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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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USP – REPÓRTER DEIXA UM PETISTA À SUA DIREITA!!!

Vai alta a madrugada. Tive aqui um ataque de riso. Como costuma acontecer sempre que escreve, quem me diverte é Laura Capriglione, repórter da Folha. Ela foi entrevistar o advogado e professor emérito da USP Dalmo de Abreu Dallari sobre o que chama, erradamente, “greve da USP”. Dallari é uma espécie de “progressista de plantão”, crítico […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h28 - Publicado em 12 jun 2009, 07h47

Vai alta a madrugada. Tive aqui um ataque de riso. Como costuma acontecer sempre que escreve, quem me diverte é Laura Capriglione, repórter da Folha. Ela foi entrevistar o advogado e professor emérito da USP Dalmo de Abreu Dallari sobre o que chama, erradamente, “greve da USP”. Dallari é uma espécie de “progressista de plantão”, crítico contumaz dos tucanos etc. Mas não é idiota. Reproduzo a entrevista em vermelho, comentando os trechos em azul.
*
Professor emérito da Faculdade de Direito da USP, Dalmo de Abreu Dallari, 77, é nome sempre associado às causas de esquerda na universidade. Em 1981, foi candidato a reitor em nome da Associação dos Docentes da USP, da Associação dos Servidores e do Diretório Central dos Estudantes. Ganhou no voto direto, perdeu quando a eleição passou pelas instâncias formais da universidade. Hoje, está divorciado das entidades que o apoiaram. Critica a “violência” dos protestos de agora, apóia a entrada da PM no campus e a reitora.
Sentiram o tom, não é? Dallari estaria “divorciado das entidades que o apoiaram”, como se estivesse praticando uma espécie de traição. A função de um professor, de um intelectual, não é mais pensar, mas ser fiel a causas… Laura parece ser. Naquele distante 1981 de que fala, ela pertencia, como eu até 1980, a um corrente trotskista de extrema esquerda que estava na direção do DCE. À entrevista:

FOLHA – O que deu errado na terça?
DALMO DALLARI – Há um conjunto de erros. Em primeiro lugar, a maneira como estão sendo postas as reivindicações. Há um excesso de temas -tem a reivindicação salarial, a questão do ensino a distância, a readmissão de um funcionário demitido. São coisas completamente diferentes e cuja decisão depende de órgãos diferentes.
É preciso reduzir essa pauta a um temário coerente. Além disso, não posso admitir a prática de violência física contra a universidade, um patrimônio público. Fiquei indignado quando vi as fotografias de funcionários e alunos arrebentando a universidade. Essas pessoas não gostam da USP.

FOLHA – Elas dizem que é a reitora que não gosta.
DALLARI – Essas pessoas têm um radicalismo fora de moda.
Querem impor a adesão ao movimento por intermédio dos piquetes. É natural que quem reivindica procure obter adesão. Mas isso deve ser feito pelo convencimento. E não cerceando os direitos dos professores, funcionários e alunos que querem atividades normais. Não posso reivindicar o meu direito agredindo o dos outros.
Epa! Até agora, não tinha visto a acusação de que a reitora não gosta da USP. A avaliação parece ser da repórter… Ademais, Dallari opõe fatos que indicam o desamor pela universidade: agressão ao patrimônio. Quais seriam os que evidenciam o desapreço da reitora? A entrevista começa a deixar a repórter nervosa. Vejam que coisa: Dallari é de esquerda; eu, dizem, sou de direita. A argumentação dele não é diferente do que vocês leram neste blog

FOLHA – É chamando a polícia que se resolve isso?
DALLARI – É claro que a presença da polícia no campus não é desejável. Mas isso é muito diferente da polícia que invadiu o campus na ditadura militar. A polícia naquela época impedia o exercício do direito de expressão, de reunião, de reivindicação. Era uma polícia arbitrária e violenta por natureza. Mas agora o que aconteceu é que a PM compareceu para fazer cumprir uma determinação judicial, visando à proteção do patrimônio público. E acho que a reitora agiu corretamente quando solicitou essa proteção.
Laura Capriglione deveria escrever um artigo dizendo quem deve ser chamado quando um grupo resolve desrespeitar, de modo organizado e violento, a Constituição. Quem deve ser chamado, minha senhora? Se Laura sai à rua e é permanentemente molestada por um bando de vândalos, o que ela deve fazer? Sentar para negociar? Acho que ela telefona para a polícia. Não! Eu tenho certeza de que ela faz isso. Alguém de esquerda disse, finalmente, a coisa certa sobre a presença da polícia no campus. Será que, a partir de agora, os repórteres que se tornaram porta-vozes de bandoleiros vão parar de afirmar cretinices? Ademais, a polícia não substitui a negociação, como Laura faz crer. Ninguém apela à PM em vez de conversar. A polícia está ali para coibir o vandalismo.

FOLHA – Mas a polícia acabou jogando bomba em estudante contra a greve. Está certo isso?
DALLARI – A história está cheia de exemplos em que a polícia acaba se excedendo. Mas houve situações de um grupo de manifestantes cercando a polícia. É fácil de imaginar o temor dos policiais de serem agredidos, humilhados. Isso acabou precipitando ações violentas da polícia, também condenáveis.
Quantas foram, de fato, num universo de 80 mil alunos, aqueles contrários à greve que sofreram por causa da ação policial? Laura toma a exceção — e os baderneiros já são uma exceção — como regra.

FOLHA – As entidades alegam que a reitora fugiu do diálogo…
DALLARI – Eu, se fosse reitor, também não compareceria a uma reunião com esse tipo de radicalismo, até com risco de agressões físicas.
Vocês notaram que, até agora, e não acontecerá até o fim da entrevista, ela não fez uma só pergunta reproduzindo o ponto de vista da reitora? Todas as suas questões reproduzem a opinião dos baderneiros. Ademais, a direção da USP já deixou claro em que circunstâncias conversa: que cesse a bagunça.

FOLHA – E agora, o que fazer?
DALLARI – É preciso definir uma pauta coerente de reivindicações. A reitora poderia designar uma comissão de membros do Conselho Universitário, com representantes de professores, estudantes e funcionários, que de maneira civilizada e coerente discutiria sem radicalismos.

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FOLHA – E quanto à PM no campus?
DALLARI – Do jeito que as coisas estão, acho que pura e simplesmente retirar a polícia é temerário. É preciso manter a polícia e abrir a negociação.
Nada a opor à fala de Dallari. Corretíssima! Mesmo com a “PM no campus”, como quer Laura, estudantes, professores e funcionários que querem trabalhar são permanentemente molestados.

FOLHA – As três entidades exigem a demissão da reitora…
DALLARI – Isso é um absurdo. Seria desmoralizante para a própria USP. A reitora foi legalmente escolhida. Está no exercício das suas funções. Nunca foi alvo de acusações de corrupção. É preciso respeitá-la.
Chegamos ao ponto, senhores leitores, em que o jornalismo está sob a influência de um pensamento que consegue estar à esquerda das alas moderadas do PT. E são eles que estão vitaminando a desordem na Universidade de São Paulo, promovida por celerados.

Lembro que, quando houve a invasão da reitoria, em 2007, um grupo de estudantes e professores fez uma passeata no campus contra a ocupação. Laura os ridicularizou. Escrevi a respeito aqui. Fez o mesmo, em agosto daquele ano, com uma passeata contra o governo Lula (aqui). Acabará sendo eleita a tia postiça dos Remelentos e das Mafaldinhas da ultra-esquerda. A USP tem uma lendária “Tia da Greve”. Laura anda acaba tomando o lugar da mulher. 

Olgária
Aí alguém dirá: “Ah, ta de má vontade com ela. Ela fez uma entrevista de cada lado: um professor contra e outro a favor”. É verdade. A favor da greve e pedindo a saída da reitora está ninguém menos do que Olgária Matos, a terceira das Parcas das esquerdistas da USP. As outras duas são Marilena Chaui e Maria Victoria Ditabranda Benevides. Como Olgária é apresentada? Assim:
“A filósofa Olgária Matos é professora titular daquela que é considerada a faculdade vermelha da USP, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Aposentou-se em 2003, mas acompanha atentamente a vida da instituição, na qual ingressou como estudante no ano anterior à promulgação do AI-5, em plena ditadura militar. Considera que “a reitora não tem mais condições políticas de se manter no cargo”, mas teme que, de novo, “se derrube o tirano sem tocar nas razões da tirania”. Abaixo, trechos da entrevista concedida ontem.”

Viram? Essa não traiu ninguém…

Olgária também diz o que deu errado na terça-feira. Segurem-se aí na cadeira:

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“É inadmissível que uma manifestação pacífica de estudantes e funcionários tenha de se enfrentar com a polícia dentro do campus universitário. Os manifestantes podiam até ter objetivos criticáveis -ou não-, mas, desde a Academia de Platão até as universidades modernas, esse recinto é o único preservado da violência policial porque é definido como o local que luta contra a violência, contra a barbárie. É o local em que se produz conhecimento, especulações, ciência. O local que faz parte do repertório da humanidade para se humanizar. Então não é o lugar que comporte a ocupação policial contra uma manifestação de estudantes desarmados.“

Entenderam? Esta senhora chama constrangimento ilegal, barricadas, ameaças físicas e quebra-quebra de “manifestação pacífica de estudantes e funcionários”. Digam-me: por acaso a polícia entrou na  USP para impedir “conhecimento, especulações e ciência”? Mais: estava lá por determinação da Justiça.

Infelizmente, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP é vítima permanente desse tipo de vigarice intelectual. Enquanto for refém dessa gente, continuará a ser o patinho feio da universidade. Tornou-se um madraçal da esquerda mais doidivanas. Até os petistas que têm algum juízo querem distância dos malucos. Alguém já ouviu falar sobre crise na Faculdade de Economia ou na Engenharia?

Referindo-me, certa feita, ao pensamento de Olgária, escrevi aqui: “Eu a considero uma espécie de vendedora de adornos e bugigangas falsificadas da Escola de Frankfurt, uma Rua 25 de Março do Pensamento.” Alguém reclamou: “Pô, pegou pesado, não exagera”. Pois é… Eis aí. Nunca será o suficiente.

De resto, observo: em greve, 0,7% da universidade. Trabalhando e estudando, 99,3%. Minoria tem todo o direito de existir como minoria. Mas não pode impor na marra a sua vontade à maioria.

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