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Suspensão do WhatsApp – Juiz decide punir os brasileiros sob o pretexto de punir empresa

Uma Justiça que pune 200 milhões de brasileiros com o intuito de fazer justiça então não é justa, mas bastarda

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h51 - Publicado em 2 Maio 2016, 17h06

Uma Justiça que pune 200 milhões de brasileiros com o intuito de fazer justiça então não é justa, mas bastarda. O WhatsApp está fora do ar por vontade do juiz Marcel Montalvão, da comarca de Lagarto (SE), e vale por 72 horas. Os milhões de brasileiros, assim, são apresentados à comarca de Lagarto, ao juiz Montalvão e ficam sabendo que foram punidos. O aplicativo teria se negado a fornecer informações numa investigação sobre uma quadrilha de tráfico de drogas.

O juiz da comarca de Lagarto já foi notícia mundial uma vez. Vai ser de novo. Desse jeito, acaba um dos 100 homens mais influentes da lista da “Time”. É o mesmo que justificou, em março, a prisão de Diego Dzodan, vice-presidente do Facebook, empresa dona do WhatsApp, para a América Latina.

Olhem aqui: o doutor acha que a empresa não está colaborando? Que recorra, por exemplo, à multa. Nesse caso, sim, ele pune, então, quem estaria se negando a colaborar. Que sentido faz punir os usuários? É como se o Metrô deixasse de cumprir uma determinação judicial, e um juiz determinasse a suspensão do serviço. É o fim da picada. O mundo está rindo da nossa cara, santo Deus!

A decisão do juiz foi tomada no dia 16. É claro que as operadoras de telefonia poderiam ter recorrido à Justiça. Seja porque cochilaram, seja porque travam um braço de ferro com WhatsApp por razões comerciais, nada fizeram. Não recorreram a tempo da decisão.

A decisão é vergonhosa e caracteriza uma óbvia agressão ao direito à informação e, se quiserem saber, à liberdade de expressão. Muita gente hoje usa esse aplicativo para trabalhar. Não se trata de mero divertimento.

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Numa democracia, direitos não são suprimidos assim, do nada, por vontade de uma autoridade. Decisão da Justiça se cumpre, claro!, mas também se discute, ou, então, viveremos sob a tirania dos juízes. Imaginem se cada um resolver impor a sua leitura do mundo ao conjunto dos brasileiros.

Espero que associações de cidadãos entrem com mandado de segurança coletivo na Justiça de Sergipe; que o Ministério Público encaminhe uma petição à Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça; que partidos políticos entrem com um ADPF no Supremo (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) contra essa decisão esdrúxula.

O país não pode ser vítima desses surtos de mandonismo, sob o pretexto de se fazer justiça. Eu, você, nós todos, que seguimos a lei, que cumprimos as determinações judiciais, que pagamos os impostos, que nos comportamos segundo as regras da civilidade, por que havemos de ser os verdadeiros punidos?

Isso é um despropósito! Ao tomar uma decisão, uma das primeiras demandas na qual um juiz tem de pensar é a da razoabilidade. Então cabe a pergunta óbvia: é razoável punir milhões de cidadãos, que usam o WhatsApp hoje também para trabalhar, porque a empresa que responde pelo aplicativo deixou de cumprir uma determinação judicial?

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A vida moderna tem suas injunções e vai gerando necessidades. Milhões de pais e mães usam o aplicativo para, por exemplo, falar com seus filhos, organizar a sua rotina doméstica, agendar suas tarefas.

É evidente que juiz Montalvão exorbitou de sua competência e de suas funções.

Uma Justiça que pune inocentes é injusta. Por definição. E tem de ser repudiada.

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