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Senhores empreiteiros, mirem-se no exemplo de Kátia Rabello e Marcos Valério

Tão logo Roberto Barroso conceda os perdões judiciais, não haverá mais nenhum político cumprindo pena por causa do mensalão. Faz sentido?

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h27 - Publicado em 25 fev 2016, 23h05

Na década de 80, uma música chatíssima de Chico Buarque chegou a fazer sucesso. Chamava-se “Mulheres de Atenas”. Era para uma peça de Augusto Boal, que deve ser o autor da letra. De modo irônico, as mulheres eram convidadas a se mirar no exemplo de suas congêneres de Atenas, sempre tão solícitas, doces, submissas, sem vontades, entregues aos caprichos de seus  maridos.

Uma notícia desta quinta me leva a fazer um convite aos empreiteiros enrolados com o petrolão: “Mirem-se no exemplo da banqueira Kátia Rabello (Banco Rural) e do publicitário Marcos Valério”. Ela foi condenada, no processo do mensalão, a 16 anos e 8 meses de prisão; ele, a 40 anos, 1 mês e 6 dias, para ser preciso. Guardaram essa informação? Então vamos a outra.

Rodrigo Janot, procurador-geral da República, se manifestou de forma favorável, atenção!, ao PERDÃO JUDICIAL para outras seis pessoas condenadas no escândalo do mensalão — quatro são políticos. Ficariam livres de cumprir o resto de suas penas os seguintes patriotas: Valdemar Costa Neto (PR-SP), Bispo Rodrigues (PR-RJ), Romeu Queiroz (PTB-MG) e Pedro Henry (PP-MT), além de Rogério Tolentino, que é ex-advogado do operador do esquema, e Vinicius Samarane, ligado ao núcleo financeiro.

Ah, sim: o mesmo Janot já se disse favorável ao perdão judicial para Delúbio Soares e João Paulo Cunha. Quem vai decidir é o ministro petizado do Supremo Roberto Barroso, que é o novo relator do mensalão.

Atenção!
Tão logo o senhor Barroso conceda o perdão judicial, não haverá mais nenhum político cumprindo pena por causa do mensalão. Dirceu está preso de novo, mas é por causa do petrolão. Sem esse novo enrosco, é provável que estivesse também na lista.

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Então veja que coisa formidável! Dirceu à parte, mas por outra imputação, restarão em cana, por causa do mensalão, a banqueira e o publicitário-operador.

Fica-se, então, com a impressão de que a dupla é que foi peça-chave no escândalo e que o mensalão foi uma urdidura para atender a interesses financeiros. É como se o mensalão não tivesse sido uma maquinaria política para assaltar o estado e a democracia.

Sim, eu sei que os indultos concedidos se encaixarão em critérios previstos em lei e em decreto-padrão assinado por Dilma. Mas os políticos mensaleiros só serão beneficiados porque, obviamente, a condução do processo e a dosimetria das penas acabaram sendo extremamente duras com os empresários e frouxas com os políticos.

Os senhores empreiteiros que se mirem no exemplo das mulheres de Atenas… Ou melhor: no exemplo de Katia Rabello e Marcos Valério.

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Tudo mais constante, num prazo de uns três anos a partir da condenação, não haverá nenhum político em regime fechado por causa do petrolão, mas alguns empreiteiros estarão mofando na cadeia, como se o esquema criminoso que está sendo desvendado não tivesse uma natureza principalmente política.

Os depoimentos de João Santana e de Mônica não deixam dúvida: o objetivo é livrar a cara dos políticos e mandar os empresários para o quinto dos infernos.

As mulheres de Atenas “secavam por seus maridos”… Pergunto aos empresários: vale a pena “secar” por Lula e Dilma?

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