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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Petista cobra para motorista trafegar sobre buracos; Elio Gaspari viu nesse modelo a nova aurora; eu previ que daria errado. Está tudo registrado

Se vocês clicarem aqui e aqui, verão que o “sucesso” do modelo de privatização de estradas do PT, que foi inaugurado com pompa e bumbo pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, é um desastre só. O jeito PT de fazer as coisas compreendeu, numa primeira etapa, a cobrança de pedágio (bem baratinho, porque […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 11h44 - Publicado em 6 jun 2011, 16h03

Se vocês clicarem aqui e aqui, verão que o “sucesso” do modelo de privatização de estradas do PT, que foi inaugurado com pompa e bumbo pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, é um desastre só. O jeito PT de fazer as coisas compreendeu, numa primeira etapa, a cobrança de pedágio (bem baratinho, porque petista é bonzinho), depois o aumento (mas não muito, porque petista é bacana) e, finalmente, a não-feitura das obras. Afinal, como já ensinava Marx, petista quer reformar e ampliar estradas, aeroportos, portos, essas coisas,  mas, vocês sabem, eles atuam segundo condições que não são de sua escolha. A realidade os atrapalha um pouco.

Muita gente reclama quando faço o que vou fazer agora, mas eu não ligo. Os que costumam chiar são os mais fanáticos pelo blog, porque o ódio ainda consegue ser mais dedicado do que o amor, não é mesmo?

Muito bem! No dia 14 de outubro de 2007 — há quase quatro anos! —, quando Dilma lançou o seu “modelo” de privatização, Elio Gaspari, com aquele seu estilo muito característico, anunciou a nova aurora. Aquilo, sim, era amor pelo povo, o resto era coisa de tucano —  este horrível modelo existente em São Paulo, que tem 10 das 10 melhores estradas do país e quase totalidade em condições que vão do “bom” ao “excelente”. E daí? Escreveu então o amigo do povo:

Na tarde de terça-feira concluiu-se no salão da Bolsa de São Paulo um bonito episódio de competência administrativa e de triunfo das regras do capitalismo sobre os interesses da privataria e contubérnios incestuosos de burocratas. Depois de dez anos de idas e vindas, o governo federal leiloou as concessões de sete estradas (2,6 mil km). Para se ter uma medida do tamanho do êxito, um percurso que custaria R$ 10 de acordo com as planilhas dos anos 90, saiu por R$ 2,70. No ano que vem, quando a empresa espanhola OHL começar a cobrar pedágio na Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo, cada 100 quilômetros rodados custarão R$ 1,42. Se o cidadão quiser viajar em direção ao passado, tomará a Dutra, pagando R$ 7,58 pelos mesmos 100 quilômetros. Caso vá para Santos, serão R$ 13,10. Não haverá no mundo disparidade semelhante.Se essa não foi a maior demonstração de competência do governo de Nosso Guia, certamente será lembrada como uma das maiores. Sua história mostra que o Estado brasileiro tem meios para defender a patuléia, desde que esteja interessado nisso. Mostra também que se deve tomar enorme cuidado com o discurso da modernidade de um bom pedaço do empresariado. Nele, não se vende gato por lebre. É gato por gato mesmo.

Voltei
Viram que maravilha? O pedágio das estradas paulistas virou tema da campanha eleitoral de Dilma Rousseff e de Aloizio Mercadante, que disputava o governo de São Paulo. Naquele já longínquo 2007, contestei Gaspari, assim (está
aqui):

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O PT e a ministra Dilma Rousseff não precisam fazer campanha política – quiçá eleitoral – com a privatização das estradas federais. Elio Gaspari faz por eles com muito mais competência e estilo, pondo a serviço dos companheiros o seu estoque de metáforas. Como sabemos, Gaspari resume a política a um conflito entre o andar de cima e o andar de baixo. É assim um Romeu Chap Chap da ideologia. Andou incomodando os petistas aqui e ali, é verdade, mas só o fez porque julgou que, no andar de baixo, estavam fazendo a política do andar de cima. Escreve na Folha e no Globo deste domingo um texto deplorável porque não vai além da propaganda. E, pior, desinforma o leitor.

(…)
Gaspari sabe, mas finge ignorar (prefere falar, como ele costuma dizer, à choldra que também ignora) que o modelo de privatização das estradas paulistas difere do modelo federal. Em São Paulo, elas tiveram de pagar luvas ao estado. As federais saíram de graça. No preço do pedágio está embutido esse pagamento inicial.

O que é um preço abusivo de pedágio? Trafeguei neste sábado pelas exemplares Bandeirantes, Anhangüera, Washington Luiz e SP-225, duplicada e talvez a estrada mais bem-sinalizada do Brasil. Mesmo num sábado pós-feriado, estavam cheias. É caro andar nessas rodovias? Eu, por exemplo, não acho: avalio o que elas me oferecem em segurança; levo em conta as obras de duplicação – ou o novo trecho da Bandeirantes; considero a infra-estrutura que está à disposição dos usuários.

No ano que vem, informa Gaspari, cada 100 quilômetros da Fernão Dias custará R$ 1,42. É verdade. Para o usuário andar no buraco, interrompido, às vezes, pelo asfalto. Quem disse que o modelo de Dilma já deu certo? Há, quando muito, uma expectativa gerada pela propaganda e pelos marqueteiros de ocasião. O consórcio vencedor vai tocar as obras de que a rodovia precisa? Em que velocidade? Não me lembro de nada parecido. Demoniza-se um modelo que, efetivamente, deu certo e se exaltam as glórias de uma escolha cujos resultados podem demorar ainda uma década. Como de hábito nos tempos de Lula, setores da imprensa acabam sendo os maiores aliados da empulhação e da vigarice.

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Isto mesmo: declarar que o modelo de concessão das federais é superior àquele das concessões das rodovias paulistas é empulhação eleitoreira e vigarice intelectual. E a razão é simples: ninguém conhece o modelo federal na prática. Ademais, ainda que o leilão de Dilma venha a se mostrar uma revolução, as circunstâncias das concessões hoje são muito diferentes daquelas do passado.

Ora, bastava a Lula declarar bem-sucedida a sua escolha – ainda que ele não saiba no que vai dar – e pronto. Não! Ele e seu partido resolveram se dedicar a seu esporte predileto: demonizar quem veio antes. E, como se vê, com a ajuda de uma parte da imprensa.

Encerro
Por que esses erros monumentais, vexaminosos mesmo, acontecem? Porque algumas pessoas supõem exercer uma espécie de monopólio de amor pelo povo. Mesmo quando a matemática e a lógica insistem em demonstrar que estão erradas. Se preciso, acusam, então, a matemática e a lógica de “demofóbicas”. O PT disse que o “bom, bonito e barato” era uma categoria superior à realidade. Gaspari concordou.

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