O papelão das prévias tucanas em São Paulo
O vereador Andrea Matarazzo e o empresário João Doria disputarão, daqui a três semanas, o segundo turno das prévias do PSDB para decidir quem será o candidato a prefeito de São Paulo. A decisão foi tomada ontem em meio a violência e acusações (comprovadas) de boca de urna e pagamento a militantes por Doria. […]
O vereador Andrea Matarazzo e o empresário João Doria disputarão, daqui a três semanas, o segundo turno das prévias do PSDB para decidir quem será o candidato a prefeito de São Paulo. A decisão foi tomada ontem em meio a violência e acusações (comprovadas) de boca de urna e pagamento a militantes por Doria. Qualquer que seja o candidato escolhido, ele terá gasto bastante tempo, esforço e dinheiro para obter a anuência do partido.
Ao contrário do que normalmente poderíamos esperar de prévias partidárias, tanto Matarazzo quanto Doria não terão passado por um processo de legitimação ao fim de tudo. Qual seria a melhor solução para o PSDB evitar isso? A “parlamentarização” do partido.
Os cientistas políticos David Samuels e Matthew Shugart, no livro “Presidents, Parties, and Prime Ministers: how the separation of powers affects party organization and behavior”, argumentam que partidos, ao selecionar candidatos, têm que lidar com um problema de seleção adversa (já tratei do assunto sob o ponto de vista eleitoral aqui). Querem minimizar o risco de líderes políticos agirem de modo contrário aos interesses do partido quando eleitos.
Talvez a melhor maneira mais fácil de fazer isso seja através do parlamentarismo. Neste sistema, segundo Samuels e Shugart, é preciso fazer longa carreira partidária antes de ser escolhido candidato a primeiro-ministro. No presidencialismo, outsiders como João Doria (e Donald Trump…) têm chances reais de conseguir candidaturas, pois não necessariamente a experiência parlamentar e partidária é valorizada no processo de escolha.
Pois o primeiro turno das prévias municipais do PSDB em São Paulo mostraram justamente a tensão entre o insider Andrea Matarazzo (ex-ministro do governo FHC e vereador pelo partido) e o outsider João Doria (cujo principal trunfo é a amizade com o governador Geraldo Alckmin).
Por enquanto, Doria levou a melhor, com apoio de 43% dos filiados tucanos contra 33% para Matarazzo. Mas uma coisa é inegável: esse tipo de briga interna só aumentará as chances de reeleição de Fernando Haddad (PT).
(Entre em contato pelo meu site pessoal, Facebook e Twitter)