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Vale a pena ler de novo o que saiu nas páginas de VEJA em quase cinco décadas de história
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Do fim dos subsídios ao boom do agronegócio nacional

Em 2004, VEJA trouxe perfis que ajudavam a explicar a guinada da agricultura; 11 anos antes, contou que o fim dos subsídios revolucionou o setor

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h38 - Publicado em 14 dez 2017, 22h38

Reportagens antigas de VEJA ajudam a explicar o sucesso da agricultura nacional, setor que, segundo a edição que vai às bancas nesta semana, foi essencial para garantir a retomada da economia neste ano. “A cada 100 reais gerados de riqueza no país neste ano, 23,5 reais terão saído do campo. É a participação mais alta desse setor no produto interno bruto (PIB) em treze anos, segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)”, mostra o texto. “Os números são superlativos, como de costume. O país celebrou a melhor safra de sua história. Foram colhidos cerca de 240 milhões de toneladas, um aumento de 30% em relação ao ano anterior”, complementa.

Há 13 anos, a revista se propôs a explicar a razão do sucesso do agronegócio nacional, trazendo também alguns perfis de produtores de sucesso na capa da edição de 29 de setembro de 2004 . Leia um trecho:

“O moderno agronegócio brasileiro é justamente a feliz reunião de alta tecnologia, equipamentos de ponta e crédito farto. Por essa conjunção de fatores, o campo brasileiro reúne as condições materiais para escapar da maldição dos ciclos que tantas cicatrizes deixaram na história econômica das Américas. A atual civilização do campo reflete a solidez da base material sobre a qual está plantada. Da fronteira com o Uruguai ao Oiapoque, a agricultura e a pecuária possuem vários níveis de desenvolvimento e tamanho, mas uma característica em comum. As áreas de excelência ligadas ao mercado externo crescem em toneladas produzidas e em riqueza gerada a cada ano. Partes dos três Estados doSul, de São Paulo, de Minas Gerais, da Região Centro-Oeste e de áreas cada vez maiores do Nordeste são uma das principais locomotivas da economia. Produzem, empregam, exportam, consomem e dão forma a uma nova civilização.

O novo avanço do setor exportador baseado no agronegócio está até turvando as linhas da fronteira do que antes separava o mundo rural do mundo urbano. “Essas classificações estão anacrônicas e obsoletas”, concorda José Eli da Veiga, professor de economia da Universidade de São Paulo. Diz Lúcia Lippi Oliveira, pesquisadora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas: “O homem do campo era visto como um coitado porque tinha de ir a São Paulo e Rio de Janeiro para saber das coisas. Isso mudou. O sucesso do agronegócio fez com que o atrasado de ontem se tornasse o globalizado de hoje”. É verdade. O agricultor de soja perdido no interior de Mato Grosso está mais próximo do Primeiro Mundo, a cujas bolsas de mercadorias ele se liga instantaneamente por internet, do que a dona-de-casa que compra uma lata de óleo de soja na prateleira de um supermercado da capital.”

Segunda a reportagem, referindo-se ao ano de 2004, a “riqueza do campo está criando uma classe endinheirada bem longe das porteiras”. E trazia alguns perfis de beneficiados diretos e indiretos pela agricultura.

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Capa de VEJA de 29 de setembro de 2004: a profissionalização do campo (VEJA/VEJA)

“O construtor José Roberto Pereira Alvim notou que o agronegócio fazia surgir uma nova classe média alta nos grandes pólos urbanos do interior. Desde então, passou a construir na região de Ribeirão Preto (SP) prédios residenciais e comerciais, além de condomínios de luxo. Em empreendimentos desse tipo, as casas chegam a custar 3,5 milhões de reais. ‘Ao contrário do que se imagina, o agronegócio não está só nas plantações’, diz Alvim.”

“Amante das duas rodas desde a adolescência, o paulistano Antonio Carlos Campo viu em Rondonópolis, em Mato Grosso, a��oportunidade de ganhar dinheiro com o que mais gostava. Há 23 anos, ele saiu de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, para montar a primeira concessionária Honda na região mato-grossense. Hoje a revendedora administrada por Campo é a que mais comercializa motos no Centro-Oeste. As vendas crescem 15% a cada ano puxadas pela expansão da soja, a principal cultura da região. O sucesso de vendas em Rondonópolis fez da cidade uma espécie de laboratório de desenvolvimento de novos produtos Honda. A razão é simples. Motos não só substituem bicicletas no trabalho dentro de fazendas como também simbolizam status nas áreas urbanas.”

“A empresária Valdirene Marchioro (à esq. na foto) montou há dez anos uma loja de 350 metros quadrados no centro de Sorriso, no Mato Grosso, para atender uma clientela exigente. Blusas básicas podem custar em média 1 800 reais. Suas coleções reúnem marcas que estão na moda em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Num ambiente que mistura amizade e negócios, Valdirene reúne as clientes para tomar chá, café ou chimarrão — uma tradição entre os sulistas que povoaram acidade. A cada dois ou três dias, novas peças dividem espaço nas araras da loja. Confortáveis, os provadores, com até 3 metros quadrados, têm sofás. Algumas clientes cativas chegam a gastar 20 000 reais em uma única compra. Certos cuidados são essenciais numa cidade de 35 000 habitantes onde quase todos se conhecem. ‘Tenho apenas uma peça de cada modelo e cada cor. Ninguém quer encontrar uma amiga com roupa igual’, diz Valdirene.”

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Confira a reportagem de 2004 na íntegra.

Em dezembro de 1993, VEJA mostrou a retomada do setor “sem o dinheiro estatal barato e as facilidades que irrigavam as lavouras do passado”. O economista André Pessoa explicava a nova era: “Os produtores estão capitalizados e investindo com dinheiro do próprio bolso”.

E prosseguia a reportagem de 24 anos atrás: “Os números do plantio da nova safra mostram que a agricultura brasileira é mais forte do que se imaginava. Durante muito tempo acreditou-se que produzir alimentos era uma atividade necessária, porém incapaz de dar lucros e subsistir sem ajuda do governo. (…) O problema é que, no Brasil, o subsídio, em vez de incentivar a produção, frequentemente serviu para premiar a ineficiência e a corrupção. (…) ‘Acabou a época do desperdício e do amadorismo’, diz o gaúcho Armando Chaves Garcia, dono de 30 000 hectares de terras no Rio Grande do Sul e no Uruguai, nos quais produz 13 000 toneladas de arroz e mais 3 000 toneladas de soja. ‘Agora, quem depender de banco e não produzir com lucro quebra’.”

A matéria, apesar do otimismo de um setor que havia se reinventado sem os subsídios estatais, trazia ainda um radiografia do agronegócio em 1993. “O aumento da produtividade e a retomada dos investimentos não significam que o Brasil se converteu numa fazenda modelo. O índice de mecanização agrícola no Brasil é ainda muito baixo. Há um trator para cada 93 hectares. Nos Estados Unidos, a proporção é de um trator para cada 40 hectares. Além disso, estima-se que um quinto da produção obtida no campo seja desperdiçado nos armazéns e no transporte, uma tragédia que joga no lixo 9 bilhões de dólares por ano. Essa é uma das razões pelas quais o aumento da produtividade e a queda nos preços dos produtos vendidos pelos agricultores ainda estão longe de virar uma boa notícia nas feiras livres e nos supermercados.”

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Leia a matéria na íntegra clicando aqui.

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