Cadê a origem de ‘cadê’?
“De onde vem o termo ‘cadê’, que substitui o ‘onde está’?” (Roberto Leandro) O advérbio “cadê” é uma palavra genuinamente brasileira que, segundo o Houaiss, ganhou seu primeiro registro em 1912, no livro “Contos do sertão”, de Viriato Correa. Trata-se de uma variação mais graficamente esdrúxula – e no entanto, como já se pode afirmar […]
“De onde vem o termo ‘cadê’, que substitui o ‘onde está’?” (Roberto Leandro)
O advérbio “cadê” é uma palavra genuinamente brasileira que, segundo o Houaiss, ganhou seu primeiro registro em 1912, no livro “Contos do sertão”, de Viriato Correa. Trata-se de uma variação mais graficamente esdrúxula – e no entanto, como já se pode afirmar sem susto cem anos depois, indiscutivelmente mais bem-sucedida – de “quede”, outro regionalismo brasileiro.
Tanto cadê quanto quede têm valor interrogativo e são contrações populares de uma mesma expressão: “que é de”, ou seja, “que é feito de”, “onde foi parar”, “onde está?”. Pelo menos desde o Modernismo, “cadê” vem reivindicando um lugar no registro culto brasileiro, a tal ponto que hoje mal se percebe sua origem plebeia.
Para deixar claro que seu surgimento enriqueceu o português, e não o contrário, bastam os seguintes versos do poema “Essa negra Fulô”, de Jorge de Lima, com os quais o Aurélio ilustra o verbete “cadê”:
Ó Fulô? Ó Fulô?
Cadê meu lenço de rendas,
cadê meu cinto, meu broche,
cadê meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?