A CPI agora prende
Omar Aziz prende Roberto Dias, impede que a CPI se desmoralize e alerta: mentir não é mais de graça
Finalmente aconteceu: a CPI prendeu alguém. Foi o ex-diretor de logística do ministério, Roberto Ferreira Dias acusado de corrupção por duas pessoas em dois casos diferentes e pego em flagrante mentindo descaradamente.
Mas poderia — deveria — ter sido com qualquer um dos muitos depoentes, como Fabio Wajngarten, o general Pazuello, o coronel Élcio Franco, que, antes de Dias, mentiram sob juramento como se não houvesse amanhã.
Há quem tenha sido contra a prisão de Dias, como o senador Alessandro Vieira, por achar que é uma injustiça deixar impune o general e prender o barnabé. Há outros, como a senadora Simone Tebet, que foram contra por achar que, processualmente, não era o melhor caminho. A despeito de discordâncias pontuais, no entanto, o grupo dominante continua unido no objetivo maior de entender o que nos trouxe à catástrofe de mais de meio milhão de mortos.
A decisão do presidente Omar Aziz é importante, e positiva, não só porque impede que a CPI se desmoralize, mas por seu efeito pedagógico: daqui em diante, todos os depoentes saberão que a complacência com mentiras acabou.
Ainda que o crime de falso testemunho seja afiançável e o criminoso responda em liberdade, a prisão é exemplar. E abre a perspectiva de o Brasil ver um general do Exército — sim, porque Pazuello acabará sendo reconvocado — passar pela vergonha de, como um criminoso comum, permanecer em silêncio para não produzir provas contra si mesmo. Ou ser preso ao vivo e a cores em rede nacional de TV.
A CPI inicia uma nova etapa.