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Votação pífia imporá moderação a Bachelet; 74% dos eleitores chilenos não votaram nela; 58% não votaram em ninguém!

Podem sentar, que acho que Michele Bachelet, a presidente eleita do Chile (já governou o país entre 2006 e 2010) será mansa. A Concertación — parceria entre o Partido Socialista e a Democracia-Cristã — governou o país de 1990 a 2010. E não mexeu em muitos dos marcos institucionais que herdou do regime Pinochet. O […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h48 - Publicado em 16 dez 2013, 05h59

Podem sentar, que acho que Michele Bachelet, a presidente eleita do Chile (já governou o país entre 2006 e 2010) será mansa. A Concertación — parceria entre o Partido Socialista e a Democracia-Cristã — governou o país de 1990 a 2010. E não mexeu em muitos dos marcos institucionais que herdou do regime Pinochet. O país tem, sim, algumas correções a fazer, mas é um dos mais arrumados da América Latina. Desta feita, a Concertación resolveu abrigar também o Partido Comunista, formando a tal “Nova Maioria”, e o discurso de Bachelet foi mais para a esquerda. Ocorre que…

 Ocorre que a votação de Bachelet, na verdade, foi pífia, embora eleita em segundo turno com 62,16% dos votos. Ao contrário do que sugere a porcentagem, no entanto, isso é muito pouco. O voto no Chile não é obrigatório — o que, diga-se, é o certo numa democracia. Voto obrigatório como temos aqui, no Brasil, é uma excrescência, coisa de jecas. Apenas 41,95% dos 13.573.143 de eleitores chilenos compareceram para votar. Bachelet obteve, portanto, 62,16% dos votos entre os 5.694.291 que foram às urnas. Assim, meus caros, ela teve pouco mais de 3,5 milhões de votos daqueles quase 14 milhões que poderiam ter comparecido. Ou seja: contou com a adesão de 26% do eleitorado chileno.

Quase 75% dos eleitores chilenos, portanto, não escolheram o seu nome. Não estou pondo em dúvida a sua legitimidade, é bom que fique claro. Essas são as regras do jogo, com as quais todos concordam. Portanto, ela será a presidente legítima do Chile. Mas alguém que chega ao poder com o endosso de pouco mais de um quarto do eleitorado sabe que tem limites.

É bem verdade que os mais de 58% que não compareceram ao pleito também não se interessaram por sua adversária, Evelyn Matthei, da direita. Ocorre que Evelyn não estará no poder, e Bachelet, sim.

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A presidente eleita já governou a país entre 2006 e 2010. O mandato é de quatro anos, sem reeleição consecutiva. Desta feita, seu discurso foi mais radical do que da primeira vez, mas não creio que vá forçar a mão. Ela terá, sim, uma maioria no Congresso, mas bastante apertada. A Nova Maioria, coligação pela qual venceu a disputa, tem apenas 20 dos 38 senadores e 57 dos 120 deputados. Parece muita coisa, mas não para o sistema chileno.

Para reformar a Constituição, é preciso ter um mínimo de 80 deputados e 25 senadores; para fazer uma reforma eleitoral, 72 deputados e 23 senadores. A exigência tem se mostrado sábia. Ainda que o Chile tenha muitas distorções a corrigir, o país tem sido um dos mais estáveis da América Latina e um dos que mais crescem. Há uma grande pressão por uma reforma do sistema educacional, por exemplo, que foi bastante explorada na campanha. Os números do Congresso e agora o das urnas sugerem que a Bachelet mais radical da campanha tenderá a ceder àquela mais moderada que já presidiu o país.

Até porque, na chamada coalizão de centro-esquerda que a sustenta, há também os democrata-cristãos, que estão longe de ser radicais. Bachelet prometeu reformar a Constituição. Como a gente vê, não será uma tarefa tão fácil. A história chilena é a prova viva de que soluções cartoriais, sem a adesão da maioria do povo, só conduzem à crise. A tragédia do governo Allende também serve de advertência às esquerdas sobre o que não fazer.

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