A essa altura da corrida eleitoral, pesquisas de intenção de voto em candidatos à presidência são inúteis. Lula tem 37% e Bolsonaro 19%, dizem as pesquisas CNT-MDA e Ibope divulgadas hoje. Sem Lula, Bolsonaro tem 20% na pesquisa Ibope, contra 12% de Marina, 9% de Ciro, 7% de Alckmin e 4% de Haddad como candidato do PT.
Faltam 49 dias para o primeiro turno. As candidaturas estão definidas e as estratégias partidárias começam a ser reveladas. No debate de sexta-feira passada na Rede TV, Marina Silva deu um pito em Jair Bolsonaro. Assim como Cabo Daciolo costuma fazer, citou a bíblia. (Não entendo, aliás, por que alguns consideram Daciolo profano e Marina iluminada.) Falar grosso pode firmar Marina como a “anti-Bolsonaro” em vez de Ciro Gomes, um candidato cada vez mais confuso.
Ciro parece eloquente nos debates, mas ideias estabanadas como “limpar o nome” de quem está no Sistema de Proteção ao Crédito podem parecer pouco críveis até para eleitores pouco informados. Tudo que parece bom demais para ser verdade leva cidadãos (ao menos parte deles) à desconfiança. Propostas populistas assim parecem ser informadas por pesquisas qualitativas desesperadoras para o candidato. Um príncipe deve ter temperança, ensinou Maquiavel em 1513. Há tempo para Ciro se recuperar.
A maior incógnita é sobre a transferência de votos de Lula para Fernando Haddad. De acordo com a pesquisa CNT-MDA, 16% dos eleitores de Lula ficariam indecisos; 31% anularia; 6% votaria em Bolsonaro; 9,6% em Ciro; 17% em Haddad e 12% em Marina. Ou seja, quase metade dos órfãos de Lula poderão estar aptos a votar estrategicamente em outro nome. Seria cerca de 15% do eleitorado. Tudo indica que esses cidadãos serão decisivos para o resultado do primeiro turno.
Mas ainda é cedo, cedo, cedo.
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