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TV pública e estado democrático

Pedir a um petista que faça a distinção entre instituições e uma peça de mortadela numa vitrine de frios é exigir algo que está além de suas possibilidades. Respondo a alguns ataques botocudos. É claro que uma TV pública — ou privada — pode entrevistar alguém como Mano Brown. Se deve entrevistar, é outra coisa: […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h22 - Publicado em 25 set 2007, 19h32
Pedir a um petista que faça a distinção entre instituições e uma peça de mortadela numa vitrine de frios é exigir algo que está além de suas possibilidades.

Respondo a alguns ataques botocudos. É claro que uma TV pública — ou privada — pode entrevistar alguém como Mano Brown. Se deve entrevistar, é outra coisa: já diz respeito a escolhas. Mas pode. A questão é indagar: essa TV pública, que é dona de um discurso, comporta-se como? No fim do programa, Paulo Markun, pressentindo que a noite tinha sido desastrosa, afirmou que o caráter do Roda Viva é entrevistar pessoas, ainda que se possa discordar do que elas dizem.

Markun está errado. E também não diz toda a verdade. Não creio que o Roda Viva pudesse chamar um líder fascista para dar uma entrevista, ainda que ele fosse popular. E ATENÇÃO, MARKUN: ACHO QUE VOCÊ NÃO DEVE CHAMAR MESMO. E, se chamar, tem de encostar o cara contra a parede. Como você, diga-se, encostou certa feita o general Newton Cruz, lembra-se? Acho que você fez bem.

Podemos entrar num longo debate sobre a chamada neutralidade ou ponto de equilíbrio do estado democrático — em que, atenção!, nem tudo é permitido. Longe disso! A TV pública, e também a privada, tem de estar ancorada na lei. E sua voz tem de se fazer ouvir se o entrevistado atravessa os limites do que é aceitável. Quando menos, ele tem de ser contestado. Tudo o que não se fez ontem. Afirmar que “traficante” é “comerciante” e que, se um tem de estar na cadeia, é preciso prender também o dono da Ambev, é coisa de delinqüente. Que Brown fale o que quiser e arque com as conseqüências. O problema está no silêncio cúmplice dos jornalistas e da direção da casa.

Vejam lá os absurdos ditos por Mano Brown. Se Markun o convidou, Markun tem de botar limites no rapaz. Convidado, ele fala o que bem entender, mas a instituição, então, tem de se fazer presente. E o que ela vai expressar? Um ponto de vista contrário ao de Mano Brown? Não necessariamente! O ponto de vista da democracia que a suporta e que garante a sua existência.

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Ademais, há um problema no Roda Viva: ninguém pode chamar a atenção do apresentador Markun porque, em princípio, ele deve obediência ao diretor do programa, que é o próprio Markun; que, por sua vez, responde ao comando da TV Cultura, cujo chefe é Markun — que só presta contas ao Conselho da Fundação Padre Anchieta, presidido por Markun.

A autocracia faz mal. Inclusive ao próprio Markun.

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