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A construção de fake news: o relatório ‘do TCU’

O caso do relatório fraudulento é ideal para entender as fake news no governo Bolsonaro

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 jun 2021, 18h58 - Publicado em 9 jun 2021, 18h11

Fake news não é mentira. Ou, ao menos, não se restringe a mentira, as melhores fake news são verdades, meias verdades, e mentiras vagas, usadas para transmitir uma tese 100% falsa.

Veja-se o caso do “relatório” “do TCU”.

Um auditor do TCU, bolsonarista e próximo à família, produz um “relatório” dizendo que metade dos mortos registrados como vítimas de Covid morreu de outras causas. Ocorre que a causa mortis desses óbitos foi SRAG, AVC pneumonia, etc. provocadas por… Covid. Ou seja, a frase não é 100% falsa, mas transmite uma tese 100% falsa. Fake news de boa qualidade.

O presidente da República, então, declara que o TCU preparou um relatório dizendo que “em torno de 50% dos óbitos de 2020 por Covid não foram por Covid”. O “relatório” não foi preparado “pelo TCU”, mas o auditor bolsonarista pertence aos quadros do TCU, de modo que é fácil confundir. Fake news sobre fake news: melhor impossível.

Desmascarado, Bolsonaro pede desculpas, mas o faz de maneira confusa, admitindo o “erro” bobo de confundir “tabela” com “acórdão”, e evolui para denunciar a imprensa por atacá-lo por um bobagem e conclui afirmando que “tudo indica” que os óbitos estão sendo mesmo super-notificados. Mistura uma verdade irrelevante e uma calúnia vaga para alcançar a mentira completa: fake-news sobre fake news  sobre fake news. É a perfeição.

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Os distraídos exultam com a “admissão de culpa” do presidente, mas a mensagem que os bolsonaristas recebem é que Bolsonaro cometeu um equívoco irrelevante sobre alguma tecnicalidade qualquer, que a doença não é mesmo tão grave, e que os números estão, sim, sendo inflados por uma conspiração da “esquerda”, do “sistema” e da imprensa para prejudicar o Mito.

Se o Brasil fosse um país sério, o auditor seria expulso do TCU e processado criminalmente por fraude com o intuito de cometer crime contra a saúde pública, e Bolsonaro seria obrigado a pedir desculpas em regra sob pena de sofrer um processo de impeachment.

Mas o Brasil é o Brasil, é improvável que o auditor sofra mais do que uma suspensão sem prejuízo do salário. E nada acontecerá com o presidente.

E, por isso mesmo, coisas assim continuarão a acontecer diariamente.

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