Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

QUESTÃO DE PRINCÍPIO – A DEMOCRACIA BRASILEIRA TEM DE SE PROTEGER DE GENTE COMO LULA

Há políticos e governantes que cabem nas instituições, e há os que não cabem. Há os que as consideram instrumentos eficientes para a execução de políticas públicas, e há os que as vêem como empecilhos. Uns fazem a democracia avançar; outros a degradam. É evidente que Lula pertence a essa segunda categoria. “Então as tais […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h53 - Publicado em 6 jul 2010, 17h43

Há políticos e governantes que cabem nas instituições, e há os que não cabem. Há os que as consideram instrumentos eficientes para a execução de políticas públicas, e há os que as vêem como empecilhos. Uns fazem a democracia avançar; outros a degradam. É evidente que Lula pertence a essa segunda categoria.

“Então as tais instituições não mudam nunca? Resta aos políticos se conformar com o molde legal e pronto?” Não! As democracias oferecem o caminho da mudança, de modo que mudar, segundo as regras, corresponde a conservar, entenderam? Um “conservador democrata” está menos preocupado com o “conteúdo” dessa ou daquela proposta — embora ele não seja irrelevante — do que com o procedimento.

Lideranças como Lula, infelizmente, não fazem uma coisa, mas fazem outra — vale dizer: não propõem mudanças no molde legal, segundo a prescrição constitucional, e preferem simplesmente desrespeitar as leis com as quais não concordam e enxovalhar as instituições que lhes pareçam inadequadas. Em vez, pois, de propor as mudanças que consideram necessárias, preferem depredar a ordem. A razão é simples: mudar, conservando as regras, dá trabalho; atuar para degradar as instituições é tarefa bem mais simples — especialmente quando se é um político popular. É por isso que o populismo engana os trouxas.

Lula já foi multado pelo Tribunal Superior Eleitoral seis vezes! É um acinte. E ele não fez um silêncio, assim, algo vexado ou obsequioso. Nada disso! Fez chacota das punições, ameaçou passar o chapéu entre os seus bate-paus, fez pouco do tribunal. Somadas, as multas chegam a R$ 43 mil -menos de 0,03% dos R$ 157 milhões que o PT disse que pretende gastar na eleição. Esse número, obviamente, está subestimado. Imaginem quanto já não se torrou até aqui… Se bem que os gastos petistas, convenham, foram bancados por todos nós.

Lula pode ser multado mais 100 vezes, sem qualquer desdobramento. A rigor, se não quiser, não precisa nem pagar.  E nada vai acontecer. Políticos com esse perfil estão sempre em busca de fissuras no arcabouço legal — não para corrigir as distorções, mas para usá-las a seu favor. O presidente perguntou a si mesmo e perguntou às instituições: “O que acontece se eu mandar a Lei Eleitoral à merda e fizer campanha aberta em favor da minha candidata?”. E alguém lhe respondeu: “O senhor será multado”. Lula riu e subiu no palanque.

Continua após a publicidade

É evidente que, dado esse padrão, ou bem as instituições são protegidas desse tipo de ação nefasta, com a punição exemplar do transgressor, ou bem a democracia desce a ladeira. Em suma: a lei que aí está é ineficaz para coibir os abusos. E, na democracia, se as leis não coíbem abusos, quem, então o fará? Uma reforma política que não se ocupe de pôr freios nos mandatários e de limitar o uso da máquina será mera conversa mole.

Não é só a Lei Eleitoral, não! Lula ataca de modo sistemático todos os organismos encarregados de cobrar transparência do Executivo. Está aí o TCU, seu alvo permanente, que não me deixa mentir. Até o Ministério Público, freqüentemente aliado dos petistas, entrou na sua mira em certos momentos porque, aqui e ali, contrariou seus anseios. Gente como Lula atua como se tivesse de se proteger das instituições. De fato, são as instituições que têm de se proteger de gente como Lula.

Ora, convenham: do exclusivo ponto de vista de Lula, o resultado de suas ações deletérias é extremamente positivo. O seu poste eleitoral se tornou competitivo. Ainda que ele viesse a pagar a multa com o seu próprio dinheiro (risos), o benefício compensaria largamente o desembolso.

A lei que aí está é insuficiente para proteger a legitimidade das eleições. Ela existe para os que consideram a democracia inegociável, não para os que negociam a democracia. As instituições brasileiras precisam se proteger do Lula que há e de eventuais Lulas a haver.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.