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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
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Luis Carlos Heinze (PP): ‘Quero consertar efetivamente o estado’

Pré-candidato progressista ao governo gaúcho é o quinto entrevistado, por ordem alfabética, nesta série de VEJA

Por Paula Sperb
25 jul 2018, 10h15

Deputado federal mais votado do Rio Grande do Sul na última eleição, com 162.000 votos, Luis Carlos Heinze (PP) quer ser governador para “consertar efetivamente o estado”. O progressista pretende organizar um movimento de estados para cobrar da União os valores devidos pela Lei Kandir (que isenta a tributação da exportação de produtos primários) e assim tentar quitar os valores da dívida com o governo federal. “Nunca se viu essa mobilização no Brasil, eu quero liderar esse movimento”, diz Heinze. A cobrança seria uma das medidas para tirar o Rio Grande do Sul da crise econômica.

Segundo o deputado, seu apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) a presidente é por uma questão de coerência de alianças. Ele conta que tentou negociar apoio também a Flávio Rocha (PRB) e Álvaro Dias (Podemos). Para ele, apesar das polêmicos que envolvem Bolsonaro, o apoio pode beneficiá-lo. “Se ele tem 29% [de intenção de voto] e eu tenho 6%, só pode me puxar, né”, afirma.

Luis Carlos Heinze é o quinto entrevistado, por ordem alfabética, nessa série de VEJA com os pré-candidatos ao Piratini. A primeira entrevistada foi Abigail Pereira (PCdoB), o segundo entrevistado foi Eduardo Leite (PSDB), o terceiro foi Jairo Jorge (PDT) e o quarto foi Julio Flores (PSTU). Abaixo, a entrevista de Heinze e fotos de arquivo pessoal selecionadas por sua equipe a pedido de VEJA.

Data de nascimento: 14/09/1950
Naturalidade: Candelária
Estado civil: Casado
Cônjuge: Sandra Maria Batista Heinze
Filhos: quatro – Caroline, Patrícia, Natália e Rafael
Formação: Superior – Engenheiro Agrônomo
Profissão: Produtor Rural
Histórico de filiação partidária: PP, desde 2003. PDS (1992-1995), PPB (1995-2003)

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Luis Carlos Heinze durante sua formatura ginasial (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Por que o senhor quer ser governador?
Para consertar o estado do Rio Grande do Sul, para dizer que o estado tem jeito. A gente vê, hoje, a baixa estima do nosso povo quando pega uma pesquisa do Estadão que mostra que 62% dos brasileiros e, consequentemente, dos gaúchos querem ir embora do Brasil. 46% das pessoas de mais idade também querem ir embora do Brasil. Alguma coisa está errada. A gente vê um estado travado, baixa estima, não conseguimos pagar em dia o salário, é um desafio muito grande. Minha vida sempre foi feita de desafios desde que saí de casa com 16 anos. Então, acho que posso contribuir com o meu estado, com a nossa gente. Quero ser governador para mostrar um jeito diferente de governar e consertar efetivamente o estado.

Qual é a prioridade do senhor para o governo?
A prioridade é novamente gerar desenvolvimento, fazer com que os gaúchos se sintam à vontade para investir. Gaúchos e outros tantos que venham investir no Rio Grande do Sul, que se sintam atraídos para fazer investimentos. Não só os gaúchos, mas de todo o Brasil e de fora do Brasil. Que possam vir para cá porque é um estado rico, com um povo maravilhoso. É gerar desenvolvimento e acertar as contas do estado. Esse é o desafio que temos para fazer o estado andar para frente.

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Como o senhor fará para pagar os salários dos servidores em dia?
Exercer prioridades. Temos um orçamento de mais ou menos seis bilhões por mês. Então, a primeira coisa é pagar o funcionário. Alguns recebem os mais altos salários por via judicial. Os soldados militares que não entraram na Justiça não recebem, ganham 2.000, 3.000 reais. Esse não pode receber? Se quero exigir uma educação de qualidade, tenho que pagar o professor. É o mínimo que posso fazer. Outro dia, na Brigada Militar, em Caxias do Sul, um soldado pediu licença para falar. “O senhor sabe por que que não tem mais gente aqui nesse momento? Queria que o senhor fosse na fila do Banrisul para ver nossos colegas pagando 70, 80, 100 reais para poder pegar seu salário ‘adiantado’”, ele disse. Adiantado, não. Porque é para receber em dia. Já estão descontando um valor [juro do empréstimo]. Isso não tem cabimento. Quero pagar em dia para poder exigir um serviço melhor para a população do Rio Grande do Sul.

Heinze quando era estudante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no curso de engenharia agrônoma (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Como o senhor fará para tirar o Rio Grande do Sul da crise?
Eu trataria diferentemente, por exemplo, a questão da dívida do estado com a União. Cobraria o que nós temos para receber pela Lei Kandir, que o estado não recebe. Isso acaba ficando de lado. Tem que colocar essa matéria na mesa. O estado de São Paulo deve três vezes mais o que deve o Rio Grande do Sul, Minas Gerais, deve uma vez e meia a mais, Rio de Janeiro deve quase duas vezes o que deve o Rio Grande do Sul. Vários são os estados devedores, que também têm o que receber pela Lei Kandir. Quero liderar um movimento desses governadores, que têm quantias para receber e que devem. Não vou tratar só da dívida, mas do que a União deve para os estados. Tem que ter esse encontro de contas. Santa Catarina deve 10 bilhões de reais. É menos do que o Rio Grande do Sul, que deve 70 bilhões de reais, mas deve e tem para receber. Quero fazer um grande movimento de governadores, de deputados. Nunca se viu essa mobilização no Brasil, eu quero liderar esse movimento.

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A segurança é um dos temas que mais preocupam os gaúchos. Quais são as propostas do senhor para a área?
Nós vamos dar uma atenção especial à segurança pública. É um dever do estado, é um compromisso do estado, junto com educação e saúde, os principais pontos que temos que atacar. Vamos valorizar a Brigada Militar, Polícia Civil, IGP, Susepe e Bombeiros, pagando em dia para eles se sentirem motivados. Nossa ideia é fazer uma integração perfeita entre Polícia Civil e Brigada Militar, fazer com que trabalhem juntos. Que a Secretaria de Segurança possa estar antenada com o chefe de polícia e com o comandante da Brigada. Agora, quem vai comandar todo o processo, vai ser o governador. A sintonia do brigadiano que vai estar na rua te dando segurança é com o chefe dele e com o governador do estado, ele vai saber que eu estou junto com ele. Eles se sentem inseguros. Cheguei em São Borja e um brigadiano teve troca de tiros com um ladrão. Se baleou o cara, ele é responsabilizado. Poderia ser a vida dele, mas daí está tudo bem. Se matou o brigadiano ou se baleou, o criminoso não tem problema nenhum. O policial não tem advogado como os bandidos. O policial tem que saber que o estado vai estar do lado dele. Temos que dar segurança para quem nos faz segurança.

Luis Carlos e Sandra Batista, na cerimônia de casamento dos dois (Arquivo Pessoal/Divulgação)

No Rio Grande do Sul, qualquer privatização precisa ser aprovada por votação popular em um plebiscito. A atual gestão tentou, primeiro, retirar a obrigatoriedade do plebiscito para realizar as privatizações e, depois, tentou realizar o plebiscito simultaneamente às eleições antecipando o prazo da convocação. Qual é a opinião do senhor sobre a lei e sobre a privatização?
O ano que vem, o que vou fazer é encaminhar à Assembleia [plebiscito] e a sociedade vai dizer. O povo vai discutir o que quer, vamos ver o que interessa e o que não interessa. Pela lei, isso teria que ser encaminhado no primeiro ano de mandato. Eu seria prejudicado se fizessem o plebiscito na eleição por que ele [Sartori] usaria a favor dele politicamente. Eu não vou dizer privatiza isso ou aquilo. A sociedade vai dizer.

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Por que o senhor apoia o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) para presidente?
Temos uma parceria com o DEM, do Onyx Lorenzoni, com o PSL, da Carmen Flores, e com o Professor Wambert, do PROS. É uma aliança que construímos há algum tempo. Por isso, falamos com o Bolsonaro. Paralelo a isso, vínhamos perseguindo o Carlos Gomes, do PRB, para apoiar o Flávio Rocha, que desistiu da candidatura. A gente queria o palanque dele porque é um empresário da mesma linha nossa e que pudesse ter o nosso palanque. Infelizmente, não fechou. Procuramos também, e ainda não está definido, o Álvaro Dias (Podemos). Não procuramos só o Bolsonaro, procuramos vários candidatos. Se o Podemos coliga com o PDT, acha que vai dar palanque para ele? Agora tem o Danrlei [deputado federal pelo PSD], que ofereceu palanque para o Afif Domingues. Conversamos com um e com outro, mas fechamos com o Bolsonaro. Estou buscando coerência das alianças e que nos deixem livres para escolher o que for mais conveniente para a chapa local.

Sabendo das polêmicas do Bolsonaro, o senhor acha que o apoio dele pode favorecer sua campanha ou prejudicar?
Se ele tem 29% [de intenção de voto] e eu tenho 6%, só pode me puxar, né.

Em 2013, em crítica ao governo federal, o senhor falou “quilombolas, índios, gays, lésbicas” eram “tudo aquilo que não presta”. O senhor ganhou dois processos movidos a partir desse caso. O senhor pensa diferente agora?
Aquilo foi uma questão política, queriam me derrotar, não sabiam o que eu queria fazer pelo estado. A crítica era contra Gilberto Carvalho (PT), o cara que no governo da Dilma comandava todos esses movimentos com dinheiro, dinheiro que não tinha para a saúde, educação, segurança, usava para sustentar movimentos sociais. Minha crítica foi contra isso, aos que estavam subordinados ao Gilberto Carvalho. Quem me conhece minha vida, o lugar onde nasci, as pessoas com quem eu convivo, amigos meus negros, os indígenas me procurando para fazer projeto para ajuda-los lá em Rondônia. Não tem isso aí. Vou dar atenção aos movimentos, o recurso é escasso, mas o que couber, vou atender. Não sou contra. Queriam que eu não me elegesse.

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Qual é a opinião do senhor sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)?
Está condenado e tem que respeitar a condenação. Se eu fosse condenado, iam me prender e pronto. Se tiver culpa no cartório, vou pagar. Eu e qualquer um. Por que foi presidente, por que foi deputado não pode sofrer sanção? [Lula] não deve concorrer. Estão jogando politicamente este assunto porque ele é o ídolo do PT, para ver se conseguem colocar o nome dele na foto. Ele não tem condições de concorrer, não vai concorrer.

Heinze em atividade parlamentar (Arquivo Pessoal/Divulgação)

O PP é um dos partidos mais citados na operação Lava Jato. Como governador, como o senhor faria para combater a corrupção?
Fiz denúncias sobre a Petrobras, mandei ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. Denunciei a fraude do Pronafi em Santa Cruz e doze funcionários do Banco do Brasil foram postos para a rua por que prevaricaram. Encaminhei outra denúncia sobre as creches, faço isso, é a minha função, meu papel. Votei para cassar o José Dirceu (PT), para cassar o Pedro Correa (PP), que era presidente do meu partido, votei para cassar a Dilma (PT), o Eduardo Cunha (MDB), votei para continuar o processo do Michel Temer (MDB). O gaúcho não ia me perdoar se eu votasse a favor dele. Faço isso para todo mundo, não é para esse ou aquele.

O senhor aparece tecnicamente empatado com outros candidatos em segundo lugar na pesquisa eleitoral do Instituto Methodus e do Paraná Pesquisas, atrás do atual governador José Ivo Sartori (MDB). O que o senhor pensa desse resultado?
Em uma pesquisa, de fevereiro, eu aparecia com 1,5%. Eu não era pré-candidato ainda, definimos em abril, estou há três meses trabalhando. Agora, vamos para os debates, estou caminhando pelo estado inteiro, o partido é forte. Não estou preocupado com isso. Se pegar as eleições do Rigotto (MDB), Sartori (MDB). Da Yeda (PSDB), todos arrancaram lá atrás. É bom que eu não arranque lá na frente para correr por fora. O partido é muito forte no Rio Grande do Sul inteiro, poucos partidos têm essa capilaridade de 1.140 vereadores, 143 prefeitos, 101 vice-prefeitos e diretórios organizados nos 497 municípios, em qualquer canto tu vais achar um progressista. Estamos estimulando essa base para trabalhar.

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