Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Sobre Palavras Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
Continua após publicidade

Através ou por meio?

“É muito comum, sobretudo nos noticiários da TV, a utilização do advérbio ‘através’ em substituição a ‘por meio’ ou ‘por intermédio’. É correto?” (Ricardo Souza da Silva) A questão é mais complexa do que parece. Quando alguém diz, por exemplo, que conheceu fulano “através de um amigo”, está cometendo um erro? Se formos literais – […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 14h38 - Publicado em 5 ago 2010, 09h19

“É muito comum, sobretudo nos noticiários da TV, a utilização do advérbio ‘através’ em substituição a ‘por meio’ ou ‘por intermédio’. É correto?” (Ricardo Souza da Silva)

A questão é mais complexa do que parece. Quando alguém diz, por exemplo, que conheceu fulano “através de um amigo”, está cometendo um erro? Se formos literais – ou apegados demais à norma clássica, o que neste caso dá no mesmo – sim. Fazer qualquer coisa “através dos outros” parece sugerir no mínimo uma radiografia, quando não uma carnificina. Porém…

Reconheço ser uma boa dica de estilo para escribas amadores ou profissionais explicar que o uso de “através de” com o sentido de “por meio de” é menos clássico, menos elegante, mas daí a chamá-lo de erro vai uma boa distância. A distância que existe entre o furor normativo e uma compreensão maior sobre como a língua funciona.

Acontece que, por mais que consultores gramaticais e manuais de redação insistam nesse ponto, todo mundo – inclusive falantes cultos – continua “errando”. Por quê? A questão parece difícil de equacionar, mas só até o momento em que abandonamos a ideia de erro. Ora, existe na linguagem uma força poderosa chamada sentido figurado. Condenar tal ampliação semântica de “através” é tão sensato quanto banir uma expressão como “banho de loja” com base no argumento de que não se sai molhado do shopping.

Continua após a publicidade

É significativo que até os dicionários, conservadores por definição, já registrem a acepção condenada pelos vigilantes da língua sem lhe fazer reparo algum. Condenável mesmo – e, aí sim, um erro indiscutível, por atentar contra a norma culta e contra o uso corrente – é fazer o oposto, como numa notícia da “Folha de S.Paulo” de alguns anos atrás em que o pobre repórter, certamente desnorteado pela patrulha contra o “através”, escreveu que “o assaltante entrou na residência do casal por meio de uma janela na área de serviço”.

Por meio de uma janela! Dá vontade de dizer aos patrulheiros: bem feito.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.