A lucrativa besteira de Paulo Guedes
Os Pandora Papers revelaram que a má condução da economia rendeu à pessoa física do ministro quase 15 milhões
Desde que declarado à Receita Federal, não há nada de errado ou ilegal em alguém ter dinheiro no exterior.
A não ser, evidentemente, que o tal alguém ocupe um cargo que lhe permita criar políticas capazes de influenciar a rentabilidade do tal dinheiro, motivo pelo qual a prática é proibida pelo Código de Conduta da Alta Administração.
Conforme se soube pelo vazamento dos Pandora Papers, o ministro da Economia Paulo Guedes detém uma aplicação de 9,5 milhões de dólares em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas (BVI).
Quando Guedes assumiu o cargo de ministro da Economia, o dólar estava a 3,85. No ano passado, quando o dólar bateu 4,65, Guedes afirmou que a cotação só chegaria a 5 reais se “fizesse muita besteira”. Como se sabe, se fez muita besteira, e o dólar está em 5,42.
As muitas besteiras cometidas pelo ministro e pelo governo que o emprega renderam à pessoa física de Paulo Guedes a besteirinha de quase 15 milhões de reais.
Não é besteira, não.
Em tempo. O fundo de Guedes se chama “Dreadnoughts”, que significa couraçado, um navio de guerra blindado com uma couraça de aço; pela etimologia, seria algo ou alguém que nada teme. Em qualquer das acepções, o nome é adequado.