Ao atacar, de maneira injustificada e desleal, a Lava-Jato, o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, presta um duplo favor a seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro.
Por um lado, agrada ao centrão, de quem o chefe depende para barrar o impeachment e conseguir governar. Por outro, desgasta Sergio Moro, desafeto do chefe e seu provável adversário na campanha para presidente em 2020.
Com sua atitude, Aras deixa seus concorrentes para o assento de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal, que ficará vago em novembro, comendo poeira.
Também presta inestimável desserviço ao à República, da qual é Procurador-Geral, ao Ministério Público Federal, da qual é a autoridade máxima, e às causas do combate à corrupção e da restauração da moralidade pública.
Não deixa de ser irônico que Jair Bolsonaro, justamente o candidato que mais jurou defender a Lava-Jato, uma vez eleito, seja o presidente a enterrar a operação.
Ainda que isso só surpreenda os bobos e os distraídos.