Pronto! O vandalismo já reivindica de novo a condição de vítima
Vejam o mapa acima. O círculo azul marca o lugar em que um homem de 22 anos foi baleado pela Polícia Militar no sábado à noite. O balãozinho vermelho indica a Santa Casa, onde ele está internado. Você entenderão por que abro o post com essa imagem. Pronto! Tudo como o diabo gosta. Vocês viram […]
Vejam o mapa acima. O círculo azul marca o lugar em que um homem de 22 anos foi baleado pela Polícia Militar no sábado à noite. O balãozinho vermelho indica a Santa Casa, onde ele está internado. Você entenderão por que abro o post com essa imagem.
Pronto! Tudo como o diabo gosta. Vocês viram a baderna promovida no Centro de São Paulo no sábado, não? Entre outras delicadezas, agências bancárias, lojas e ônibus depredados e um veículo particular incendiado. Atenção, meus caros! Os ditos “manifestantes” jogaram um colchão em chamas contra um Fusca com quatro pessoas dentro, inclusive uma criança. Tiveram de sair correndo para não morrer torrados. Sabem como é… Os vândalos querem mudar o mundo e têm pressa. Um pouco mais tarde, depois de uma perseguição policial, um rapaz de 22 anos foi baleado por PMs. Ele está internado em estado grave. A Corregedoria investiga a ação policial. Infelizmente, quase não se encontra na imprensa censura à ação dos baderneiros, mas a polícia já começou a apanhar.
Uma câmera de segurança registrou a ação. Não fosse ela, a esta altura, os policiais já estariam sendo massacrados antes de qualquer apuração. O Fantástico levou ao ar as imagens (clique aqui para assistir).
Dá para ver dois PMs perseguindo Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves, este é o nome do rapaz. De repente, Fabrício para e se volta contra os policiais. Um deles cai, e o jovem, então, se joga em cima dele. Levou dois tiros. É um bom desdobramento? É evidente que não! Mas não resta a menor dúvida de que ele decidiu enfrentar os PMs. Qualquer polícia do mundo — no Brasil, na Suíça ou no Cafundó do Judas, atira em circunstâncias assim.
Segundo os policiais, Fabrício já tinha sido abordado e, na revista de sua mochila, foi encontrado um artefato explosivo. Ele conseguiu fugir. Ao tentar contê-lo, um PM teve o braço torcido. Na sequência, segundo essa versão, o rapaz investiu com um estilete contra os PMs. Teve início a perseguição, com os desdobramentos conhecidos.
É claro que se deve apurar tudo direito para saber se as coisas se deram mesmo assim. Uma coisa, no entanto, a câmera evidencia com clareza: disposição para o confronto, Fabrício, sem dúvida, tinha. Quando ele para, não faz o que seria o normal nesses casos: render-se — hipótese em que se deve erguer as mãos ou pô-las na cabeça. É um gesto universal. Nada disso! Ele parte para cima de um dos policiais.
Socorro
Há ainda uma tentativa de crucificar os policiais porque eles levaram o rapaz ao hospital. Com a devida vênia, é um absurdo! Há, de fato, uma portaria da Secretaria de Segurança Pública — da qual sou crítico — que impede a PM de prestar socorro. É obrigada a esperar o Samu. Ocorre que, segundo testemunhas, depois de meia hora, a ambulância ainda não havia chegado. Como ele perdia muito sangue — um ferimento no tórax e outro na virilha —, os policiais o encaminharam ao hospital da Santa Casa. Atenção, leitor, volte ao mapa.
Entre o local da ocorrência e o hospital, deve haver uns 200 metros, se tanto. Se o estado do rapaz é mesmo grave — e tudo indica que sim —, a demora no socorro poderia significar a sua morte. Será que os policiais merecem ser crucificados também por isso?
Vejam o filme. É importante. O Estadão Online traz isto aqui (em vermelho):
Um morador da região que não quis se identificar disse que estava chegando em casa quando presenciou a ação. ‘Eram três policias descendo a rua correndo atrás do menino. Depois dos tiros, o rapaz saiu cambaleando e um policial ainda deu um empurrão nele em cima da árvore’, relatou. Uma poça de sangue se formou em frente a um dos prédios da Rua Sabará, mas neste domingo só havia rastros de sangue no canteiro em que Chaves ficou esperando para ser socorrido.
Encerro
Não era um menino, mas um homem de 22 anos, que estava resistindo à polícia. Observem que o relato do morador — que não quer se identificar — ignora o momento em que Fabrício para e se volta contra os policiais. Entre as imagens e o “relato de alguém que não quer se identificar”, parece que o razoável é escolher a câmera. E fica aqui a minha dúvida: será que, em casos dessa natureza, o “relato” de um anônimo deve ser reproduzido sem uma apuração mínima? Imaginem se a câmera não estivesse lá…