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Performance é confundida com surto e bailarino é sedado no RS

Apresentação fazia parte de evento artístico promovido pela prefeitura da cidade

Por Paula Sperb
Atualizado em 7 nov 2017, 19h35 - Publicado em 29 out 2017, 18h13

Uma performance artística inspirada na brutalidade do cotidiano acabou com a internação do bailarino em um posto de saúde por suposto surto psiquiátrico. Em Caxias do Sul, na serra gaúcha, o bailarino Igor Cavalcante Medina, de 26 anos, apresentava sozinho o espetáculo Fim na Praça da Bandeira na manhã do último sábado quando guardas municipais e socorristas do Samu o abordaram.

O artista foi sedado e levado para o Pronto-Atendimento 24h, o Postão, conforme apuração de VEJA. O bailarino só foi liberado oito horas depois quando “acordou”, segundo um integrante da equipe enfermagem do Postão. A médica psiquiatra que atendeu o bailarino constatou que o artista não apresentava sinais de surto psicótico e o liberou.

“Cheguei no lugar (da apresentação) e a guarda municipal me abordou junto com o Samu. Foram invadindo sem me perguntar nada, já foram chegando. Eu falei que tinha autorização da prefeitura para estar ali, mas não quiseram me escutar. Disseram que eu tinha um surto psicótico. Me amarraram na maca e me colocaram na ambulância. Me deram uma injeção de tranquilizante e fiquei oito horas amarrado no Postão aguardando um psiquiatra atestar que eu estava lúcido”, disse Medina a VEJA.

“Falei que estava no meio de uma apresentação e não quiseram me escutar. Quando me abordaram eu estava declamando um poema. Se tivessem parado para me ouvir, isso não tinha acontecido. Eu não tinha como reagir porque eram cinco pessoas me segurando. Tentei conversar porque não dava conta de reagir. Na ambulância, um deles pressionou o punho cerrado no meu peito para eu ficar sem fôlego e parar de falar”, relatou o artista à reportagem.

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Quando foi abordado, Medina fazia movimentos com o corpo e declamava uma poesia sobre questões de discriminação racial e social. “Mata, espanca, xinga , mutila, esquarteja, destrói, sangra, mas isso é só se for pobre, preto e sofredor”, dizia um trecho do texto decorado.

O bailarino é integrante da Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul e apresentava performance da programação da 8ª edição do Caxias em Movimento, evento com dezenas de apresentações agendadas até o dia 5 de novembro. Procurada por VEJA, a prefeitura da cidade, responsável tanto pela Guarda Municipal, Cia. De Dança e Postão, disse por meio de nota que “está apurando as informações sobre a abordagem ao bailarino”. Os funcionários da prefeitura não estão mais autorizados a falar com a imprensa.

O diretor da Guarda Municipal disse ao Pioneiro, jornal de Caxias do Sul que o departamento foi acionado para verificar o que estava acontecendo com o “homem parado” na praça. “O que chamou atenção é que ele usava umas roupas da performance e tinha um arame farpado no pescoço. A equipe tentou falar com ele, mas o bailarino ficava mudo. Olhava para o céu, para cima e para baixo. De repente, começou a soltar frases filosóficas, citava a Somália a todo momento. Os guardas entenderam que poderia ter algum problema de saúde e acionaram o Samu”, disse ao jornal.

No material de divulgação do “Caxias em Movimento”, o espetáculo Fim é descrito como um “trabalho que aborda a violência e põe o corpo em evidência para trazer à tona as diversas formas de brutalidade do cotidiano, sejam elas físicas ou psicológicas. Os corpos vão sendo envenenados até a total desumanização. Será que já não somos nada mais além de um mero pedaço de carne incapaz de sentir, incapaz de resistir, incapaz de se rebelar?”.

A prefeitura disse ainda que “partir desta segunda-feira (30/10), a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social (SMSPPS) começará a ouvir os relatos dos envolvidos para esclarecer a situação e dar os encaminhamentos necessários. Logo os fatos sejam esclarecidos, a prefeitura voltará a se manifestar oficialmente sobre o caso”.

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