Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Teori e o avião: sigilo na investigação é praxe. E erro!

Embora juiz não tenha inovado, é claro que a decisão é inoportuna porque alimenta teorias malucas

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 2 fev 2017, 13h39 - Publicado em 23 jan 2017, 20h35

O juiz Raffaele Felice Pirro, da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis, decretou o sigilo sobre a investigação das causas que levaram à queda do avião em que estava o ministro Teori Zavascki.

Comecemos pelo óbvio: esse sigilo é obrigatório, é previsto em lei? Resposta: não! A Justiça é que decide.

Segunda pergunta óbvia: estamos diante de uma exceção ou de um evento corriqueiro? Resposta: de um evento corriqueiro quando há acidente aéreo. A prática corrente é decretar o sigilo.

Pois é… Uma das virtudes de haver juízes, e não máquinas, para tomar decisões é a ponderação, nos limites da lei, segundo a necessidade, o contexto e os bens que precisam ser protegidos — sendo o primeiro desses bens nada menos do que “a verdade”.

Vamos ver. Ninguém vai querer saber se o juiz fez ou não o que se costuma fazer. Se há sigilo, infere-se então, é porque há algo de estranho, que estariam tentando esconder.

O clima está tão viciado que a Aeronáutica teve de vir a público para dizer óbvio: era mentirosa a história de que um controlador de voo, filiado ao PT, teria dado instruções falsas ao piloto do avião que transportava Teori, induzindo-o à queda. Mais: tal controlador seria um sargento da Aeronáutica, que teria sido preso em seguida, mas libertado em razão de uma habeas corpus dado por Ricardo Lewandowski.

Continua após a publicidade

Tudo de uma mentira escancarada!

Há tolos para todos os gostos. Essa é apenas uma das teorias em curso. Há outras, claro!

Ora, quem ajuda a alimentar esses cretinismos? Com a devida vênia, colabora com esse clima o presidente do Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cláudio Lamachia. Quando ele diz que a ministra Cármen Lúcia tem de assumir para si a tarefa de homologar a delação da Odebrecht – e sugere que deve fazê-lo já –, está dizendo: “Ninguém mais naquele tribunal é digno de confiança”.

Colabora com esse clima, e também lamento profundamente, o juiz Sergio Moro. Quando diz a interlocutores que “nem tudo está perdido com a morte de Teori”, está, na prática, dizendo que “quase tudo está perdido”.

Sim, senhores! Direito também é linguagem. A vida é linguagem, disse o poeta. “Nem tudo” é a parte que falta ao “quase tudo”. É a soma do “nem tudo” com o “quase tudo” que forma a inteireza.

Continua após a publicidade

Ora, por que, então, não lista as perdas irreparáveis — refiro-me ao processo, não ao prejuízo, este sim irreversível, para familiares e amigos de Teori?

É impressionante que algumas vozes que se querem muito sérias defendam, abertamente, que se ignorem dispositivos legais para, então, fazer justiça…

Volto ao ponto
Ora, nesse ambiente contaminado, a decretação do sigilo da investigação, ainda que praxe, atua contra o interesse da sociedade porque serve apenas para alimentar a especulação de que se tenta ganhar tempo para manipular o resultado.

É uma decisão infeliz.

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.