um sinônimo de jantar, palavra da qual nasceu por derivação regressiva – o mesmo processo pelo qual, […]
“Prezado professor, sempre que ouço alguém dizer que vai ‘preparar a janta’, me corre um frio pela espinha. Está errado ou o uso popular tornou essa forma aceitável? Obrigado.” (Armando N. C. Filho)
Janta é, como se sabe, um sinônimo de jantar, palavra da qual nasceu por derivação regressiva – o mesmo processo pelo qual, do verbo fabricar, se fez o substantivo fábrica.
Seu uso não está “errado” pelo menos desde 1881, quando estreou em dicionário na primeira edição do Caldas Aulete.
O verbo jantar, vindo do latim jentare (“almoçar”) no início do século XII, vinha sendo empregado também como substantivo desde algum momento do século seguinte. Janta surgiria bem depois.
O “frio na espinha” sentido por Armando diante da palavra está provavelmente ligado a uma questão de adequação vocabular. Janta é um termo de uso coloquial, popular, familiar, que também pode ser visto como chucro e pouco sofisticado, conforme o contexto. Jantar é sua versão mais elegante e culta.
Empregado na situação errada, o vocábulo janta tem sem dúvida a capacidade de arquear sobrancelhas. Há ocasiões, porém, em que não só cai bem como pode até ser recomendável.
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Publicado em 24/2/2010.