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Moratória: há trinta anos, o país mergulhava no escuro

Em fevereiro de 1987, ao suspender o pagamento de juros da dívida externa, o governo acreditou que teria cacife para enfrentar a banca. Não tinha

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 21h01 - Publicado em 20 fev 2017, 23h22
Capa de VEJA de fevereiro de 1987
Capa de VEJA de fevereiro de 1987. Clique para ler a reportagem (Reprodução)

Há trinta anos, em cadeia nacional, o então presidente José Sarney anunciou a suspensão unilateral, por prazo indeterminado, do pagamento dos juros da dívida externa. Ao comunicar a moratória, exigiu apoio da população: “Nada de traição ao país, sob o pretexto de criticar o governo”, discursou em 20 de fevereiro de 1987, uma sexta-feira, à noite. O país saltava no escuro, como estampou a capa de VEJA daquela semana.

A decisão materializava uma das propostas defendidas pelo PMDB de Sarney desde os tempos de oposição ao governo militar. A reportagem observava:

Chegou-se a esta situação, no entanto, não como desembocadura de uma estratégia cuidadosamente construída e sim pela absoluta falta de moeda forte no caixa do Banco Central para fazer frente aos compromissos internacionais do país. É uma decisão arriscada – a História está repleta de casos de países que foram à moratória e só saíram dela após uma enorme recessão.

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A palavra moratória havia entrado para o cotidiano nacional cinco anos antes, no governo do general João Figueiredo. Em setembro de 1982, o México suspendeu o pagamento de sua dívida, e a onda de choque no mercado financeiro atingiu em cheio o BrasilCom o caixa zerado, o governo ainda buscou um empréstimo emergencial junto ao Fundo Monetário Internacional, mas acabou quebrando, como admitiria, em dezembro daquele ano, a uma plateia de banqueiros em Nova York.

Reportagem de VEJA de 25 de fevereiro de 1987
Reportagem de VEJA de 25 de fevereiro de 1987 ()

Mas em 1987, por algum momento, o governo acreditou que teria cacife para enfrentar a banca. E chegou a celebrar a queda na Bolsa de Nova York das ações de bancos americanos. “Foi, certamente, um momento de ruptura com a realidade, que subverte a questão essencial”, anotou a reportagem de VEJA. “Quem quebrou foi o Brasil, e não os bancos.” Em entrevista, o presidente da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP, Fernando Homem de Melo, previa: “No princípio tudo parecerá correr bem e a moratória terá apoio político, mas depois virá a quarta-feira de cinzas”. Então presidente do Fed, o Banco Central americano, Paul Volcker foi direto ao ponto: “A confiança no Brasil foi perdida”.

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De fato. Com a moratória, centenas de instituições financeiras no mundo todo se fecharam, o custo da dívida explodiu, e o Brasil mergulhou numa crise de crédito da qual só conseguiria emergir nos anos 1990.

Em 1998, em entrevista a VEJA, Sarney admitiu: “Foi um erro (a moratória), um erro extraordinário. Não fizemos a moratória por razões políticas, mas por questões técnicas. Posso revelar, agora, o patamar de nossas reservas na época: apenas 3,2 bilhões, dinheiro que não dava para um mês de importações. Quando decretei a moratória, imaginei que fosse ter apoio interno ao menos daqueles partidos que diziam condenar o pagamento da dívida externa, mas nem isso aconteceu. Passaram a gritar ‘Fora Sarney'”

A duras penas, o país conseguiu limpar seu prontuário e em 2008 foi premiado com o atestado de maturidade econômica e financeira, o selo de bom pagador das agências de classificação de risco, no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Não durou. Em 2015, durante o segundo mandato de Dilma Rousseff, o país foi rebaixado para o time de economias instáveis. A confiança se perdera, outra vez.

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