O segundo apagão de Pedro Parente
Desprestigiado, Pedro Parente precisa se explicar sobre negócios particulares
Pedro Parente foi chefe da Casa Civil durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de 1999 a 2003. Também presidiu a Câmara de Gestão da Crise de Energia entre 2001 e 2002, durante a crise do “apagão”. Além disso, foi um dos integrantes de uma comissão liderada por Maílson da Nóbrega, durante o governo de José Sarney (PMDB), para propor um novo desenho institucional para as finanças públicas brasileiras. A comissão resultou na criação da Secretaria do Tesouro Nacional, um dos marcos mais importantes para a condução da economia desde a criação do Banco Central em 1964. Em seus mais de 40 anos de carreira, também atuou no setor privado.
Dois acontecimentos recentes mancham seu currículo.
Pertencer a um governo como o de Michel Temer (MDB), comandado por políticos acusados de diversos crimes, não faz bem a ninguém. Esperar apoio de pessoas da laia de Eliseu Padilha (MDB), Moreira Franco (MDB) e o próprio presidente durante a greve dos caminhoneiros (ocasionada, entre outros fatores, por um erro de timing do reajuste de preços pela Petrobras) é um infortúnio. Se o apoio viesse, seria constrangedor. Qualquer elogio desses emedebistas é vergonhoso para uma pessoa decente. Sem apoio firme, com credibilidade, Parente foi jogado aos leões.
E aí está a segunda questão. Apesar de seu currículo impecável no setor público, Parente precisa dar explicações sobre seus negócios privados. De acordo com o jornalista Filipe Coutinho, da revista digital Crusoé o ex-presidente da Petrobras contratou a Dana Tecnologias, sem licitação, para prestar um serviço à estatal. Até aí, tudo bem. O problema é que o dono da Dana Tecnologias, Odilon Nogueira, criou uma firma de investimentos que se tornou sócia da Viedma Participações, que conta com a presença de Parente.
Sem o fardo de lidar com caminhoneiros descontentes, Pedro Parente terá tempo de sobra para se explicar.
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