Bolsonaro, André Brandão e seu momento Moro-Ilona
Brandão pode ficar com o emprego ou com a respeitabilidade, mas não com ambos.

André Brandão, o presidente do Banco do Brasil cuja demissão Bolsonaro decidiu (e depois decidiu reconsiderar) está vivendo seu momento Moro-Ilona.
É uma espécie de rito de passagem no governo Bolsonaro: mais cedo ou mais tarde (em geral, mais cedo), o presidente humilha o auxiliar de maneira pública e brutal. Se o sujeito resiste, está rua; se se submete, está desmoralizado e nunca mais se levanta.
Quem inaugurou o ritual foi Sergio Moro, ao aceitar desnomear Ilona Szabó apenas dois meses depois da posse. A partir daí, nunca mais se levantou: foi humilhado dezenas de vezes até a queda inevitável. Aconteceu com virtualmente todos os auxiliares de Bolsonaro; com alguns, como Paulo Guedes, muitas e muitas vezes.
Brandão pode ficar com o emprego ou com a dignidade, mas não com ambos.
Dependendo de como agir nas próximas horas, corre o risco de não ficar com nenhum dos dois.