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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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#prontofalei! Se ninguém quer, então falo: caso Snowden está sendo superestimado, e jornalista que denuncia “complô” exercita teorias conspiratórias e faz, quando menos, juízos delinquentes sobre os EUA e o terrorismo

Já deixei clara aqui a minha falta de paciência com Edward Snowden, o rapaz que namora uma dançarina de pole dance, o espião com vontade de virar celebridade no Facebook. “O tempora o mores!” Já vi gente com essa profissão desertar para cair no colo do inimigo, revelar que era agente duplo, passar as informações e ficar […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h49 - Publicado em 9 jul 2013, 00h23

Já deixei clara aqui a minha falta de paciência com Edward Snowden, o rapaz que namora uma dançarina de pole dance, o espião com vontade de virar celebridade no Facebook. “O tempora o mores!” Já vi gente com essa profissão desertar para cair no colo do inimigo, revelar que era agente duplo, passar as informações e ficar na moita… Contar tudo porque tomado de pruridos cidadãos? Isso, nunca vi. Mas os tempos andam sensíveis a picaretinhas como esse rapaz. Afinal, a imprensa ocidental acredita em todo mundo que encoste “o imperialismo” contra a parede, certo? Chegou a chamar a Irmandade Muçulmana de “grupo moderado” !!! Se o sujeito não tinha uma bomba amarrada à volta da cintura, então era “moderado”… No texto cujo link vai acima, lembro que o tipinho à-toa ajudou a trazer para o chão a figura de Barack Obama, que muitos pretendiam vagar no éter das boas intenções. Como nunca acreditei nisso, não me escandalizo que os EUA estivessem monitorando as comunicações mundo afora na luta contra o terror.

Como não sou candidato a ser o Príncipe que pretende unificar a Itália, não tendo por que ser temido, também não busco ser amado. Então lá vai: os EUA monitoram quem liga pra quem — que se saiba, nesse caso, não se conhece o conteúdo — mundo afora, especialmente no Ocidente? Que bom!!! Alguém tem de fazer isso. Antes eles do que a China; antes eles do que a Rússia; antes eles do que alguma central do terror.

Dia desses, assistindo a uma reportagem de TV, a moça, com aquele ar indignado a que a ignorância sempre confere convicção, observou que, a despeito de tanto monitoramento, o serviço secreto americano não conseguiu impedir o atentado terrorista de Boston. É uma raciocínio estúpido. A eficiência de um monitoramento não se mede pelos atentados que ocorrem, mas por aqueles que não ocorrem. E parte do serviço de segurança consiste justamente em omitir essas informações para não gerar pânico e garantir a segurança de algumas operações. Mesmo assim, alguns casos vieram a público. Já se impediu um facínora, por exemplo, que levava um dispositivo explosivo no salto do sapato, de explodir um avião. Quantos ataques o monitoramento já evitou no país que teve o 11 de Setembro e mundo afora? Ninguém jamais saberá.

As autoridades brasileiras estão tomadas de pruridos nacionalistas; falam em violação da soberania nacional… É. Nada como um escorregão dos grandes para que os pequenos fiquem cheios de razão. É claro que há aí um exagero, e os EUA tentam se explicar. É evidente que o Brasil tem de fazer cobranças e tal, mas é bem possível que o grande número se supostas ocorrências em nosso país se deva ao fato de que essa é uma área de trânsito de dados. De toda sorte, se houver gente em certas áreas do país recebendo um número considerável de ligações do Irã ou do Sul do Líbano, por exemplo, dominado pelo Hezbollah, prefiro que os EUA saibam… Ou vocês acham que devemos deixar isso para José Eduardo Cardozo, o Garboso? O Brasil nem tem uma lei para punir o terrorismo. O PT não deixa que seja votada. Facínoras já foram presos e já foram soltos por aqui.

Teorias conspiratórias
O caso da dita espionagem foi denunciando por Glenn Greenwald, jornalista americano, correspondente do jornal inglês The Guardian, que mora no Brasil, onde tem visto permanente em razão da união estável com um brasileiro. O Globo já contou essa história. O texto começa assim: “A história de amor entre Glenn Greenwald, um americano colunista do jornal inglês ‘The Guardian’, e um jovem brasileiro oriundo da favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, lembra um conto de fadas”. Se quiserem saber mais do conto de fadas, cliquem ali. Volto à realidade.

Greenwald concedeu uma longa entrevista ao Fantástico neste fim de semana, vejo na Internet. Num dado momento, ele afirma:
“É um pouco irônico, porque o problema foi que eles [o governo americano] tiveram informação demais, e eles não podem conectar essa informação. Porque eles não conseguiram ler todas as coisas. Você tem bilhões de e-mails todos os dias, como eles estão gravando agora. É impossível saber exatamente o que você está coletando. E, para mim, é muito claro que o objetivo não é para impedir o terrorismo, mas para aumentar o poder de governo americano.”

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Releiam se for o caso. Se Greenwald repetir isso em sua língua pátria, continuará sem sentido. Então ele mesmo reconhece que são bilhões de mensagens, que os próprios americanos têm dificuldades para processar tudo, que chega a ser impossível saber o que está sendo coletado, mas ele tem uma certeza, saída sabe-se lá de onde: NÃO É PARA COMBATER O TERRORISMO, MAS PARA AUMENTAR O PODER DO GOVERNO AMERICANO. Poder sobre o quê? Sobre quem? Com qual propósito? Qual é a hipótese deste senhor? Não estranhem haver americanos fanaticamente antiamericanos. Também nessa matéria, poucos conseguem superá-los. Se tiverem dúvidas, perguntem a um intelectual que se quer refinado, como Noam Chomsky, ou a um delinquente que se sabe delinquente, como Michael Moore…

Delinquência intelectual filoterrorista
Sem dúvida, Greenwald deu um furo mundial ao trazer à ribalta o namorado da dançarina. Mas eu não confio nos seus juízos de valor. De jeito nenhum! Quando ocorreram os atentados de Boston, este senhor escreveu o seguinte lixo em seu jornal:

“Independentemente de seu ponto de vista sobre a justificativa e a intenção [dos atos terroristas]; qualquer que seja a raiva que você esteja sentindo do autor do ataque a Boston, essa é a justificável raiva que as pessoas sentem dos EUA mundo afora por estes matarem inocentes em seus respectivos países. Qualquer que seja a tristeza que você sinta por causa das vítimas de ontem, o mesmo nível de tristeza é devido às pessoas inocentes cujas vidas chegaram ao fim por causa das bombas americanas. Por mais profunda que você reconheça ser a perda sofrida pelos pais e familiares das vítimas, é a mesma perda experimentada pelas vítimas da violência dos EUA. É natural que não se sinta isso tão intensamente quando as vítimas estão longe e são quase invisíveis, mas sentir essas mesmas coisas em relação aos atos de agressão dos EUA corresponderia a percorrer um longo caminho que leva a uma melhor compreensão do que eles são e dos resultados que produzem”.

Retomo
Sabem o que é particularmente asqueroso nesse texto? Os atentados foram praticados no dia 15 de abril deste ano. No dia 16. Greenwald já apontava o dedo para os culpados: no caso, as vítimas!!! Esse é o mesmíssimo raciocínio que faz a Al Qaeda e todos aqueles que justificam atos terroristas.

A realidade se encarregou de provar a estupidez de Greenwald. Os atentados foram cometidos pelos irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, de origem chechena. Os EUA nunca se meteram por lá. O grande algoz da Chechênia é a Rússia, onde hoje, muito provavelmente, Edward Snowden, o herói do jornalista do Guardian, está refugiado, à espera de um país que lhe dê guarida.

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Os juízos um pouco perturbados de Greenwald sobre a política externa americana estão sendo omitidos do público, e se está dando corda a suas conjecturas conspiratórias. Nem poderia ser diferente: ele reúne um verdadeiro coquetel de clichês do heroísmo politicamente correto: é americano, mas crítico feroz dos EUA; é um gay com educação refinada, mas casado com “jovem” da comunidade do Jacarezinho; não apoia, claro!, atos terroristas, mas considera que eles são, no fim das contas, uma reação às ações dos americanos mundo afora.

“O que isso tem a ver com a reportagem dele?” Estou expondo o ambiente intelectual em que essas coisas se produzem e ganham vulto. É uma obrigação intelectual fazê-lo. De resto, mesmo as informações que ele colheu não o habilitam a afirmar que o “objetivo do monitoramento não é impedir o terrorismo, mas aumentar o poder do governo americano”. É mero chute de quem ataca os EUA no dia seguinte a um atentado terrorista contra os… EUA”.

 Snowden e Greenwald podem ser os heróis de muita gente. Não são os meus.

#prontofalei!

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