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TRISTE: Povo falta a encontro. Lição: rede social não é vida real

Manifestação em favor da Lava Jato e contra o Congresso é caracterizada por um insucesso histórico. O óbvio se lembrou de acontecer, como sempre

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 26 mar 2017, 19h00 - Publicado em 26 mar 2017, 16h58

Bem, não dá para ignorar o óbvio: a baixa adesão às manifestações deste dia 26 surpreendeu até aqueles que, a exemplo deste escriba, eram os mais pessimistas. Como sabem os leitores, fui contra o ato desde o primeiro momento, afirmei que ajudava a levar água para o moinho das esquerdas e apanhei muito nas redes sociais por isso.

Por falar em “redes”, mais uma vez, a realidade dá uma lição que muitos se negarão a aprender — até porque quem sabe muito pouco costuma não ter sede de conhecimento, já que é o aprender que estabelece uma nova fronteira da ignorância, certo? Que lição é essa? Há uma diferença nada desprezível entre mundo real e mundo virtual.

Antes que volte às manifestações, uma lembrança. Consultem os arquivos. O meu primeiro grande choque com grupos de viés direitista se deu com a Primavera Árabe. Chamei, desde o início, de “Inverno Árabe” — depois a sacada virou até um clichê da crítica. Tirei sarro da expressão “Revolução do Facebook”. No caso do Egito, dizia, é a “revolução da Irmandade Muçulmana”, que é bem mais antiga, e o que se tinha era um movimento reacionário, não revolucionário. Certa feita cheguei a manter um debate até ríspido a respeito do assunto no clube Hebraica, em São Paulo.

Percebi, infelizmente, que parte da simpatia pela dita “Primavera Árabe” era só anti-islamismo. E, bem, os incautos não se davam conta de que se estava diante de um recrudescimento do Islã. Não há muito a fazer com os que se negam a aprender.

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Ninguém é dono do povo
Como poderia dizer o Marx de “O 18 Brumário”, convém que as pessoas não confundam a própria pantomima pessoal com a história da humanidade, não é mesmo? E não afirmo isso apenas em relação aos outros. Prego-me essa lição todos os dias para que eu mesmo não confunda o meu desejo com os fatos; os meus anseios com a realidade; a minha eventual vaidade com a matemática. Nossos antipetistas deveriam ler “O 18 Brumário”. Nossos antipetistas deveriam ler. Não precisa nem de objeto direto. Sim, teoria faz falta. É claro que as parteiras, as práticas, são úteis e podem salvar vidas. Mas nunca ninguém pensou em criar uma maternidade só para elas. Acho que nem o PT chegou a tanto.

Não foram os movimentos de rua, o Facebook, o Reinaldo Azevedo, a Jovem Pan, a Folha, a Globo, outros ditos formadores de opinião que se querem ainda mais influentes que levaram milhões às ruas em defesa do impeachment. Foi a certeza, ancorada nos fatos, de que um partido conduzia o processo de assalto aos cofres e à legalidade. Foi a brutal crise econômica decorrente dos desastres do lulo-petismo. O Facebook e os outros elementos todos, eu inclusive, fomos apenas passageiros, eventualmente mensageiros, de uma insatisfação que estava viva nas pessoas. Olhavam para o seu futuro e não viam nada, como um piloto perdido numa nuvem, sem visibilidade e sem instrumentos de voo.

Grande catástrofe
Aí veio a grande catástrofe. A Lava Jato, com Rodrigo Janot no comando, disse ao Brasil que aquela centralidade do PT no esquema criminosa era falsa. Todos eram culpados igualmente. Para recorrer a expressão que já empreguei aqui, “partidos, políticos e pecados” seriam iguais, com uma distribuição fraternal e igualitária de culpas. Não sobrou alternativa que não a pura e simples militância de grupos políticos que se dizem contra a política.

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Daí decorre uma pauta que não tem saída, na medida em que rejeita, por princípio, o possível e não diz como é que se alcança o impossível. O caso do fundo público é exemplar. Nas ruas, os gatos-pingados protestaram contra o dito-cujo. Mas qual seria a alternativa? Não há. Há flagrantes estupefacientes de descolamento entre candidatos a líderes e aqueles que seriam os liderados. Ainda tratarei deles.

Se não Marx, a Bíblia ao menos. Houve uma hora em que o povo começou a desconfiar se Moisés sabia mesmo o que estava fazendo. Deu em bezerro de ouro, não é? Em falso ídolo. Mas, naquele caso, Deus — ainda que aquele irascível! — estava no comando. E as coisas se arranjaram. Desta vez, parece que o demônio da prepotência e da intransigência quis testar seus limites.

E o povo faltou ao encontro.

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