Obstrução parlamentar é ruim para Cunha e péssima para Dilma
Um grupo de deputados federais de vários partidos –PSDB, DEM, PPS, PC do B, PSOL e Rede – promete inviabilizar a permanência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados. A estratégia é esvaziar o plenário para que nada seja votado enquanto Cunha continuar no cargo. É a posição mais explícita contra o deputado […]
Um grupo de deputados federais de vários partidos –PSDB, DEM, PPS, PC do B, PSOL e Rede – promete inviabilizar a permanência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados. A estratégia é esvaziar o plenário para que nada seja votado enquanto Cunha continuar no cargo. É a posição mais explícita contra o deputado por partidos de oposição como o PSDB, DEM e PPS, que juntos têm
O principal motivo para a nova estratégia são as manobras de Cunha no Conselho de Ética da Câmara para barrar seu processo de cassação. Juntos, esses partidos controlam 107 cadeiras da Câmara dos Deputados – pouco mais de 20%. Os comunistas (se há algo de comunista neles, né?) pertencem à coalizão da presidente, pois têm o Ministério da Defesa. Jogam contra Dilma, portanto, pois ela crê que a permanência de Cunha ajuda, no mínimo, a desviar os olhos de suas próprias crises.
Obstruir o processo legislativo para derrubar Cunha é mais um fator que irá aproximá-lo do Planalto. Afinal, a presidente tem muita pressa para que projetos importantes – como a Lei de Diretrizes Orçamentárias, modificada após o pacote econômico, e a Desvinculação de Receitas da União – sejam aprovados. Se 2015 terminar sem que esses projetos sejam votados, haverá custo político para a presidente.
Considerando que três dos partidos citados (PC do B, PSOL e Rede) têm afinidade ideológica com o governo, o custo da obstrução parlamentar aumenta. (O raciocínio vem a partir do ótimo texto de Taeko Hiroi e Lucio Rennó.) Afinal, como explicar aos eleitores que a crise presidencial se prolongará com este comportamento? Bem, provavelmente tirar Cunha da presidência é, hoje, mais importante para eles…
A coalizão anti-Cunha não tem, ainda, deputados suficientes para fazer estrago real. Funcionará somente na medida em que constranger outros partidos a abandonar o presidente da Câmara. É este o cenário mais provável.
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