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Política é fácil; leitor precisa de manual de instrução para entender é a cobertura jornalística

Coitado do leitor! Anda a precisar de uma manual de instrução para entender não exatamente a política, mas o jornalismo. Se ele lê a Folha, será informado de que o tucano José Serra foi ao Palácio dos Bandeirantes dizer a Geraldo Alckmin que ele, Serra, não é o mentor da debandada tucana rumo ao PSD […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 12h05 - Publicado em 5 Maio 2011, 06h41

Coitado do leitor! Anda a precisar de uma manual de instrução para entender não exatamente a política, mas o jornalismo.

Se ele lê a Folha, será informado de que o tucano José Serra foi ao Palácio dos Bandeirantes dizer a Geraldo Alckmin que ele, Serra, não é o mentor da debandada tucana rumo ao PSD de Gilberto Kassab.

Mas por que ele seria?

Ora, a suposição é a de que isso é parte de sua luta contra Aécio Neves para ser o candidato do PSDB à Presidência. Se não der no tucanato, então tentaria o PSD…

Mas o leitor também tem acesso às reportagens do Estadão, em especial as de Christiane Samarco. Aí ele fica sabendo outra coisa.
1 – Quem está se aproximado no PSD, na verdade, é Aécio Neves —  é uma reportagem, como se diz em linguagem de mercado, com viés de alta para Aécio —, estimulado por Jorge Bornhausen. Bem, o pobre leitor tinha, até então, que o PSD era parte da suposta tramóia de Serra — embora se dissesse que também era parte da tramóia de Dilma. Acho que foi no Estadão que li que o senador mineiro foi a São Paulo no 1º de Maio para demonstrar apoio a Alckmin, descontente com a migração de tucanos para o PSD.

2 – O próprio Jorge Bornhausen, que auxilia Kassab na criação do novo partido, teria estimulado Aécio a se aproximar do prefeito de São Paulo.

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O corolário, então, é mais ou menos o seguinte: Serra é suspeito de estimular a criação do PSD — razão por que teria ido se explicar a Alckmin —, mas Aécio, muito ligeiro, já lhe teria tomado essa vantagem. Um interlocutor de Christiane, cujo nome não é citado, teria presenciado dois encontros de Aécio com Bornhausen e notado o bom humor do mineiro, que passou a seguinte avaliação  à jornalista: “Não por generosidade, mas por inteligência política”. Favor não deixar que o entusiasmo da fonte contamine a isenção jornalística.

Da soma geral — e, por isso, o leitor precisa de um manual de instrução para entender o jornalismo —-, tem-se que Aécio se aliou a Alckmin porque, afinal, Serra seria o mentor do PSD, mas quem, por “inteligência política”, teria se enamorado do PSD seria, mesmo Aécio. Entenderam?

Christiane se arrisca ainda num texto analítico em que ficamos sabendo que a crise do PSDB “expõe a solidão de Serra”. Sim, ele estaria só. Ela vai provando por quê:
1 – Seus aliados, que saíram para criar o PSD, perderam o controle do DEM, hoje comandado por aecistas. Certo! Não se pergunta com qual ativo ficaram os vitoriosos do DEM.
2 – a segunda derrota de Serra teria vindo quando Kassab decidiu criar o novo partido — aquele mesmo que seria obra de Serra; assim, um mesmo fato evidencia sua vitória e sua derrota;
3 – Christiane vai mais longe: segundo aliados, Serra não teria tentado evitar a criação da nova legenda — embora ela, por si, já fosse expressão de sua derrota, compreendem?;
4 – outra derrota de Serra teria se dado na montagem do diretório municipal, razão por que seis vereadores deixaram a sigla. Mas se pergunte: a debandada faz parte dos planos maquiavélicos de Serra, razão por que ele teria de se explicar, ou é mais um evidência de sua solidão?

Em outro texto, Christiane escreve:
“O desafio do tucanato hoje é acomodar Serra na estrutura partidária, sem colocá-lo em posição de comando que reforce um projeto presidencial nem tampouco deixá-lo sem poder a ponto de produzir outra crise (…)”. Isso está num texto informativo, não de análise.

Entende-se, já que as palavras fazem sentido, que, de um lado, está “o tucanato” e, de outro, está Serra — que, então, “tucanato” não é, certo? Como ele está sozinho no partido, então é preciso ver onde colocar o solitário: aqui, ali, acolá, como um criado-mudo. O tucanato quebra a cabeça. O que não fica claro — se Christiane tiver a resposta, publico com prazer ou lerei com prazer nas páginas de informação do Estadão — é por que o partido precisa se preocupar tanto com alguém que, sozinho, hoje só parece atrapalhar. Ora, se não tem aliados no partido, que  o deixem de lado, certo?

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Ah, sim: ela também diz que próceres do PSD de Kassab já avisaram que “o tucano não cabe na sigla”. Qual sigla? Aquela que teria levado Serra a se explicar com Alckmin, deixando claro que não é ele o mentor.

O leitor de vários jornais e portais será levado a concluir que Serra inventou um novo partido que não o quer!

Se um dia Serra saísse, ou vier a sair, do PSDB, quero ver como alguns tucanos farão para ser notícia. Será preciso tirar coelho de cartola, plantar bananeira, declamar “batatinha quando nasce”…

Se estiver com preguiça de consultar um manual de instrução, leitor, faça o seguinte: recorte ou imprima tudo isso e guarde. Volte a ler daqui a quatro anos.

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