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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Site da Nike permitia camisetas personalizadas hostis às oposições, mas não a Dilma e ao PT. Empresa, até agora, não deu explicação convincente

Recebi ontem à noite este vídeo. Prestem atenção! Imediatamente, tentei repetir a simulação que ali é feita. Já não era mais possível. Àquela altura, não tinha como ter a certeza de que se tratasse, realmente, do site da Nike, embora tudo indicasse que sim. Deixei para a hoje a confirmação. Está confirmado, como se lê […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h30 - Publicado em 11 jul 2014, 16h39

Recebi ontem à noite este vídeo. Prestem atenção!

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=Z_Znx9UYxoI%5D

Imediatamente, tentei repetir a simulação que ali é feita. Já não era mais possível. Àquela altura, não tinha como ter a certeza de que se tratasse, realmente, do site da Nike, embora tudo indicasse que sim. Deixei para a hoje a confirmação. Está confirmado, como se lê em texto abaixo, publicado no Globo Online. Leiam. Volto em seguida.

A fornecedora de material esportivo da Seleção Brasileira, Nike, vetou a venda de camisas personalizadas com as palavras PT, Dilma Rousseff, Lula e mensalão. Contudo, até quinta-feira, era permitido personalizar dizeres com os nomes dos candidatos da oposição Aécio Neves e Eduardo Campos.

A restrição foi divulgada pelo usuários Twitter @CarlinhosTroll que tentou escrever “FORA DILMA” e “MENSALÃO” com o número 13 — usado pelo PT — e foi vetado pelo sistema. Contudo, era permitido comprar uma camisa personalizada com a expressão “FORA AÉCIO” e “FORA PSDB” até a quinta-feira. Qualquer frase contendo a sigla “CBF” também era barrada pelo sistema da personalização.

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Após a viralização de um vídeo na internet mostrando a contradição, o nome do candidato tucano à Presidência da República e do PSDB também foram vetados. Na manhã desta sexta-feira, o GLOBO tentou personalizar uma camisa, mas o sistema não abriu a opção. Procurada, a fornecedora de material esportivo informou em nota que “não é filiada a nenhum partido político, não só no Brasil como no mundo todo”. Informou ainda que “o sistema do website nike.com, como descrito na própria página, não permite customizações com palavras que possam conter qualquer cunho religioso, político, racista ou mesmo palavrões”, e que “sistema é atualizado periodicamente visando cobrir o maior número de palavras possíveis que se encaixem nesta regra”.

Voltei
Ok. É evidente que a Nike não é filiada a nenhum partido político, como diz a nota. Empresas não se filiam a partidos no Brasil — e, até onde sei, nas democracias mundo afora.

A resposta da empresa é amplamente insuficiente. Existe um programa por trás da ferramenta que permitia a personalização das camisetas. E ele permitia “Fora Aécio” e “Fora PSDB”, mas não “Fora Dilma” e “Fora PT”. Isso quer dizer que alguém programou para que as palavras “Fora” e “PT” não pudessem compor uma unidade, mas não viu nada demais em compatibilizar “Fora” e “PSDB”, por exemplo, o mesmo valendo para Campos.

Diz a empresa que “o sistema do website nike.com, como descrito na própria página, “não permite customizações com palavras que possam conter qualquer cunho religioso, político, racista ou mesmo palavrões”. Isso é que está escrito lá. Mas o fato é que permitia mensagens hostis à oposição, mas não ao governismo. Quando há uma flagrante contradição entre o princípio anunciado e a prática, alguma explicação tem de ser dada, não?

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A questão é, aparentemente, irrelevante. Só aparentemente. Faz parte do processo de construção da hegemonia partidária, que busca a uniformização da opinião e a ditadura do partido único, a naturalização da discriminação de quem pensa diferente do partido que se pretende majoritário. No site da Nike, alguém achou que era natural e conforme os princípios vetar as palavras “Fora Dilma”, mas que não havia impedimento nenhum no “Fora Aécio”.

A resposta da Nike me lembra a que recebi, certa feita, de uma empresa de alimentos. Sou alérgico a gergelim — alergia do tipo que mata mesmo! Consumi um pão de forma certa feita e fui parar no hospital. Nos ingredientes, não constava a existência do dito-cujo. Não havia nem mesmo aquele “este produto pode conter resquícios de…”. Nada!  A empresa insistia em me dar a seguinte resposta: “Nossos produtos são feitos seguindo as mais rigorosas normas de etc. etc. etc”. Ah, disso, eu já sabia. Eu queria saber a razão da minha crise. Acabaram admitindo que, no processo industrial, o gergelim acabou se imiscuindo no pão que eu consumira. Vale dizer: era mentira que os produtos fossem feitos “segundo as mais rigorosas regras etc. etc. etc.”. Quando menos, as regras não eram rigorosas o bastante para impedir alguém de consumir involuntariamente algo que poderia matá-lo.

A Nike continua a dever uma explicação. Quando menos, está convidada a demonstrar o que há de errado no raciocínio que vai aqui. 

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