O TSE foi alvo de dois ataques. Um, em outubro, obteve dados de RH sobre antigos funcionários do TSE; tais dados, que não têm qualquer relação com o processo eleitoral, foram vazados, que interessante, no dia da eleição. O outro ataque aconteceu no dia da eleição e tinha por objetivo sobrecarregar servidores de modo a tirar serviços do ar — e tampouco tinha a ver com dados da eleição.
Coincidentemente, houve um atraso na divulgação dos resultados. O atraso se deveu a uma questão técnica ligada à decisão recente de centralizar o processo de totalização em Brasília. O atraso não tem impacto nem nos votos nem na contagem. É um atraso e nada mais.
Em mais de 20 anos de utilização, nunca houve suspeita real de fraude ou questionamento acerca de eficácia do sistema eletrônico. Nada em 2020 dá margem a dúvida sobre a lisura do processo. No entanto, alguns — os mesmos que falam em trapaça em toda eleição — aproveitaram para enxergar chifre em cabeça de cavalo e gritar “fraude”. É o mesmo lero-lero de sempre: se eu perco, é porque me roubaram; se eu ganho, é porque tive tanto voto que ganhei mesmo tendo sido roubado.
As pessoas que gritam fraude são as principais beneficiadas pelos ataques e pelo vazamento, e, por isso mesmo, tornam-se as principais suspeitas dos ataques e do vazamento ilegal.
É curioso: os que reclamam de fraude no Brasil, pedem cédula de papel; os que reclamam de fraude nos EUA, pedem urna eletrônica. Uns e outros têm em comum as ideias reacionárias, o lero-lero vitimista, o interesse em desmoralizar a democracia e a vontade de ganhar no tapetão.