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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Planalto dá como certo que protesto do dia 15 de março será gigante; por enquanto, a ordem dada ao PT é evitar o confronto com manifestantes. Um pouco de juízo não faz mal a ninguém!

O petismo acompanha com lupa a convocação nas redes sociais para os protestos em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, marcados para o dia 15 de março em várias cidades do país. O Planalto já dá como certo que haverá, sim, grandes manifestações, especialmente em São Paulo e Rio. Os mais pessimistas preveem que […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h04 - Publicado em 23 fev 2015, 05h45

O petismo acompanha com lupa a convocação nas redes sociais para os protestos em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, marcados para o dia 15 de março em várias cidades do país. O Planalto já dá como certo que haverá, sim, grandes manifestações, especialmente em São Paulo e Rio. Os mais pessimistas preveem que os atos possam levar até um milhão de pessoas às ruas Brasil afora. Dilma está perplexa, mas ainda não perdeu de todo o juízo, apesar da entrevista concedida na sexta-feira. Em princípio, o governo dirá que a democracia comporta manifestações de descontentamento e coisa e tal.

Caberá ao PT acusar de “golpistas” os promotores do evento. Intramuros, os petistas admitem que estão perdendo a guerra nas redes sociais e constatam que seus tradicionais propagandistas na subimprensa, reunidos sob a alcunha de “blogs sujos” — todos financiados, direta ou indiretamente, por dinheiro público —, perderam influência. Algumas páginas são hoje bastante comentadas, sim, mas porque viraram motivo de chacota. São tomadas por aquilo que são: uma caricatura de jornalismo.

Na raiz de tudo, está, é evidente, a corrupção da Petrobras. Eis um caso que pegou. E que continuará na lista de insultos ao povo brasileiro até que os responsáveis sejam punidos. O que preocupa os magos do governo é que a fase do desgaste propriamente político ainda vai começar. Mesmo que surjam nomes da oposição no rolo, como adiantou a um advogado de empreiteira o ministro José Eduardo Cardozo, o PT e o governo continuarão a ocupar o centro do palco.

O partido chegou a pensar, sim, em fazer a contramanifestação, no melhor estilo das milícias chavistas, tentando disputar espaço com os que vão às ruas cobrar o impeachment de Dilma, mas desistiu. Prevaleceu, o que não costuma ser regra por lá, o bom senso: o comando do partido percebeu que poucos estariam dispostos a fazer uma marcha que poderia se confundir com a apologia da impunidade e do crime.

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Gente do próprio entorno de Dilma desestimulou a contramarcha. Alertou-se para o risco de confronto, o que, fatalmente, elevaria a temperatura da crise, que, até agora ao menos, não chegou às ruas de forma mais evidente. O partido não descarta manifestações de apoio à governanta, mas não no mesmo dia em que milhares podem ir à praça expressar seu descontentamento com o partido.

E por que os planaltinos fazem uma previsão tão pessimista para o governo? Uma fonte do Palácio diz que eles aprenderam algumas lições com as manifestações de 2013. Embora o motivo original fosse a precariedade do transporte público, outras demandas se juntaram, outros descontentamentos foram se somando. E, convenham, a realidade, então, era bem outra, bem mais favorável a Dilma.

O país crescia mais, a inflação era menor, não se conheciam os descalabros da Petrobras, e, atenção!, 84% (segundo o Datafolha) diziam que a gestão Dilma era ótima ou boa. Hoje, depois de tudo, apenas 23% afirmam a mesma coisa — espantosos 61 pontos a menos. O país começa a viver, provavelmente, o seu segundo ano de recessão, a inflação estourou o teto da meta, a tarifa de energia elétrica teve um reajuste brutal, os brasileiros não aguentam mais ouvir falar em escândalos, e é evidente que Dilma deu um beiço nos brasileiros na disputa do ano passado. Prometeu alhos e vai entregar bugalhos.

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O que deixa os politicólogos de Dilma aflitos é não enxergar o fio da meada. A presidente deve voltar a viajar, tentando cair no colo das massas — de massas devidamente selecionadas e controladas, claro!, especialmente no Nordeste. Sairá por aí distribuindo algumas casinhas do “Minha Casa Minha Vida”, tentando retomar a agenda positiva. Mas, admite-se por lá, a coisa está difícil.

Resume um interlocutor: “Em 2012, a ideia da faxina foi positiva para o governo; a própria Dilma a explorou. A coisa era diferente. As denúncias vinham sobretudo da imprensa e, na maioria das vezes, não havia muito mais do que se denunciava, e a presidente podia fazer intervenções pontuais e sair ganhando politicamente. Agora, não. Esse negócio da Petrobras virou um saco sem fundo… A única coisa que a gente sabe é que hoje é pior do que ontem e melhor do que amanhã”. E ele admite: “A gente não consegue respirar”.

Bem, convém que não falte ao menos juízo onde faltam talento e competência. Tenham as pessoas a opinião que for sobre o impeachment — já que, suspeito, não ocorre a ninguém contestar o direito à livre manifestação, desde que dentro da lei e da ordem —, a tarefa número um de governantes é atuar para amenizar riscos, não para extremá-los. E, havendo alguém interessado em, digamos, desmobilizar os espíritos, é prudente que aconselhe a presidente a não conceder novas entrevistas como a de sexta-feira. Afinal, não fica bem a própria Dilma ser a principal incitadora de uma manifestação que pede o seu impeachment.

Texto publicado originalmente às 3h15
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