Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Rio Grande do Sul Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Veja correspondentes
Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
Continua após publicidade

Defesa de acusados de fraudar cotas vê ‘tribunal racial’ na UFRGS

Universidade criou comissão para avaliar se realmente são negros ou pardos 334 estudantes que entraram por esse sistema no vestibular da instituição

Por Paula Sperb
Atualizado em 6 dez 2017, 11h24 - Publicado em 5 dez 2017, 17h05

Suspeitos de fraudar o sistema de cotas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os 334 alunos que se autodeclararam negros ou pardos que foram convocados para se apresentar diante de uma comissão receberam o resultado do processo. Os alunos considerados brancos e, portanto, ocupando indevidamente as cotas, podem ser expulsos. Eles têm um prazo de dez dias para recorrer. Depois, a instituição tem quinze dias para avaliar o recurso. Procurada pela reportagem, a universidade disse que só informará o número de alunos que serão desligados após os recursos.

A avaliação da aparência dos alunos foi silenciosa, sem perguntas. Para permanecerem na vaga cotista, eles precisam ter fenótipo negro, incluindo os que se declararam pardos. Movimentos negros alegam que, além da cor da pele, são traços com nariz achatado, lábios grossos e cabelo crespo que influenciam no racismo enfrentado ao longo da vida por pessoas negras.

“É um tribunal racial. É uma prática hitleriana, que lembra o nazismo que media o nariz dos judeus”, disse a VEJA a advogada Wanda Gomes Siqueira, que defende vinte alunos convocados.

A denúncia de possível fraude foi entregue à reitoria da UFRGS por grupos de alunos negros. Eles conferiram o nome e a respectiva fisionomia dos alunos que entraram por cota racial. A listagem dos alunos aprovados com o indicativo de cota (racial, social ou portador de deficiência) estava disponível no site da universidade em uma seção para alunos.

Continua após a publicidade

“A injustiça é enorme. Quem não comparecesse diante da comissão seria desligado da UFRGS no dia seguinte em uma semana de provas. Quem for expulso já perdeu até o prazo para se inscrever em outros vestibulares”, argumenta Siqueira.

Questionada por VEJA, a advogada garantiu que todos os alunos defendidos por ela são pardos, conforme indica o edital de seleção para cotas. Muitos deles têm pais ou avós negros, afirmou. “A comissão fere os princípios constitucionais da dignidade humana, fere os tratados internacionais e fere até mesmo a lei das cotas porque todos são pardos”, disse.

Continua após a publicidade

Pardo, para efeito de ações afirmativas em concurso público e vestibular, é a cor clara da pessoa negra. É a possibilidade de um negro, por miscigenação, ter outros fenótipos que não aquele negroide acentuado”, disse a VEJA o especialista em direito público Gleidison Renato Martins, da coordenação nacional do Movimento Negro Unificado.

A partir do próximo vestibular da UFRGS, os alunos aprovados que se autodeclararem negros ou pardos terão a autodeclaração checada por uma comissão para evitar situações como a de agora. “Dentro de três a quatro anos, não teremos esse tipo de problema. As instituições terão suas comissões, as pessoas saberão quem pode entrar por cota ou não. É um processo lento”, acredita Martins.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.