Relatório detalha desastres no Iraque
Por James Glanz e T. Christian Miller, do The New York Times. No Estadão:Um relatório federal ainda não publicado sobre a reconstrução do Iraque retrata um esforço já fracassado antes mesmo da invasão por conta do planejamento do Pentágono, feito por funcionários hostis à idéia de reconstruir um país estrangeiro, e depois transformado num equívoco […]
Um relatório federal ainda não publicado sobre a reconstrução do Iraque retrata um esforço já fracassado antes mesmo da invasão por conta do planejamento do Pentágono, feito por funcionários hostis à idéia de reconstruir um país estrangeiro, e depois transformado num equívoco de US$ 100 bilhões.
“Lições Difíceis: A Experiência da Reconstrução do Iraque” conclui que quando a reconstrução começou a atrasar, o Pentágono divulgou medidas exageradas de progresso para encobrir os fracassos. Em certo trecho, por exemplo, o ex-secretário de Estado Colin Powell é citado dizendo que nos meses posteriores à invasão de 2003, o Departamento de Defesa “seguia inventando o número de integrantes das forças de segurança do Iraque” – o número aumentava 20 mil por semana.
Entre as conclusões do relato está a de que cinco anos após ter embarcado no maior projeto de reconstrução estrangeira desde o Plano Marshall na Europa após a 2.ª Guerra, Washington não conseguiu aplicar as medidas necessárias para um programa destas dimensões. Os números relativos à produção industrial e aos serviços básicos revelam que, após todo o dinheiro gasto, o esforço de reconstrução nunca fez muito mais do que restaurar aquilo que foi destruído durante a invasão.
O relatório afirma que até meados de 2008 foram gastos US$ 117 bilhões na reconstrução. O texto traz uma lista de revelações que indicam a atmosfera caótica que permeou o esforço do trabalho. A história conclui que, após a invasão, o governo “jamais desenvolveu uma doutrina e nem uma estrutura legislativamente sancionadas para o planejamento, preparação e execução de operações de contingência nas quais figuram a diplomacia, o desenvolvimento e a ação militar”.
Na véspera da invasão, quando alguns funcionários americanos começaram a se dar conta de que o preço da reconstrução seria muito superior ao que lhes havia sido comunicado, o grau do seu equívoco foi ilustrado por um encontro entre Donald Rumsfeld, então secretário da Defesa, e Jay Garner, general nomeado para chefiar o que seria uma autoridade civil para a reconstrução. O relatório indica que Garner apresentou a Rumsfeld diversos planos de reconstrução, entre eles um que custaria bilhões de dólares, e o secretário respondeu: “Meu caro, se acha que vamos gastar um bilhão de dólares por lá, está muito enganado.” Mas, antes do final daquele ano, os EUA já tinham alocado US$ 20 bilhões para a reconstrução.