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Revista “Veja” desmente Cruvinel com três anos de antecedência…

A análise que Tereza Cruvinel faz abaixo é escandalosa. Não que ela não tenha o direito de dizer o que lhe dá na telha. Tem, claro. Tem até o direito de se opor aos fatos, às evidências, à história. E se expõe a críticas, como qualquer um de nós. Esse mesmo grupo que atuou agora […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 23h12 - Publicado em 19 set 2006, 19h46
A análise que Tereza Cruvinel faz abaixo é escandalosa. Não que ela não tenha o direito de dizer o que lhe dá na telha. Tem, claro. Tem até o direito de se opor aos fatos, às evidências, à história. E se expõe a críticas, como qualquer um de nós. Esse mesmo grupo que atuou agora está numa reportagem da revista Veja de 29 de outubro de 2003. Todos da copa e cozinha do Lula. Todos atuando com o seu pleno conhecimento e consentimento. Quem é assinante pode ler o texto, com as devidas ilustrações, clicando aqui. Para quem não é assinante, seguem principais trechos:

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Paz, amor e guerra

(…) A criação do bunker começou no fim de 2001, quando o advogado João Roberto Egydio Piza Fontes, que trabalha para Lula há quase dez anos, teve uma conversa decisiva com o líder petista. Os dois encontraram-se na sede do Instituto Cidadania, em São Paulo. Calejado militante, João Piza, como é conhecido, queria convencer Lula a montar uma célula guerrilheira para atuar em duas funções: protegê-lo das armadilhas de campanhas passadas e, ao mesmo tempo, espalhar minas terrestres no campo dos adversários. Seria um trabalho secreto e pesado. Faltava ainda quase um ano para a convenção do PT que oficializaria o candidato presidencial, mas Lula deu luz verde ao advogado e pediu cautela. “Seja inteligente. Não faça nada de manoel ou joaquim nessa história”, disse. E tudo foi feito como Lula queria.

“Sou advogado, amigo e companheiro de Lula há décadas. Trabalhei, é óbvio, como militante petista para sua eleição”, diz Piza. O bunker guerrilheiro era formado por pessoas da confiança de Lula e sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores. João Piza era o coordenador-geral. Ricardo Berzoini, hoje ministro da Previdência, era o orientador político e, a partir de pesquisas reservadas, instruía o grupo sobre os alvos que mais interessavam atacar. O sindicalista Osvaldo Bargas, velho amigo de Lula, fazia a ligação entre o grupo e o candidato, passando as informações mais relevantes. Outro sindicalista, Carlos Alberto Grana, então secretário-geral da CUT, cuidava da logística do grupo – carros, celulares, passagens, dinheiro. “Há muitos imprevistos que vão aparecendo e que nem sempre a parte oficial da campanha pode enfrentar”, diz Grana. Os encarregados de colher informações que pudessem eventualmente prejudicar os candidatos rivais de Lula eram militantes da base do PT ou aliados acomodados em sindicatos ou movimentos sociais. O grupo trabalhou quase um ano, com QG num escritório na Rua Haddock Lobo, nos Jardins, em São Paulo. No campo de batalha, desencavou denúncias e dossiês, promoveu blefes e acordos sigilosos e lançou petardos certeiros contra Serra, Ciro e Anthony Garotinho.

Janeiro: a defesa – A primeira missão foi no flanco de defesa, quando estourou o escândalo de Santo André. A partir de janeiro de 2002, com o seqüestro e morte do prefeito da cidade, o petista Celso Daniel, as investigações do caso esbarraram num esquema de propina montado na prefeitura e num festival de petistas grampeados. O primeiro alerta chegou ao grupo pelo empresário Antônio Celso Cipriani, da TransBrasil, que contratara os serviços de Piza no processo de falência de sua empresa. “Estão fazendo uma armação contra o PT”, avisou. “Os telefones do Lula e de pessoas próximas a ele estão grampeados.” O grupo saiu a campo em duas frentes: evitar que o escândalo respingasse em cardeais do PT e impedir a divulgação do conteúdo dos grampos. (…)

A tarefa de manter os grampos na toca exigiu mais artimanha. Gilberto Carvalho, ex-secretário da prefeitura de Santo André e um dos grampeados, foi convocado para avaliar o caso. Disse que, se divulgado, o conteúdo dos telefonemas poderia gerar constrangimento, mas não escândalo. “Pode ser que existam coisas complicadas, mas são coisas de política. Não tem nada de corrupção”, garantiu. Ainda assim, não convinha a divulgação. O bunker, então, preparou a estratégia: retirar as fitas das mãos da Polícia Federal e dos promotores paulistas, identificados como excessivamente “tucanos”. Como fazer? Apelou-se ao procurador Luiz Francisco de Souza, usina de denúncias contra tucanos em Brasília. Sabendo que o grampo fora ilegalmente instalado pela polícia, Luiz Francisco acionou a controladoria de atividades policiais do Ministério Público, que intervém nos casos em que há abuso policial. Deu certo. A controladoria acionou a Justiça paulista, que, diante das evidências da ilegalidade da escuta, mandou apreender as quarenta fitas. “Tudo o que fiz foi falar com um procurador do grupo de controle que aquilo parecia armação”, explica Luiz Francisco.

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Maio: a rasteira – Anthony Garotinho, que concorreu pelo PSB, foi o primeiro alvo da soldadesca petista. O advogado João Piza convidou Paulo Costa Leite, candidato a vice de Garotinho, para uma conversa. Tentou convencê-lo a renunciar em favor de Lula, fortalecendo o petista e deixando Garotinho na chuva. (…) Nada aconteceu, porém. Costa Leite foi levado à renúncia com a revelação de que, no passado, pertencera ao SNI, agência de bisbilhotagem do regime militar. E, com isso, era até bom que se mantivesse bem longe de Lula.

Julho: a armadilha – No fim de julho de 2002, a campanha esquentava, o movimento nos bastidores já era intenso e o deputado Ricardo Berzoini chegou com uma notícia extraída de uma pesquisa. “No segundo turno, a gente perde feio para o Ciro”, disse. O bunker petista, então, acionou o sindicalista Wagner Cinchetto, um arquivo vivo das malandragens que precederam a criação da Força Sindical, central de onde vinha Paulo Pereira da Silva, o vice de Ciro. Um ano antes, a guerrilha do PT já usara os serviços de Cinchetto, que apresentou uma série de denúncias sobre as peripécias de Luiz Antonio de Medeiros na Força Sindical. (…)

Em junho, quando Ciro se preparava para lançar seu livro Um Desafio Chamado Brasil, numa livraria em São Paulo, Cinchetto lhe telefonou. De um celular pré-pago, fez um alerta anônimo. “Seu vice é corrupto”, disse. “Nós vamos à porta da livraria distribuir dossiês denunciando isso.” Era blefe, não havia manifestação nenhuma, mas os dossiês existiam. Em julho, era hora de tirá-los do baú e vazá-los à imprensa. Nessa época, Pereira da Silva foi atormentado por denúncias de compra superfaturada e desvio de dinheiro de um fundo público. Em seu trabalho de soldado petista, Cinchetto chegou a planejar um bote mortal. Mandou dizer à turma de Pereira da Silva que, com uma boa grana, silenciaria sobre as denúncias. A idéia era fotografar o ato do pagamento – e denunciar o vice por tentativa de suborno. “Na hora em que ele fosse pagar, a gente fotografava”, rememora Cinchetto. O vice de Ciro, porém, não caiu na armadilha. (…)(…)Um ano depois – O advogado João Piza e seus sócios continuam advogando para Lula, o PT e a CUT. O deputado Ricardo Berzoini virou ministro da Previdência Social. O sindicalista Osvaldo Bargas ganhou o cargo de secretário de relações trabalhistas, no Ministério do Trabalho, em Brasília. O outro sindicalista, Carlos Alberto Grana, continua na CUT e agora representa a entidade num conselho federal que lida com verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador. O sindicalista Wagner Cinchetto presta consultoria informal à CUT. O procurador Luiz Francisco, de Brasília, está de malas prontas para passar um ano em Portugal, onde fará um mestrado. O deputado Luiz Antonio de Medeiros aliou-se ao PT e o pedido de cassação de seu mandato foi arquivado, com o voto favorável dos petistas. Antonio Carlos Magalhães voltou a ser eleito senador pela Bahia e a denúncia pela violação do painel eletrônico, que motivou sua renúncia, foi arquivada. E o juiz João Carlos da Rocha Mattos, da 12ª Vara Federal, ordenou a destruição das quarenta fitas que registram o caso de Santo André.

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