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Jô Soares: da ousadia de deixar a Globo ao sucesso em talk-show

Reportagens de VEJA mostraram que, com carta branca de Silvio Santos, humorista teve total liberdade na pauta de seus programas no SBT

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h40 - Publicado em 23 nov 2017, 16h50

O humorista, apresentador, diretor de teatro, ator Jô Soares é destaque na edição desta semana de VEJA por causa de outra de suas facetas, a de escritor. Ele acaba de lançar o primeiro volume de sua autobiografia: O Livro de Jô. A crítica do livro é do jornalista Roberto Pompeu de Toledo.

Além de ex-colunista de VEJA, Jô foi várias vezes tema de matérias na revista e chegou a ilustrar a capa de 9 de março de 1988, quando se transferiu da Rede Globo para o SBT. No novo canal, refez o programa com seus personagens e esquetes curtas, mas logo providenciou sua maior e melhor cartada, com o lançamento de seu primeiro talk-show, o Jô Soares Onze e Meia, sucesso que o projetou como um dos maiores apresentadores da história da TV brasileira.

Jô aceitou a mudança da confortável Globo, líder de audiência, para a então segunda colocada no Ibope, o SBT (que em seu início levava o nome também de TVS), atrás de novos desafios e em busca de autonomia. A reportagem de 1988 explica isso melhor: “A leveza do artista de 120 quilos e 50 anos advém do fato de que, pela primeira vez na carreira televisiva, ele tem uma garantia contratual de que é o senhor absoluto do seu programa. ‘Sou em quem define o que vai ao ar’, explica Jô. ‘Nem o Silvio Santos pode cortar um quadro que achar mais apimentado ou de sátira política muito pesada.”

Jô Soares foi capa de VEJA em março de 1988
Jô Soares foi capa de VEJA em março de 1988 (Reprodução/VEJA.com)

O texto de VEJA elogia bastante o primeiro programa na nova casa. “Como o Gordo faz humor fino e foge da grossura, ele soube aproveitar bem essa liberdade na estreia. Em vez de apelar para a baixaria, centrou suas piadas nos alvos da política e da televisão. Ela já fazia isso na Globo, mas de uma maneira mais atenuada do que realiza na TVS. Logo no programa de estreia, por exemplo, Jô parte direto para cima do presidente José Sarney e dos militares da reserva.”

Em outro trecho, a reportagem aborda as piadas de Jô contra seu antigo canal. “Disputando espaço com os tipos políticos estão os personagens televisivos de Veja o Gordo. E, nesse caso, a maioria das gozações e dirige à sua ex-empregadora, a Rede Globo. Jô faz uma sátira divertidíssima da jornalista Lillian Witte Fibe, que apresenta o Globo Economia. Imitando e exagerando os trejeitos da jornalista com perfeição, a Lillian Bife Quibe de Gordo Economia informa aos telespectadores: “Eu hoje falei com a secretária do ministro Maílson da Nóbrega e ela me disse o seguinte: ‘Atenção, isto é uma gravação, deixe o seu recado depois do bip’.”

Entre outros detalhes do novo humorístico, a matéria explica as razões que fizeram Jô deixar a antiga casa, e cita o desejo do humorista de se tornar apresentador. “Há anos, pedia para ter um programa diário, de fim de noite, com entrevistas curtas. Os diretores da Globo achavam a ideia genial, mas… sabe como é, não se mexe em programação que está vencendo, não há espaço etc. A emissora, é certo, lhe dava uma enorme liberdade para trabalhar, mas algumas das falas que Jô gravava para o Jornal da Globo não foram ao ar. E também desapareceu do ar o Porta-Voz, personagem de Jô que satirizava Carlos Átila, o porta-foz de João Figueiredo na Presidência.”

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Quando Silvio Santos o procurou, pediu “mundos e fundos”, incluindo o talk-show, além de exigir as contratações de Max Nunes e Hilton Marques, os dois principais redatores do seu programa na Globo. “Pediu para levar atores e o diretor do Viva o Gordo Willen Van Weerelt. Pediu liberdade total de criação, garantida no contrato. Pediu o programa de entrevistas no fim de noite, nos moldes do Tonight que Johnny Carson apresenta na televisão americana com sucesso ribombante. E Silvio Santos concordando. Pediu o triplo do que ganhava e reajustes trimetrais (…). E Silvio Santos concordando. O Gordo então voltou à Globo, que fez uma contraproposta monetária. Sem saída, Jô foi para o SBT e, entre redatores, diretor e elenco, levou doze profissionais da Globo.”

Enfim, entrevistador

O programa de humor foi um sucesso, mas o que Jô Soares queria mesmo era fazer entrevistas. Em 1989, estreou no SBT o Jô Soares Onze e Meia e em 1992 voltou a ser tema da revista, que o parabenizou pelo programa. “Jô Soares saiu da Globo, há quatro anos, para procurar, no SBT de Silvio Santos, na época considerado um monumento à breguice e ao mau gosto nacionais, a chance de promover uma reviravolta em sua carreira de estrela de primeira grandeza do humorismo popular. Abandonou uma galeria de personagens inesquecíveis dos programas humorísticos para exibir a si próprio em Jô Soares Onze e Meia. Acabou criando o melhor programa da TV brasileira.

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Reportagem sobre o sucesso do 'talk-show' de Jô Soares no SBT, em 1992
Reportagem sobre o sucesso do ‘talk-show’ de Jô Soares no SBT, em 1992 (Reprodução/VEJA.com)

Personalidade única nos vídeos nacionais, capaz de cantar, dançar, tocar trompete, representar e entrevistar ao mesmo tempo, de segunda a sexta Jô Soares entra e sai de cena sem desafinar. Recebe seus convidados com perguntas pertinentes, emenda as respostas com piadas afiadas e lava a alma de quem está em casa.”

E, para não ficar apenas na admiração estética e intelectual, números: “O programa fatura 17 milhões de dólares por ano, receita que faz dele o terceiro maior faturamento do SBT, atrás apenas do Programa Silvio Santos, a grande atração da casa, e das novelas mexicanas”.

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“Em minhas entrevistas, que na verdade são conversas, exploro mais a personalidade da pessoa que recebo do que o assunto a ser tratado”, explicou Jô à edição de VEJA de 25 anos atrás.

A reportagem traz curiosidades sobre o início da carreira do apresentador, mostra o camarim ‘de simplicidade franciscana” de Jô e conta como era feito o árduo trabalho de escolha dos candidatos. “A cada semana, levanta-se uma lista de quarenta candidatos. Desse total, vinte são descartados sumariamente. Os demais são conduzidos a uma sabatina, passando por uma pré-entrevista de uma hora na qual dois repórteres avaliam o possível candidato. Uma parcela chega a ser barrada na porta do baile e a outra, aprovada, fornece dados biográficos e outras informações que irão servir de base para a entrevista.” Leia a reportagem de 1992 na íntegra clicando aqui.

Fim do programa na Globo

A relação de Jô com a Globo foi cheia de altos e baixos. Em 2000, retornou à emissora carioca, na qual apresentou o Programa do Jô até o fim de 2016, ano em que a empresa decidiu encerrar a atração.

Em entrevista feita nesta semana a VEJA, Jô comentou, entre outros temas, o fim do programa e como está sua relação com a Globo (leia a entrevista inteira).

VEJA – Depois de 28 anos à frente de um programa de entrevistas, no SBT e na Globo, o senhor encerrou essa fase em 2016. Alguma angústia por isso? 

Não. Estava na hora. Conversei com o (Carlos Henrique) Schroder (diretor-geral da Globo) e disse: “Eu não tenho mais o mesmo prazer que eu tinha”. Ele respondeu: “Quanto tempo você acha que precisa para terminar o programa, para ele não cair de uma forma melancólica?”. Demos dois anos. Terminei e foi um alívio.

VEJA – Como está sua relação hoje com a Globo?

Veio até a minha casa a Vanessa (Pina), que é uma pessoa super encantadora, dos Recursos Humanos. A única coisa que eu não concordo é trocar “recursos humanos” por “capital humano”. Até brinquei com ela: “Ainda bem que não estamos nos tempos dos escravos”, porque “capital humano” nos tempo dos escravos eram os escravos. Mas minha relação com eles é ótima. Sou amigo do Roberto Irineu, quando ele ainda era o Robertinho. A gente jantava toda semana juntos. Então não teria porquê ser diferente. A Vanessa veio aqui, ano passado, e disse: “Vamos fazer o seguinte: vamos fazer uma coisa assim de dois anos você ganhando…”. Eu falei: “Não, não quero mais nada. Chegou”. Mas meus amigos sugeriram de propor um ano de contrato sabático, como as grandes empresas. Claro, ganhando menos, mas fazendo muito menos.

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