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Ronaldo Caiado: “A oposição não pode tirar o pé do acelerador”

Por Gabriel Castro, na VEJA.com: O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi um dos oposicionistas que mais deram trabalho ao governo durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Agora, eleito para o Senado, o parlamentar diz que, se não mantiver uma militância ativa nas ruas, os partidos de oposição ao PT vão fracassar novamente […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h43 - Publicado em 3 nov 2014, 01h31

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi um dos oposicionistas que mais deram trabalho ao governo durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Agora, eleito para o Senado, o parlamentar diz que, se não mantiver uma militância ativa nas ruas, os partidos de oposição ao PT vão fracassar novamente nas eleições de 2018. Em entrevista ao site de VEJA, Caiado também ataca a proposta de reforma política do PT.

O senhor confia na proposta de reforma política feita pela presidente Dilma com consulta popular?
A presidente Dilma é incapaz de separar o que seria um referendo de um plebiscito. Não se propõe plebiscito em matérias complexas, e sim sobre um tema único: aborto ou porte de armas, por exemplo. Cem por cento das pessoas são a favor da reforma política. Mas, quando você começa a redigir o primeiro parágrafo da reforma, são tantas variantes que, nessa hora, quebra-se a possibilidade de fazer uma consulta à população. Esse é um assunto técnico, para aqueles que se debruçaram sobre o tema. Agora a presidente disse que aceita um referendo também. Pelo menos foi um sinal de honestidade intelectual.

O senhor acredita que o PT quer usar a reforma política para concentrar poder?
O que a presidente está querendo não é uma reforma política. É o que ela queria no decreto dos conselhos populares, que nós derrotamos: cada vez mais diminuir a força do Legislativo, cada vez mais realçar o Executivo pela lei. Esse processo vai se deteriorando porque as forças políticas de oposição não se veem em condições de igualdade para disputar uma campanha eleitoral. Além disso, existe o aparato de militância. O que fizeram com a Petrobras, que era um orgulho nacional, uma referência na pesquisa em termos de exploração de petróleo em águas profundas? Hoje é um cabide de emprego para fazer corrupção. Não é diferente na Eletrobras, nos fundos de pensão, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica e assim sucessivamente. E nos ministérios, que estão transferidos para o controle de alguns partidos.

No segundo governo Lula, o senhor foi relator de uma tentativa infrutífera de reforma política. O que deveria ser prioridade agora?
Eu elegeria como ponto principal o fim da reeleição. Ninguém melhor do que a presidente para agora, que já teve o benefício da reeleição, dizer assim: a partir de hoje eu apoiarei a emenda constitucional que tira o direito de reeleição ao presidente, aos governadores e prefeitos. Dizem: “Mas foi o Fernando Henrique que propôs”. Vamos reconhecer que aquilo que nós erramos nós temos que corrigir. Nós não sabíamos que o processo iria se deteriorar como tal. Na época do Fernando Henrique, não se via o envolvimento da máquina, usar telemarketing para fazer campanha, usar os Correios para distribuir material pra a presidente, não se via comissionado dizer que amanhã, se ele perdesse, você não teria os programas sociais do governo. O fim da reeleição permitiria também mudanças em outras áreas: o número de candidatos, o tempo de rádio e televisão influenciado pela cooptação dos partidos políticos, tipos de financiamento.

O sistema atual é injusto com partidos de oposição?
Sim. É preciso atacar o que está provocando uma deterioração da representatividade e do processo democrático. Nunca se viu tamanho curral eleitoral e tamanho comportamento de coronelismo como você viu nessa eleição. Não sei se os coronéis não eram muito mais complacentes com aqueles que votavam contra do que o PT é hoje. Eles pregam uma tese divisionista: negro contra branco, índio contra produtor, Nordeste contra Sul e Sudeste. É uma loucura.

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O senhor teme que, com a volta de Lula em 2018, o PT possa ficar 24 anos no poder?
Sem dúvida. Sei da nossa responsabilidade. Nós temos que respeitar as normas da democracia, mas eu posso lhe garantir que, se o nosso candidato tivesse sido eleito, o Brasil seria fomentado por eles com milhões de pessoas nas ruas: sem-terra, sem-teto, de qualquer ala de CUT ou desses segmentos que hoje vivem na dependência da estrutura de governo. Tentariam inviabilizar a nova gestão. Então, quando a presidente conclama a unidade, sendo que durante toda a campanha ela pregou o revide, a revanche, o divisionismo, o apartheidsocial, todo o tipo de confronto e não de argumentos, é um negócio deprimente.

O que a oposição pode fazer diferente nos próximos quatro anos?
Nós temos que fazer oposição aqui no plenário da Câmara ou do Senado com preparo, com grandes debates, desmistificando o governo. Mas isso é insuficiente. Nós não podemos perder esse momento de afloramento das pessoas espontaneamente foram para as ruas e espontaneamente declararam apoio ao Aécio Neves. O apoio era a uma ideia. Essa ideia hoje anti-PT é uma ideia real no Brasil. Nós não podemos desativar o processo político nesses quatro anos, senão, não sobreviveremos em 2018. Nossa militância tem de tomar conhecimento da necessidade de estar na discussão político-eleitoral e buscar adesão à tese em que o Brasil pode ter outro modelo de governo: um governo aberto para outros países desenvolvidos do mundo, não ficar com essa política rasteira de Bolívia, Venezuela, Argentina, porque isso só faz deteriorar a nossa imagem. Nesse processo de quatro anos nós não podemos tirar o pé do acelerador. Nós temos que criar uma militância que tenha um preparo intelectual para debater. Não vai ter essa anestesia de hoje até a eleição. A oposição não vai renascer em 2018 às vésperas da eleição.

Antes de ser candidato, Aécio Neves foi criticado por ser um oposicionista pouco incisivo no Senado. Isso ajuda a explicar a derrota?
Sinceramente, cada um tem o seu estilo. Não podemos cobrar nada dele porque ele mostrou uma capacidade ímpar de suportar todos os momentos mais difíceis da campanha e chegou ao segundo turno.

Fala-se em fusão do DEM com o PSDB ou com partidos menores. Isso vai acontecer?
O DEM tem consciência que primeiro nós precisamos tentar buscar aglutinar forças. Existe um ponto que não pode ser discutido: ser oposição ao governo. Não se discute. A partir daí, todas as composições podem ser feitas. Quanto mais nós pulverizarmos os partidos mais nós vamos fazer o jogo do Executivo. Vou ser bem claro: não é que essa tese não esteja sendo pensada. Mas entre pensar e concluir esse processo é complexo. Você sabe as decisões que o TSE deu quando era para atender ao PSD. Depois, quando há uma fusão as pessoas que não concordam podem sair do partido.

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A fusão pode ser inclusive com o PSDB ou apenas com partidos menores, para manter a identidade do DEM?
Esse fato já está resolvido. Nós não teremos nenhuma fusão com o PSDB. Isso é matéria vencida, já.

Quando a fusão deve ocorrer?
Vamos trabalhar isso neste momento. Porque haverá eleição da Mesa Diretora e discussão sobre as comissões. Iniciamos essa conversa na terça-feira e agora estamos a desenvolvendo para saber o que pode ser possível ser levado adiante.

O que o eleitor pode esperar do senhor no Senado?
Estamos vivendo um dos momentos mais delicados da política nacional. Fiquei muito assustado com a maneira como o governo colocou essa campanha na rua, gerando um clima de enfrentamento. Acredito que o Senado Federal terá uma importância para colocar limitadores nessas ações do Executivo, fazer valer as suas prerrogativas ao arguir ministros, diretores das agências reguladoras, saber de que maneira o dinheiro brasileiro está sendo usado nesses empréstimos que são feitos, não admitir esse comportamento de sigilo, como sendo algo de interesse nacional quando o dinheiro é da população brasileira não se pode carimbá-lo de sigiloso. Estarei numa luta frontal para não aceitarmos essa maneira de governar da presidente Dilma. Vou lutar para aumentar o financiamento da saúde. E temos a discussão na área da segurança pública. Meu Estado hoje é o quarto mais violento do Brasil, e a população está toda encarcerada por conta de bandido que está impondo toque de recolher lá em Goiás.

O senhor defende mudanças no Código Penal?
Lógico. Precisamos fazer discussões profundas, assumir a redução da maioridade penal, ampliar três vezes mais a pena do receptador em relação a quem praticou o roubo, porque são esses receptadores que fomentam essa formação dessas quadrilhas e desses assaltos todos que estão sendo praticados hoje. E nós precisamos construir mais penitenciárias no Brasil. Só meu Estado tem 21.000 mandados de prisão que não são cumpridos.

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O senhor foi pré-candidato ao governo de Goiás neste ano, e chegou a cogitar uma candidatura à Presidência da República, como em 1989. Em 2018, o senhor pensa em disputar um cargo no Executivo?
Não seria sincero da minha parte dizer que não almejo um dia disputar um cargo majoritário de governador ou de presidente da República. Mas para isso é preciso se credenciar. Se você não retribui em qualidade ou em resultado para a população e para seu Estado você também não é digno de continuar reivindicando cargo. É com esse espírito que eu faço política. Não tenho outro interesse em outra coisa na minha vida.

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