Afinal, a campanha pelo impeachment
A campanha pelo impeachment é positiva mesmo que venha a ser derrotada
Iniciou-se, afinal, uma campanha popular pelo impeachment.
Muitos dos opositores de Bolsonaro acreditam que uma campanha pelo impeachment é um erro. Creem que não há mobilização suficiente, ou que o centrão vai barrar o impeachment, ou que um eventual impeachment (como se viu com Dilma) acirrará a polarização e terá consequências nefastas para o país.
Mas é natural que campanha por impeachment comece pequena, é assim mesmo — e nem sequer é verdade que esta esteja tão pequena assim. Carretas em dois dias seguidos, bandeiras vermelhas e verde-amarelas, gente de esquerda e de direita… e a carreata da direita saiu da Barra da Tijuca, o bairro mais bolsonarista do Rio de Janeiro, onde moram Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro. É um começo muito promissor.
A ideia de que o centrão vai barrar é um engano. O centrão faz o que é bom para o centrão, e hoje é bom para o centrão apoiar Bolsonaro. Mas, se a campanha pelo impeachment pegar fogo, tornar-se-á bom mudar de posição, e o centrão trairá o presidente em cinco minutos. Nós (e Dilma) já vimos esse filme.
É verdade que impeachment é sempre desgastante para o país, mas o de agora deve ser feito. Primeiro, porque é a coisa certa a fazer: a conduta de Bolsonaro é monstruosa e não pode ser vista como coisa normal ou aceitável. Segundo porque o país simplesmente não aguenta mais dois anos desse (des)governo.
Por fim, mesmo que o impeachment seja derrotado, a campanha manterá Bolsonaro na defensiva, com menor capacidade de dano, o forçará a lutar contra a Covid-19 e o desgastará politicamente, reduzindo suas chances de se reeleger em 2022.
Há muitos motivos para fazer a campanha pelo impeachment. Nenhum para não fazê-la.