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Religiões

É preciso ler o que está escrito. Não o que a gente pretende que esteja. NÃO ataquei (ver abaixo) indiscriminadamente os pentecostais. De fato, fiz uma distinção entre o “pentecostalismo” e o “neopentecostalismo”, ausente na reportagem da Folha. Embora não seja a minha praia, nada sei, no que concerne à vida civil, que desabone denominações […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h44 - Publicado em 29 jan 2007, 17h49
É preciso ler o que está escrito. Não o que a gente pretende que esteja. NÃO ataquei (ver abaixo) indiscriminadamente os pentecostais. De fato, fiz uma distinção entre o “pentecostalismo” e o “neopentecostalismo”, ausente na reportagem da Folha. Embora não seja a minha praia, nada sei, no que concerne à vida civil, que desabone denominações pentecostais tradicionais, como a Congregação Cristã ou a Assembléia de Deus. O problema não está na crença, ainda que eu a considere, pessoalmente, uma distorção da mensagem cristã — e o mesmo digo do Movimento Carismático, da Igreja Católica. Meu ponto, está claríssimo abaixo, é outro.
Acho absolutamente legítimo que pessoas se reúnam em templos, onde que quer seja, e saúdem o que consideram presença ativa do Espírito Santo em suas vidas, operando milagres. A crença é e deve continuar a ser livre no Brasil, fora do alcance de qualquer intervenção estatal. Se fosse mergulhar em dissensões teológicas, eu lembraria, claro, que a manifestação explícita do Espírito Santo ocorreu uma única vez, aos apóstolos. Não saberia explicar por que acontece todo dia em certos templos, mas vá lá… Cada um na sua.
Se você realmente acredita que seu pastor, seu “apóstolo” ou sua “bispa” — por favor: “episcopisa”!!! — são capazes de intermediar mais milagres num único culto do que Jesus Cristo ao longo de sua vida inteira, problema seu. Acho que é, digamos, falta de senso de proporção. Mas, de novo, você está plenamente amparado pela liberdade.
O que é inaceitável é que seitas NEOPENTECOSTAIS, surgidas à esteira de uma certa Teologia da Prosperidade, cuja profundidade propriamente teológica se esgota num carnê bancário, ganhem do Estado concessões públicas de rádio e TV e fundem partidos políticos. Aliás, sou contra facilidades fiscais e congêneres a qualquer religião, também à Católica. A seriedade de princípios não altera a natureza do Estado laico.
Certas seitas neopentecostais querem continuar a propagar seus milagres fajutos? Que o façam. Mas sem patrocínio oficial. A César o que é de César, entendem? Falei em “milagres fajutos”? Falei. Façam um na minha frente. Eu quero ver. Sou favorável às leis de mercado. Até mesmo o mercado do divino. Mas tirem o Estado dessa equação.

Igreja Católica
Mantenho a crítica à Igreja Católica. Acho que, ao longo do tempo, foi-se tornando excessivamente laica, transformando-se mais num norte moral do que num guia espiritual. E nem sempre de boa moral. Já relatei a vocês: na Missa de Sétimo Dia do meu pai, tive de ouvir uma cascata sobre as desigualdades sociais do Brasil. Numa procissão de Corpus Christi, os padres resolveram fazer um comício em favor do MST e dos povos atingidos por barragens. Isso não é catolicismo. É petismo de batina. Bento 16 tarda a enquadrar os óbvios desmandos da hierarquia católica no Brasil. Um bispo como Dom Tomás Balduíno tem é de ser contratado como marqueteiro do MST. Um padre como Júlio Lancelotti tem mais uma idéia na cabeça do que caridades à mão.
Também rejeito tolices sobre desmandos históricos da Igreja Católica. Nem sempre esteve no bom caminho, é verdade. Mas cumpre não alimentar mistificações. A história de que a Inquisição matou “milhares” (esse “número” já me foi enviado várias vezes é hoje) é uma piada. Não existe um número certo. Mas, ao longo dos séculos, os mortos não chegam a mil. É verdade: não deveria haver um único. O terror jacobino, iluminista e anticlerical, matou muito mais. Os cristãos morreram em muito maior número, nos primeiros tempos do cristianismo e depois, apenas por causa de sua fé.
A história, quando vista de perto, não costuma servir de norte moral. Mas eu aposto sempre no progresso, no avanço da nossa capacidade de entender o mundo a fazer as melhores escolhas. Como demonstrei em recente matéria na Veja sobre a expansão do cristianismo, ele se espalhou no império romano e suplantou a antiga civilização pagã porque distribuía vida e esperança a quem nada tinha, não o contrário. E a força de sua resistência estava na fé, não numa espécie de chantagem com Deus, que é a essência da troca com o divino proposta por certas seitas NEOPENTECOSTAIS. No laxismo brasileiro, prosperam. Em países onde se leva a lei a sério, acabam nos tribunais.

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